Crítica – Tromba Trem: O Filme é uma divertida animação brasileira que atravessa diferentes estilos a todo vapor

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Crítica – Tromba Trem: O Filme é uma divertida animação brasileira que atravessa diferentes estilos a todo vapor

Por Gabriel Mattos

Quando pensamos em animações brasileiras, Irmão do Jorel logo vem em mente. Mas este é apenas um dos destaques do irreverente Copa Studio, o estúdio carioca responsável por desenhos que fizeram parte da imaginação das crianças nos últimos anos. Tromba Trem, outro sucesso da casa, chega aos cinemas com um filme que surpreende até quem não conhece o desenho original — Tromba Trem: O Filme.

Ficha técnica

Título: Tromba Trem: O Filme

Direção: Zé Brandão

Roteiro: Lucas Pelegrineti, Zé Brandão

Data de lançamento: 8 de setembro de 2022

País de origem: Brasil

Duração: 1h 34min

Sinopse: O divertido elefante Gajah se torna uma celebridade da noite para o dia. Mas seus status de estrela rapidamente acaba quando ele se vê envolvido em um grande mistério. Agora o pobre elefante precisará correr contra o tempo para resolver esse enigma.

Pôster de Tromba Trem

Todos a bordo de uma grande aventura!

A trama começa como qualquer outro episódio do desenho: o elefante Gajah, que perdeu sua memória, trabalha em um trem que está perseguindo uma nave espacial. Na série animada, a fórmula foi o plano de fundo para uma rica viagem através da América Latina, apresentando diferentes animais e culturas ao longo de três temporadas. Mas aqui, felizmente, é apenas o pontapé para uma história completamente diferente.

Nos primeiros vinte minutos, enquanto se prende aos moldes da TV, Tromba Trem: O Filme não faz nada muito empolgante. O roteiro se enrola para introduzir os personagens ao público geral em uma sequência confusa e sem graça, que destoa do restante do filme.

Os pequenos vão continuar entretidos com as cores fortes e piadas bobas, mas não há muito no roteiro neste trecho para quem passou dos 10 anos. O destaque do início são as simpáticas capivaras e seu número musical, mas o carisma dos personagens não fica claro até o protagonista viralizar na internet.

Capivaras salvam um início desengonçado.

Quando isso acontece, o filme muda completamente de tom e cada personagem vai mostrando as suas cores. A história deixa a caçada ao dirigível de lado por um tempo para satirizar a estranha vida das celebridades instantâneas do mundo virtual. E este novo cenário acaba oferecendo muito mais possibilidades para o longa, que enfim se encontra.

O principal beneficiado é o elenco, que ganha a oportunidade de mostrar novas facetas. A Rainha Cupim, por exemplo, passa de uma líder barulhenta para uma empresária sonhadora. Os personagens inéditos introduzidos nesta fase também funcionam muito bem, tanto Mirella Miramontes com o seu glamour quanto Silas, com o jeitão bronco do dublador Caito Mainier, do Choque de Cultura.

Mas o destaque continua sendo o carismático Gajah. A sua inocência vai de encontro com o deslumbre da inesperada validação vazia que vem com a fama. E o resultado é uma jornada sinuosa, cheia de acertos e erros, que prepara terreno para o arco final e mexe com todas as suas relações.

A vida de influencer não é fácil.

Neste segundo ato, o filme sabe desenvolver as relações entre os personagens muito bem, de forma sincera e interessante, sempre revelando alguma novidade sobre sua essência. Há uma carga dramática palpável, que nunca fica pesada demais para os menores. Traz emoções verdadeiras em uma dose facilmente digerível.

Também há espaço para ironizar a vida fútil das celebridades virtuais que bombam nas redes ao acaso. O roteiro sabe se divertir com essa competição por popularidade incentivada por algumas plataformas, tecendo piadas gostosas que exploram o ridículo da situação e vão atingir todos os públicos. As músicas não têm o mesmo peso, mas isso acaba se tornando apenas um detalhe quando o roteiro mostra as suas garras.

Afinal, no último ato, todas as subtramas que foram abertas pelo enredo e que pareciam, até então, esquecidas voltam com força para o grand finale. Inclusive, mistérios abertos no início da série animada são enfim solucionados com a grandiosidade que merecem. E para fechar essa história com chave de ouro, o estúdio recheou o desfecho com influências fortes de ficção científica, muita ação, uma ótima reviravolta e deixou um gostinho de “quero mais”.

Tromba Trem: O Filme é uma surpreendente jornada que está sempre se reinventando para fisgar a atenção do público. Parece quase como três episódios de desenhos distintos, tamanha é a diferença de tom entre seus atos. Porém, de alguma forma, tudo funciona no final. Os mistérios e o carisma de Rajah acabam sendo a cola que precisava para unir tudo de uma forma agradável. Tem seus tropeços no começo e na sua parte musical, mas num geral é um bom filme para assistir sozinho ou em família.

Nota: 4/5

Tromba Trem: O Filme chega dia 8 de setembro aos cinemas de todo o Brasil.

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