[Crítica] Uma Quedinha de Natal é deliciosamente ruim, como todo filme de Natal deve ser
[Crítica] Uma Quedinha de Natal é deliciosamente ruim, como todo filme de Natal deve ser
Lindsay Lohan abre a temporada de Natal com chave de… Ouro?
Cheiro de panetone, cansaço de fim de ano. Já é Natal na Leader? Aquela época em que streamings lançam filmes ruins, famílias se reúnem para jantares conturbados e a grande pergunta surge: Uva passa, sim ou não? Assim como todo fim de ano se afunda em clichês tediosos, Uma Quedinha de Natal, novo filme da Netflix com Lindsay Lohan e Chord Overstreet, não está preocupado em fazer algo bom. Pelo contrário, quanto mais brega, melhor.
O que deixa um sabor de “vergonha alheia” presente em todo o filme, carregado pela nostalgia do início dos anos 2000. Lindsay Lohan retorna a sua “carinha de anjo” de produções como Operação Cupido, mas sem esquecer a rainha do drama de Confissões de uma Adolescente e Meninas Malvadas.
Em outras palavras, Uma Quedinha de Natal é o que todo fã de filmes natalinos, que cresceram assistindo as comédias de Lohan — e que agora acompanha sua vida nada convencional nas redes —, precisa: um respiro de volta a filmes ruins e diversão garantida.
Título: Uma Quedinha de Natal
Direção: Janeen Damian
Roteiro: Jeff Bonnett e Ron Oliver
Data de lançamento: 10 de Novembro de 2022
País de origem: Estados Unidos
Duração: 1h e 33 minutos
Sinopse: Depois de perder a memória em um acidente de esqui, uma herdeira mimada acaba sob os cuidados de um desafortunado viúvo e sua filha durante as festas de fim de ano.
Caindo? Sim. Tombando? Nunca
No novo filme do streaming com co-produção de Lindsay Lohan, conhecemos Sierra, uma “socialite” — se é que essa palavra ainda é utilizada —, que tem o grande desafio de aceitar um carro de presente do pai e se tornar a vice-presidente de uma empresa multimilionária.
Com uma personalidade a la Paris Hilton, Sierra é tudo o que achamos surreal: bonita, rica, carismática e de bom coração ou, que pelo menos, acredita ser. E a grande brincadeira de Uma Quedinha de Natal é fazer o espectador acreditar fielmente no roteiro absurdo dessa comédia romântica.
Nela, Sierra sofre um acidente de ski após ser pedida em casamento. O que parecia uma tragédia sem limites, se torna a possibilidade da herdeira descobrir que ser “mundana” não é tão ruim. Para isso, é utilizada a famosa cartada de novelas mexicanas: amnésia.
Para comprar toda essa loucura, o filme abraça o insano e não se leva a sério em momento nenhum. Diferente de Um Match Surpresa, Cartão de Natal e tantos outros filmes presentes no streaming, Uma Quedinha de Natal se apoia em surpreender por se afastar da realidade em gênero, número e grau.
Espere por magia de natal, crianças sorrindo para o nada, diálogos expositivos, atuações mecânicas, personagens caricatos. Resumindo, tudo que um bom filme de Natal precisa ter. Porém, se na maioria das produções existe aquele peso de que os problemas da protagonista são reais e difíceis, aqui entendemos que é tudo um belo teatro armado para tirar algumas risadas.
A vida depois da “quedinha”
E Lindsay Lohan é a chave para conseguir isso. Talvez por lembrarmos das polêmicas da atriz pela internet, vê-la retornando ao papel de uma garota “doce” é confuso e engraçado. Assim como é necessário comprar a ideia de uma herdeira que não sabe arrumar a cama, também é preciso aceitar sem pestanejar na mulher confiante que se torna.
Por isso, Lohan é um dos pontos altos do filme. Ao se entregar ao papel e abraçar o ridículo, toda sua presença é cativante. Seja na comédia apelativa e física, seja nos suspiros sem fim. Nos questionamentos privilegiados, quando passa por cima das “adversidades”. Assistir Uma Quedinha de Natal é como ver um episódio especial de Glee com Lindsay Lohan reinterpretando a Mary Elizabeth de Confissões de Uma Adolescente.
Estranho, confuso, fascinante e, provavelmente, vai te fazer perguntar: Por que estou assistindo isso? Muito dessa loucura se apoia na química de Lohan com Chord Overstreet. O ator continua utilizando os mesmos métodos que o fizeram se tornar um rostinho bonito em Glee. O que não impede a dupla de funcionar.
Não deixe a magia do Natal te enganar
Mas, para compreender o que há de bom nesse filme é necessário acreditar na magia do Natal. No homem idoso com barba por fazer tocando o nariz e uma nevasca surgindo do nada. Para aceitar que Uma Quedinha de Natal é bom, mas tecnicamente ruim, é preciso sentar, relaxar e deixar as preocupações para trás.
A direção de Janeen Damian não deixa a desejar, mas a falta de um bom orçamento torna alguns momentos cômicos de maneira involuntária. Além disso, todo o segmento do namorado influencer, interpretado por George Young, vai rapidamente do engraçado para o maçante.
Assim como em A Princesa e a Plebeia, filme protagonizado por Vanessa Hudgens, se não fosse a presença de um ícone dos anos 2000, esse filme se tornaria apenas mais um especial de Natal caindo no esquecimento. E, exatamente por esse motivo, devemos apreciar o presente de fim de ano que é reencontrar Lindsay Lohan em um filme meia boca.
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