Crítica: Obi-Wan Kenobi — Parte III
Crítica: Obi-Wan Kenobi — Parte III
Ao mesmo tempo que mostra um Kenobi cada vez mais fragilizado, o terceiro episódio da série traz Darth Vader no ápice de seu poder
Anakin Skywalker está vivo. Quatro palavras aparentemente simples, mas não para Obi-Wan Kenobi. Dando continuidade ao novo e conflituoso desafio na vida do Jedi, o terceiro episódio da série do Disney+, intitulado Parte III, já está disponível na plataforma, adicionando mais uma camada na complexa relação entre Darth Vader e seu antigo Mestre. Uma camada ainda mais incandescente e com direito a uma demonstração de poder assombrosa do vilão.
Nesta terceira parte, continuamos acompanhando Kenobi em sua perigosa missão para levar a pequena Leia Organa em segurança para Alderaan. Após escaparem da imponente Reva, no final do episódio antecessor, a dupla chega ao planeta Mapuzo, um sistema de mineração que, assim como grande parte da galáxia, já está sob os domínios do Império.
É ali que temos alguns vislumbres da devastação causada pelo governo imperial. O clima árido do lugar parece combinar perfeitamente com os conflitos interiores de Obi-Wan, que continua buscando por algum tipo de resposta de seu antigo e falecido Mestre, Qui-Gon Jinn, mas ainda sem êxito.
Apático, desesperançoso e extremamente desconfiado de tudo e de todos, Kenobi mostra uma fragilidade gigantesca, como se estivesse assombrado por sua própria sombra naquele planeta desértico. E não é para menos, já que ele finalmente descobriu que Anakin sobreviveu ao duelo de Mustafar. Com esse fato corroendo seus pensamentos, Obi-Wan não tem outra alternativa a não ser reabrir as feridas que ainda estavam em processo de cicatrização.
Para contrastar com toda a amargura do Jedi, Leia segue sendo a famigerada luz no fim do túnel para ele. Sempre otimista e com sacadas inteligentes, a garota espirituosa é o antônimo de Kenobi, demonstrando uma inocência e ingenuidade que apenas uma criança é capaz de ter.
É lindo ver a relação entre os dois evoluindo aos poucos, assim como o jeito como Leia consegue arrancar de Kenobi emoções que o Jedi insiste em esconder. Por mais que seu foco ainda esteja em Luke, é nítido que Obi-Wan carrega consigo o grande dever de proteger os gêmeos, custe o que custar.
Porém, não demora muito para que toda a aparente “tranquilidade” desse início logo ceda espaço para sequências eletrizantes. Na tentativa de conseguir escapar dos Stormtroopers, a dupla conta com a ajuda de Tala, uma oficial do Império que, depois que descobriu qual era a verdadeira intenção daquele governo, decidiu encontrar uma forma de ajudar os fugitivos.
Por meio de Tala, Kenobi entra em contato com os primeiros indícios de um vindouro grupo rebelde, numa espécie de abrigo onde os Jedi ou qualquer um que seja sensível à Força podem se esconder das ameaças do Império. É neste momento que um velho conhecido dos fãs da série animada The Clones Wars é mencionado: Quinlan Vos. Apesar de ser apenas uma menção, o momento abre espaço para esperarmos por uma possível aparição do personagem nos próximos capítulos. Seria incrível ver sua versão em live-action ao lado de Kenobi!
É então que um dos momentos mais aguardados da série finalmente acontece: Darth Vader reencontra Kenobi. Desde o início da produção, a dúvida que pairava na mente de muitos fãs não era “se” isso aconteceria, mas exatamente “quando”. Felizmente, a diretora Deborah Chow não perdeu tempo ao entregar um embate aterrorizante ainda na metade da temporada.
Seguindo os instantes finais da Parte II, vemos Vader em um estado de preparação. Acompanhamos seu processo de “vestimenta” do traje preto, um pouco de sua relação (será que podemos chamar assim?) com Reva, que segue completamente imbatível e empenhada em alcançar um lugar de maior prestígio no Império, e sua busca incessante pelo antigo Mestre.
Porém, é só quando o vilão chega em Mapuzo que as coisas começam a ficar bastante complicadas para o lado de Obi-Wan. Basta uma respiração e a voz imponente de James Earl Jones para que o episódio ganhe um nível de tensão altíssimo. Deborah Chow soube muito bem construir tais sequências, fazendo com que a antecipação para o embate entre Vader e Kenobi ganhasse uma amplitude ainda mais tenebrosa e, ao mesmo tempo, natural.
Darth Vader nunca esteve tão poderoso quanto neste momento, nem mesmo em Uma Nova Esperança ou em seu confronto com Luke Skywalker em O Império Contra-Ataca. Aqui, ele mostra o porquê é considerado um dos vilões mais icônicos da cultura pop: a sequência em que tortura os habitantes de Mapuzo é de uma crueldade tão palpável que te faz até mesmo prender a respiração.
Sem mais delongas, vamos ao famigerado reencontro. Com chamas do passado ainda queimando dentro de si, o velho Anakin Skywalker busca concretizar sua vingança e oferece a Kenobi uma nova dose escaldante do duelo que acontece em A Vingança dos Sith. Entretanto, se por um lado Vader está mais forte do que nunca, Obi-Wan demonstra mais uma vez como sua fragilidade, emocional e física, faz com que suas habilidades já não sejam as mesmas de antes.
A cada novo choque entre os sabres de luz, Kenobi parece ficar mais aterrorizado com o que está presenciando. O que foi que Anakin, seu antigo aprendiz e praticamente sua família, acabou se tornando, afinal? Nas palavras de Vader, é simples: ele é aquilo que seu Mestre fez dele.
Com o aguardado embate acontecendo já neste terceiro episódio, a dúvida que fica para a segunda metade da temporada é se haverá algum novo encontro entre Vader e Obi-Wan. E mais: será que o Jedi conseguiria se reerguer a tempo para uma outra investida do vilão? Enquanto essa resposta não chega, só nos resta esperar para ver como Kenobi vai lidar com seu estado atual e a separação de Leia, e se Reva vai demonstrar ser ainda mais impiedosa e impulsiva no próximo episódio.
Os três episódios de Obi-Wan Kenobi já estão disponíveis no Disney+.
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