His Dark Materials: Ruth Wilson e James McAvoy falam sobre a complexidade das relações de Lorde Asriel e Sra. Coulter

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His Dark Materials: Ruth Wilson e James McAvoy falam sobre a complexidade das relações de Lorde Asriel e Sra. Coulter

Por Chris Rantin

A terceira temporada de His Dark Materials: As Fronteiras do Universo está chegando ao fim, trazendo a conclusão épica para a história de Lyra e Will e da grande guerra contra a Autoridade. No centro disso tudo temos Lorde Asriel e Sra. Coulter, figuras complexas que ganharam ainda mais destaque nesta última temporada e que, segundo os atores James McAvoy e Ruth Wilson, amadureceram bastante nos episódios finais. 

Em nome da Legião dos Heróis, participei de uma mesa-redonda com os dois atores. Em uma conversa tranquila, McAvoy e Wilson avaliaram a maneira que Asriel e Coulter cresceram nesta temporada final, como a relação deles com Lyra mudou e, principalmente, as nuances e complexidades dos dois antagonistas anti-heroicos da série. 

Para Wilson, um dos principais arcos da sua personagem é lidar com o fato de que Lyra não é mais uma criança. 

“Ela, enquanto mãe, finalmente consegue ficar com Lyra, mas então se dá conta de que precisa deixá-la ir. E isso é o que todos os pais precisam fazer com seus filhos em algum momento, deixá-los ir e deixá-los ter sua própria identidade e serem adultos. E eu acho que parte do que motiva a Sra. Coulter a sequestrar Lyra e mantê-la presa é uma tentativa de impedir que ela cresça e a deixe. Foi isso que eu interpretei nessas cenas,” disse. “Mas sim, ela tem que deixar sua filha ir embora e se tornar uma mulher. E isso é, de certa forma, meio que de partir o coração.” 

McAvoy concorda com sua colega, reforçando que um tema muito recorrente em toda a obra é a ideia de controle e autoridade. 

“Um dos temas presente nos livros e na série, que se repete às vezes em uma pequena escala, às vezes de uma forma muito pessoal e às vezes em uma grande escala, é a ideia de uma figura de autoridade benevolente que controla tudo, tentando prender e controlar aquilo que ela meio que ama. Isso se repete entre os pais [de Lyra], as instituições religiosas e com a Autoridade. E é um tema que continua sendo repetido de novo e de novo, e em quase todas as situações, é sempre sobre aquilo que é bastante clichê: se você ama alguma coisa, você tem que deixá-la ir. Sabe?”

Contudo, segundo Wilson, a ideia de ver Lyra crescendo assusta bastante a Sra. Coulter especialmente pelas questões ligadas à sexualidade e ao pecado. 

“A Sra. Coulter identifica esse florescer sexual que essa criança está prestes a entrar. E isso é um campo assustador e pecaminoso para ela. Eu acho que ela identifica isso e, é claro, tem toda a relação com o pecado original e a figura que ela representa [com a profecia de Eva]. Mas eu acho que a Sra. Coulter tem uma escolha nesse momento de prender sua filha ou deixá-la ir e explorar isso.”

Asriel e Coulter possuem uma relação bastante difícil

Falando sobre o relacionamento complexo entre Asriel e Coulter, McAvoy comentou sobre como ele acredita que o romance dos dois é baseado em ego e frustração. 

“Eu acho que o momento mais emocionante para mim foi chegar até o cerne do Asriel, que é seu ego, motivado pelo amor e a paixão que ele tem pela Sra. Coulter. E a frustração que ela faz ele sentir porque ela consegue jogar este jogo e não fazer aquilo que ele deseja,” explicou. “Ele não consegue fazer essa mulher obedecê-lo e isso o quebra. E isso foi muito divertido de interpretar e brincar com esse ego, masculinidade e megalomania.” 

 

“Tivemos algumas cenas brilhantes juntos,” completa Wilson. “Então era tipo, como é o choque entre esses dois egos? E como eles são? E onde eles se encontram em um nível pessoal? E como eles estão diferentes da primeira temporada? Nós meio que viajamos através desses pontos nesta temporada para realmente mostrar esses lados diferentes deles. E foi realmente muito divertido adicionar essas nuances. Tivemos cenas incríveis. Então tudo isso foi muito bom de interpretar nesta temporada.” 

Contudo, para Wilson, o momento mais emocionante da sua personagem não tem relação com Asriel, sendo o desenvolvimento da sua relação com seu Daemon, o macaco dourado. 

“Nós passamos por uma longa jornada nessa temporada e eu acho que o momento mais emocionante pra mim foi uma cena profunda entre os dois. Mas isso foi muito emocionante porque nós criamos a base para isso desde a primeira temporada, quando descobrimos quem a Sra. Coulter realmente é. Então a dinâmica entre os dois é realmente rica. E eu estava constantemente explorando isso com Brian, que interpreta o meu macaco [controlando a marionete utilizada nas filmagens], para que realmente tivéssemos algo bem desenvolvido e bem marcado até o fim. E isso realmente é trabalhado nesta terceira temporada.” 

Ao longo das temporadas, a relação de Coulter com o macaco foi muito bem desenvolvida.

Ela continua:

“Por causa dos livros, eu sempre soube que a chave [para a Sra. Coulter] era o macaco e sua relação com ele. Então eu sabia, desde a primeira temporada, quando você vê ela sendo bem violenta com o macaco, que eles atuam como se fossem uma dupla, mas ela não gosta de estar sozinha com ele. É cruel. É nojento. É algo de autodesprezo que vemos ali entre eles,” explica. “Então eu sabia como fazer essa jornada através das três temporadas. E eu sabia que na segunda temporada ela teria que ser ainda mais violenta com o macaco e consigo mesma para podermos chegar na terceira. Então eu me diverti muito trabalhando com os roteiristas, com o Brian e com todo mundo para entender como essa jornada deveria ser e como podemos fazê-la crescer. 

De acordo com a atriz, Coulter é tão interessante por causa da maneira que Pullman a escreveu, trazendo inúmeras camadas de complexidade para a personagem:

“[Nesta temporada] entendemos que as intenções dela mudaram. Tipo, ela está fazendo coisas ruins agora, mas é por um bom motivo. Antes era apenas maldade. Então eu acho que a parte divertida foi trabalhar isso. Ela é infinitamente complexa e interessante, então nunca parecia algo cansativo, repetitivo ou entediante. Sempre havia mais coisas para se encontrar nela.”

E aí, prontos para assistir a conclusão dessa história? Os episódios da terceira temporada de His Dark Materials: Fronteiras do Universo já estão disponíveis na HBO Max.

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