O que são os EVAs, os robôs gigantes de Evangelion?
O que são os EVAs, os robôs gigantes de Evangelion?
Saiba mais sobre o bizarro mundo de Evangelion
Neon Genesis Evangelion ficou conhecido por seus pilotos ousados e seus robôs gigantes, os EVAs. Mas como a história de Hideaki Anno não perde uma oportunidade de explorar a simbologia e a filosofia de seus elementos, existe mais nessas máquinas gigantescas do que podemos ver à princípio.
“Podemos presumir que o corpo do Shinji perdeu o limite do ego e está flutuando no plug de entrada em estado quântico”, explicam no episódio “Forma da mente, forma do homem”. A substância LCL, que simula o líquido amniótico e conecta as funções neurais entre piloto e EVA, se tornou algo similar à água dos oceanos da Terra na Era Primitiva. “Logo, salvar o Shinji significa reconstruir o seu corpo e prender sua psique dentro dele”.
Com esse breve diálogo, já se percebe que EVAs não são simplesmente máquinas gigantes construídas com o intuito de destruir seres alienígenas. Desde uma alegoria para maternidade até uma construção que debate identidade, indivíduo e individualidade, os robôs de Evangelion escondem muita coisa.
Como funcionam os EVA?
Unidade 1 em modo berseck
Nos EVAs, os pilotos são inseridos na nuca do “robô” através de um plug de entrada, possibilitando a conexão neural. No centro de pesquisa da NERV, eles monitoram os estágios de conexão. Primeiramente, enchem o plug com LCL, o líquido que não possui um significado para sua sigla, mas é capaz de direcionar oxigênio diretamente para o sangue da pessoa que está mergulhado nele.
A bateria é inserida e há uma checagem nos circuitos. O segundo contato consiste na conexão neural. Checam os níveis de LCL, configuram o sistema de transmissão e observam a taxa de sincronização. É então que o EVA é enviado para a superfície, pronto para a batalha. É importante saber que sua bateria é apenas para emergências. Assim, o “robô” está sempre conectado a um cabo de alimentação, e caso ele seja retirado, pode permanecer apenas 5 minutos em funcionamento.
O que são os EVA?
Lilith, utilizada para dar vida a Rei e a Unidade-01
Esse detalhe, porém, não significa muito para o anime. Mesmo se tratando de uma máquina, os EVAs não são completamente mecânicos. No segundo episódio da série, após Shinji perder a luta contra um anjo e desmaiar, descobrimos a partir de flashbacks que a situação saiu fora do controle.
No meio da batalha, a máquina passa a funcionar sozinha. Sem um piloto operando, a Unidade-01 se deixa levar, destruindo o campo AT do anjo e buscando alcançar e quebrar o núcleo da criatura. No processo, ele regenera seu braço e em uma cena aterrorizante para Shinji, um novo olho surge no lugar do antigo, encarando a criança diretamente. Nesse momento, tão cedo da trama, descobrimos que há algo orgânico e consciente, em algum nível, nas unidades.
O que parece uma armadura, na verdade é uma contenção, a solução para mantê-los nessa forma humanóide. Isso porque eles foram criados a partir da semente do primeiro anjo, Adão. Ou, pelo menos, quase todos. A Unidade-01 é a única feita a partir da semente do segundo anjo, Lilith.
Ilustração do livro Art of Neon Genesis Evangelion
Por esse motivo, os EVAs são capazes de entrar no modo “berseck” sem precisar se conectar a uma fonte elétrica. Além do segundo episódio, vemos esses seres tomarem essas formas algumas vezes. A mais impactante é quando ele devora outra unidade que foi infectada por um anjo, no episódio “O Julgamento da Vida”.
A biologia do EVA
Quase como ciborgues, essas criaturas excedem o que há de anjo neles, pois, além da sua biologia alienígena, cada EVA possui uma alma humana. O plot twist, que também é uma das bases do funcionamento das máquinas, é que todas as Unidades possuem a alma da mãe de seus pilotos.
A mãe de Shinji, Yui, por exemplo, morreu durante o primeiro experimento com os EVAs. Desta forma, assim como acontece com Shinji em “Forma da mente, forma do homem”, seu corpo e alma se fundem com a Unidade-01. Enquanto Shinji conseguiu retornar para seu corpo, Gendo Ikari nunca conseguiu trazer Yui de volta. Já para Asuka, parte da alma de sua mãe, que enlouqueceu e cometeu suicidio, foi colocada na Unidade-02. A exceção à regra é Rei.
Como um clone de Yui com parte do corpo de Lilith, não há indícios no anime se há uma alma inserida na Unidade-00. Existem teorias que apontam que uma parte da alma da própria garota está na máquina, mas os constantes erros de funcionamento dessa unidade podem sugerir uma falta de conexão de Rei, logo, não é improvável que não tenha nada ali.
A filosofia por trás do EVA
Asuka percebendo no mangá que sua mãe sempre esteve a protegendo.
Tal questão também explica como Shinji possui tanta facilidade em se conectar com a Unidade-01. Enquanto a mãe de Asuka cultivou um ódio pela filha, a mãe de Shinji se afastou do filho ainda na infância do garoto e de forma brusca. Sem o seu consentimento.
Existe uma falta de Shinji em relação à mãe, mas também o inverso. Parte da Yui que vive na Unidade-01 anseia por poder se conectar mais uma vez com o filho. Quando Shinji aponta o conforto em estar submerso em LCL, ele sugere o conforto de retornar para o feto. Em outras palavras, para a barriga de sua mãe.
A verdade é que Hideaki Anno, o criador por trás do mangá e anime, se beneficiaria de uma consulta com Freud. Deixando isso de lado, outras curiosidades estão escondidas no design da criatura.
Com uma abordagem quase lovecraftiana, Ikuto Yamashita disse que sua imagem foi feita para que parecessem “um gigante ligeiramente controlado pela humanidade”. Influenciado pelos Oni, da cultura japonesa, ele permanece adormecido, mas sempre com o risco de despertar e mostrar todo o seu poder.
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