Crítica – DC Liga dos SuperPets: Animação diverte ao tratar de temas universais como a amizade e o amor

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Crítica – DC Liga dos SuperPets: Animação diverte ao tratar de temas universais como a amizade e o amor

Por Jaqueline Sousa

Quem tem um amigo, tem um irmão. Por mais piegas que isso possa parecer, às vezes nos esquecemos de que estas são necessidades intrínsecas ao ser humano: a de amar e a de ser amado de volta. É partindo dessa premissa que DC Liga dos SuperPets, a nova animação da Warner Bros. Pictures, chega aos cinemas com uma clássica jornada heroica por meio da visão de um superpoderoso cãozinho.

Dirigido por Jared Stern (Feliz Aniversário de Casamento), que também assina o roteiro em conjunto com John Whittington, DC Liga dos SuperPets pede emprestado personagens icônicos do universo da DC Comics para contar a história de Krypto, o corajoso Supercão do Superman, em um cenário já tão inchado de narrativas protagonizadas por super-heróis. Apesar de não ser revolucionário (algo que nem precisa ser), a animação conta com ingredientes clássicos para garantir a diversão e o entretenimento do público, do começo ao fim.

Ficha técnica

Título: DC Liga dos Superpets

Direção: Jared Stern

Roteiro: Jared Stern e John Whittington

Data de lançamento: 28 de julho de 2022

País de origem: Estados Unidos

Duração: 1h 46min

Sinopse: Krypto, o Supercão, e Superman são melhores amigos inseparáveis, compartilham os mesmos superpoderes e lutam contra o crime lado a lado em Metrópolis. No entanto, quando o Homem de Aço e o resto da Liga da Justiça são sequestrados, Krypto deve convencer um grupo desorganizado de animais a dominar seus próprios poderes recém-descobertos para uma missão de resgate.

Pôster de DC Liga dos SuperPets.

Pôster de DC Liga dos SuperPets.

Amigo, estou aqui

Para Krypto (Dwayne Johnson), o dia perfeito existe. É claro que acordar e ir combater o crime em Metrópolis não é uma tarefa fácil, mas ao lado do Superman (John Krasinski) e ao som de You’re My Best Friend, da banda Queen, nada é impossível, e cada novo amanhecer é uma oportunidade para viver mais momentos inesquecíveis ao lado de seu melhor amigo, aquele que faz Krypto se sentir vivo.

Porém, como já é do conhecimento de muita gente por aí, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades, algo que Krypto, no auge de seu estrelismo e com uma atitude um tanto quanto arrogante devido às suas origens superpoderosas, parece não se lembrar muito bem. Bom, ele não vai demorar muito para receber um chacoalhão: quando o Homem de Aço é sequestrado por uma vilã peculiar e completamente obcecada por Lex Luthor (Marc Maron), juntamente com o resto da Liga da Justiça, o Supercão vai precisar deixar seu ego de lado se quiser salvar a única pessoa em quem confia e ama incondicionalmente.

Krypto e Superman voando.

Animação mostra a relação entre Krypto e o Superman.

Mas deixar o ego de lado não é a única coisa que Krypto precisa fazer para embarcar nessa perigosa missão de resgate. Sozinho, ele não vê outra alternativa a não ser convencer um grupo de animais desajustados que não possuem domínio algum de seus poderes recém-descobertos. 

Como Toy Story já deixou bem claro, se a fase é ruim, basta lembrar que “amigo, estou aqui”. A mensagem demora para entrar na cabeça de Krypto, que luta consigo mesmo para superar o ciúme que ele sente de Clark Kent e sua relação com Lois Lane (Olivia Wilde). Ainda assim, mesmo se sentindo esquecido e substituído, o Supercão vai atrás de seu companheiro porque é isso que melhores amigos fazem.

Para salvar a Liga da Justiça, Krypto precisa contar com a ajuda de um grupo de animais peculiares.

Krypto só não esperava, no meio de toda essa confusão, encontrar algo bem mais especial do que seus próprios poderes. Com a ajuda do enigmático cachorro Ace (Kevin Hart), da sensível porquinha PB (Vanessa Bayer), da idosa tartaruga Merton (Natasha Lyonne) e do enérgico esquilo Chip (Diego Luna), o Supercão vai aprender que se você tem um amigo, então tem tudo. 

Sobre amor e amizade

É com essa mensagem que DC Liga dos SuperPets conquista seus maiores méritos. Pode parecer clichê demais ou uma narrativa esgotada, mas, às vezes, o que a gente precisa é apenas ter alguém ali te dizendo que tudo vai ficar bem no final.

A dinâmica entre Krypto e Ace é um ótimo exemplo disso. Com sequências divertidas e com ares similares aos de Woody e Buzz Lightyear, a dupla mostra como a nossa necessidade de pura e simplesmente amar é fundamental para continuarmos transitando nesse mundo, nem que alguns sacrifícios tenham que ser feitos. Nas palavras de Ace, quando você ama alguém, então também tem que estar disposto a entregar o seu melhor. 

Saindo do âmbito das mensagens inspiradoras, um grande acerto da narrativa é a forma cômica como a Liga da Justiça é representada na animação. O roteiro se apropria de arquétipos relacionados à equipe para, várias vezes, ridicularizá-los, mas não de uma maneira ruim. 

Ace e Batman.

De forma divertida, a animação aproveita para fazer piada com a Liga da Justiça.

Com um Batman melodramático e um Aquaman que come comida de peixe, é quase como se Stern e Whittington tivessem pegado elementos cômicos de LEGO Batman: O Filme, animação na qual também colaboraram na roteirização, e tentassem replicá-los em DC Liga dos SuperPets. Neste caso, funcionou com as sacadas que, possivelmente, só serão pescadas pelo público mais velho.

Como dito, o filme animado não está preocupado em ser algo revolucionário. Tudo o que ele quer é te mostrar como o poder da amizade e do amor podem mover montanhas (no caso de super-heróis, isso pode até ser literal). Tais temáticas já foram usadas incansavelmente em histórias infantis, algo que pode parecer repetitivo e sem energia, mas não menos importante. 

Afinal, com premissas tão universais, fica difícil não usá-las em uma animação que fala sobre a relação de um cachorro com seu dono, ou demais bichinhos de estimação. Ainda que o teor moralista vindo das fábulas ou dos contos de fadas esteja presente e possa fazer com que muita gente revire os olhos, isso não apaga a diversão e a magia de uma boa aventura.

Krypto.

O que encanta em DC Liga dos SuperPets é a temática universal da trama.

DC Liga dos SuperPets não é uma animação perfeita e também não repete o impacto do incrível Homem-Aranha no Aranhaverso, que conseguiu inovar com maestria um gênero que parece não sair do lugar. Além disso, o desenvolvimento de alguns personagens secundários, como a doce PB, a porquinha que sofre com autoestima baixa, é apressado e parece um grande ponto de interrogação na narrativa, que prefere se manter na superfície e se adequar às formas já pré-estabelecidas.

Todavia, mesmo com alguns problemas aqui e acolá e pertencendo a um universo onde grande parte dos fãs de quadrinhos anseiam por adaptações cinematográficas realistas e impregnadas do “estilo Christopher Nolan de ser”, é revigorante ver uma produção animada que não tem medo de abraçar os clichês mais comuns do gênero de super-heróis, contando com uma explosão de cores para cativar as crianças e subtextos que emocionam os mais velhos. Afinal, Toy Story não mentiu quando mostrou que “amigo seu é coisa séria pois é opção, do coração”.

Nota: 3,5 de 5.

DC Liga dos SuperPets está em cartaz nos cinemas brasileiros.

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