Crítica: Em Mãe X Androides, da Netflix, ninguém sai vitorioso

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Crítica: Em Mãe X Androides, da Netflix, ninguém sai vitorioso

Por Gus Fiaux

Em mais um papel de sua carreira, Chloë Grace Moretz agora protagoniza seu mais novo longa, lançado no Brasil pela Netflix. Em Mãe X Androides, a atriz vive uma jovem mulher grávida que, junto de seu namorado, precisa se manter a salvo de uma horda violenta de androides, enquanto busca por um futuro melhor para seu filho. Por outro lado, os androides tem motivos muito compreensíveis para sua tomada de poder.

Dirigido e roteirizado por Mattson Tomlin e com produção de Matt Reeves (The Batman), o filme ainda traz em seu elenco nomes como Algee SmithRaúl Castillo Kate Avallone. Mas não espere nada grandioso e nem uma boa ambientação pós-apocalíptica, já que o novo filme fica preso entre suas duas temáticas e não consegue lidar bem com nenhuma delas…

Ficha Técnica

Título: Mãe X Androides (Mother/Android)

 

Direção e roteiro: Mattson Tomlin

 

Data de lançamento: 07 de janeiro de 2021 (Brasil)

 

País de origem: Estados Unidos

 

Duração: 1h 50min

 

Sinopse: Em um mundo pós-apocalíptico balançado por uma violenta revolta de androides, uma jovem mulher grávida e seu namorado buscam desesperadamente por segurança.

Mãe X Androides já está no catálogo da Netflix!

Mãe X Androides nos leva ao futuro apocalíptico mais tedioso dos últimos anos

Não é de hoje que o cinema tenta vislumbrar o que aconteceria se, um dia, as máquinas tomassem controle de tudo e tornassem os seres humanos em seus escravos, para se vingar de tudo que já foi feito com elas. Obras grandiosas que nem O Exterminador do Futuro Battlestar Galactica já estão no mercado há anos, e até a “famosinha” série Black Mirror lida com os extremos da tecnologia. Mas agora, temos Mãe X Androides.

O filme foi dirigido e escrito por Mattson Tomlin, um dos roteiristas que trabalhou em The Batman – e sua ligação com Matt Reeves não é pequena, já que o diretor também atua como produtor aqui. Lançado diretamente na Hulu na gringa, o longa chega ao Brasil no catálogo da Netflix. No elenco, muitos nomes bem interessantes: Chloë Grace Moretz (Kick-Ass: Quebrando Tudo), Algee Smith (Euphoria) e Raúl Castillo (Looking), entre outros.

A trama, por outro lado, tenta levar um drama sobre maternidade para o cenário da ficção científica (tarefa que já foi feita no passado por vários clássicos do gênero, como Aliens: O Resgate) – mas a abordagem não consegue equilibrar os dois lados dessa premissa, e o resultado é um filme que deixa pouquíssimo espaço para o debate e que não serve para muita coisa além de mostrar como Chloë Moretz é uma atriz boa, mesmo em todos os projetos errados…

Filme leva uma mãe e seu namorado para o centro de uma revolta das máquinas.

Não que Mattson Tomlin não seja um bom roteirista e/ou diretor. Dá para ver como o cineasta tem ideias muito estabelecidas de onde levar a trama e tornar essa uma história de amadurecimento em meio a uma crise global. Mas o problema se encontra em detalhes que provavelmente derivam da falta de orçamento: o “mundo pós-apocalíptico” não parece tão apocalíptico assim, e os robôs não parecem lá muito intimidadores.

O resultado poderia ser um estudo de personagem mais focado no senso de perigo que nos “vilões” em si, a exemplo de Um Lugar Silencioso, mas o filme nunca quer ir além da superfície. E embora a discussão sobre maternidade seja por si só forte, não há nada de novo que realmente torne o filme empolgante. Temos até uma tentativa de construção de tensão, já que Georgia (Moretz) e Sam (Smith) precisam correr contra o tempo para fugir do país.

Mas isso só não sustenta o longa que, com suas quase duas horas de duração, fica arrastado e modorrento em vários momentos. A parte mais interessante envolve o personagem de Raúl Castillo, Arthur, e talvez seja o ponto em que mais se dedique a falar sobre a “questão androide”, mas até isso não passa de um arranhão da superfície. O gosto que deixa é que o próprio filme sabe que não há nada novo a se fazer com essa premissa.

Ao menos, filme conta com boa atuação de Chloë Moretz.

Em termos de interpretação, quase todo mundo está operante, mas Chloë Grace Moretz se destaca. Ela sempre foi uma boa atriz, ainda que sua carreira seja lotada de projetos questionáveis, e aqui podemos ver o comprometimento que nunca chega a ser igualado por qualquer colega de elenco. Em especial, esse contraste fica maior nas cenas em que a atriz divide com Algee Smith, que apesar de cumprir bem seu papel, nunca entrega nada além do esperado.

No fim, Mãe X Androides é mais um exemplar nítido do “filme de descarte” dos streamings. Produções feitas de qualquer forma apenas porque necessita-se de conteúdo novo todos os dias. Não é um filme particularmente tenso, empolgante ou minimamente interessante, e apesar de seu final agridoce e sombrio, não consegue arrancar tanta emoção quanto acha que está arrancando.

Fica a esperança de que, um dia, Chloë tenha seu trabalho reconhecido por uma obra genuinamente boa, como já teve no passado em filmes como Deixe-me Entrar O Mau Exemplo de Cameron Post. Infelizmente, mesmo com todas as tentativas da atriz, Mãe X Androides é um filme que não chama muita atenção e nem suscita muitos debates e discussões. Só mais um exemplar de “arte sob a medida dos streamings“.

Mãe X Androides está disponível na Netflix.

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