DMZ: Conheça o quadrinho que virou série na HBO Max
DMZ: Conheça o quadrinho que virou série na HBO Max
Um clássico subestimado da Vertigo
Enquanto o mundo pós-apocalíptico dos quadrinhos de Brian Wood , DMZ, se debruça sob uma crítica direta à Guerra do Iraque, a produção que traz Ava DuVarney e Rosario Dawson tem o desafio de atualizar a história dos quadrinhos em um momento político delicado. “A lei é ditada por quem é mais poderoso”, diz Roberto Patino, roteirista da nova série da HBO Max. “E ela sempre pode mudar de distrito para distrito”.
Qual é a história de DMZ?
Publicado pela Vertigo, DMZ (ou ZDM, Zona Desmilitarizada, no Brasil) traz a história de uma população esquecida em meio ao fogo cruzado de uma Segunda Guerra Civil americana. Transformando a ilha de Manhattan na referida zona, uma demarcação que separa os Estados Unidos dos Estados Livres, a história de Wood segue uma narrativa similar a de Y: O Último Homem, mas o vilão, ao invés de uma catástrofe ambiental, são os trâmites políticos que envolvem a guerra fictícia.
Mesmo se tratando de uma publicação de 2005, o trabalho de Wood é uma lembrança constante de como uma Guerra Fria pode se tornar uma confusão militarizada, transformando a vida de pessoas comuns em puro caos. É a partir desse medo recorrente que a história se desenrola. Nela, uma organização conhecida como Estados Livres começa um movimento revolucionário em Montana e se propaga para o leste, até chegar em Nova Iorque.
Com parte da força militar envolvida em conflitos externos, o grupo radical se instaura sem dificuldade, definindo Manhattan como o espaço neutro de dominação política, mas manchado por constantes conflitos. Wood descreve essa ilha distópica como uma mistura de “Escape from New York com a Batalha de Fallujah e Nova Orleans após ser devastada pelo Furacão Katrina”.
Quem são os personagens?
É nesse embate que conhecemos Matthew Roth. Cinco anos após o início da guerra civil, o estagiário é enviado junto de uma equipe de jornalistas para um noticiário. Mas, ao chegarem na ilha, são pegos numa batalha contra insurgentes. Com sua equipe e os acompanhantes militares assassinados, Matt se torna o único jornalista vivo. O que ele descobre depois é que o cotidiano de Manhattan não é como o governo divulga em notas oficiais e nem como a mídia transmite.
Com um celular lhe garantindo contato com a emissora e sem retorno programado, ele conhece a ex-estudante de medicina, Zee, que ficou para trás após o exército abandonar a ilha. Matt se torna um correspondente, dando informes sobre a verdadeira luta dos habitantes da ilha frente à situação caótica em que se encontram. O criador do quadrinho se afasta de explicações sociopolíticas e se insere no dia-a-dia dessas pessoas, fazendo DMZ ser menos sobre conflitos militares e mais sobre o simples fato de existir politicamente no meio de uma guerra.
Qual será a história da série?
E em um período tão conturbado — com os conflitos da Ucrânia, a crítica ao esquecimento de problemas internos da África e o medo de uma Terceira Guerra Mundial —, DMZ é mais um olhar sobre a constante inserção dos Estados Unidos em todo o mundo, pregando uma política de “liberdade”, mas esquecendo o que acontece sob o seu guarda-chuva.
Por isso, a mudança de protagonista foi a primeira modificação para a adaptação da série. Enquanto nos quadrinhos seguimos o homem branco Matt Roth, na série teremos a médica Alma, cruzando a zona desmilitarizada em busca de seu filho.
“DMZ oferece um playground explosivo em que, mais do que qualquer coisa, exalta a resiliência da comunidade e do espírito humano. Eu mal posso esperar para trazer os fãs dos quadrinhos e de novos espectadores a esse mundo inebriante, assombroso e inspirador”, explicou o criador Patino, que trabalhou anteriormente em Westworld (via Sportskeeda).
O principal motivo da alteração pode permear o fato de ser uma minissérie e não ter como explorar todos os pontos presentes nas 72 edições de DMZ. Por outro lado, abre brechas para que, no futuro, vejamos um pouco mais desse mundo através de diferentes perspectivas, caso a produção se torne um sucesso.
Quem está na produção de DMZ?
E o sucesso da série não é algo improvável. Ava DuVarney, diretora premiada pelo Oscar, retorna para uma segunda produção junto da DC. Após a série Naomi, Ava produz DMZ e dirige o seu primeiro episódio. Além de Rosario Dawson, que está no papel principal, teremos Benjamin Bratt, conhecido por Miss Simpatia e Hoon Lee, da série See e do live-action de Mulan.
Já o roteiro de Patino promete a qualidade de outros dois trabalhos do produtor, Sons of Anarchy e Westworld. A direção dos outros três episódios ficou nas mãos de Ernest R. Dickerson, que é conhecido por ter feito trabalhos ao lado de Spike Lee e dirigido Bones, o Anjo das Trevas, alguns episódios de The Walking Dead e outras séries.
Com a onda de produções de qualidade desenvolvidas pela parceria DC e HBO Max, é possível que DMZ seja uma série densa em conteúdo, mas também com um ar fresco de novidade no meio de tantas adaptações de quadrinhos de heróis.
DMZ chegou na HBO Max no dia 17 de março.
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