Crítica: Entre performance e nostalgia, Abracadabra 2 faz jus ao seu antecessor

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Crítica: Entre performance e nostalgia, Abracadabra 2 faz jus ao seu antecessor

Por Junno Sena

Halloween, ou Dia das Bruxas, é uma daquelas épocas do ano que transborda nostalgia. Mesmo que nós, brasileiros, nunca tenhamos feito o famoso “Doces ou Travessuras”, figuras icônicas como as irmãs Sanderson despertam pura nostalgia, nos lembrando da infância e suas tardes sem aula assistindo Abracadabra.

E, em pouco menos de uma hora, Abracadabra 2 consegue trazer o mesmo sabor de infância. Com música, magia e figurinos espalhafatosos, somos transportados para uma Salem moderna, mas ainda cativante.

Ficha técnica

Título: Abracadraba 2 (Hocus Pocus 2)

Direção: Anne Fletcher

Roteiro: Jen D’Angelo

Elenco: Bette Midler, Sarah Jessica Parker, Kathy Najimy, Doug Jones

Data de lançamento: 30 de setembro de 2022 (Brasil)

País de origem: Estados Unidos

Sinopse: As bruxas voltaram! Nesta sequência do filme de 1993, as irmãs Sanderson retornam para maia uma aventura. Invocadas acidentalmente por um par de garotas, Winnie, Sarah e Mary terão que descobrir um meio de sobreviverem esta noite de Halloween.

Pôster nacional de Abracadabra 2

Uma bruxa sempre precisa de um coven

As irmãs Sanderson estão de volta e, desta vez, como protagonistas

Antes de mais nada e sacrilégios à parte, é importante dizer que Abracadabra não é isso tudo. Pelo contrário, Bette Midler carrega o primeiro filme nas costas com sua atuação exagerada. Enquanto Sarah Jessica Parker encanta com uma beleza estonteante, Kathy Najimy fica responsável por uma personalidade de ouro. Já Doug Jones brilha como um zumbi espantalho que é sempre silenciado.

Fora isso, o primeiro filme das irmãs Sanderson cai em piadas que não lhe cabem e crianças sem carisma. Sua história? Simples e, por isso mesmo, óbvia. Revisitar o longa é estranhar o fato que o que cativa são três bruxas tentando devorar crianças para manter a juventude. Não apenas isso, mas perceber que, não importa quantas vezes assista, você acaba torcendo para elas.

Abracadabra 2 segue o mesmo andar, pelo menos em parte. Diferente do primeiro, Anne Fletcher e Jen D’Angelo abraçam quem são as verdadeiras protagonistas da história. Aqui, ao invés de antagonizar a vida de crianças desinteressantes, temos um vislumbre do passado de Winnie, Sarah e Mary. Além de uma breve espiada nas bruxas em um futuro completamente diferente ao do século XVII e ao do ano de 1993.

Doug Jones é outro da franquia original que retorna em Abracadabra 2

Por conta de um feitiço não tão acidental, duas garotas acendendo, mais uma vez, a chama negra que desperta as bruxas por uma noite. Similar a outras produções que tentam revitalizar franquias, Abracadabra 2 passa o bastão da bruxaria para uma nova trindade de bruxas: Becca, Izzy e Cassie.

A dificuldade em fazer a passagem de manto surge com a falta de carisma do novo time ou, talvez, o excesso de carisma das “originais”. Enquanto Whitney Peak, de Gossip Girl, e Belissa Escobedo conseguem contracenar com facilidade com as grandes Sanderson, Lilla Buckingham parece escondida na trama. Por uma questão de roteiro ou falta de “gingado”, a atriz acaba desfalcando o trio, fazendo com esse novo “início” pareça estranho.

Porém, se há um ponto positivo nessa trajetória é o tempo cronológico no qual está inserido. O primeiro filme é repleto de momentos que, hoje, são vistos como “constangedores”, como piadas deslocadas com a maturidade sexual do protagonista ou seu interesse romântico. Em Abracadabra 2, o novo grupo consegue traçar um bom contraponto. Não se trata apenas de dois lados brigando entre si, mas diferentes gerações tentando entender a língua uma da outra.

Vemos menções ao completo surto que é a indústria da beleza, ao “lacrar” da Geração Z, a como as Sanderson eram “a frente de seu tempo” e vários outros aspectos que enriquecem a cidade de Salem. Até mesmo o descerebrado namorado de Cassie, Mike, interpretado por Froy Gutierrez, conversa com o todo, sem parecer deslocado ou chato.

Um filme por e para a Disney+

O novo trio de bruxas de Abracadabra 2

Todos esses pontos positivos e negativos não ficariam tão evidentes se Abracadabra 2 não tivesse o gosto de “As irmãs Sanderson voltarão em Vingadores”. O novo filme do streaming é uma produção da Disney+ até os ossos. Possui tanto cena pós crédito quanto a pretensão em deixar o público com vontade de “quero mais”.

Mas será que o novo trio sustenta esse “querer”? Talvez sim, talvez não, mas a verdade é que Abracadabra 2 não parece estar procurando o status de grande franquia no futuro. Assim como seu antecessor, é bobo até o final. O não tão ex-namorado de Winnie, a forma como as bruxas vão de seriedade para um um número musical e até as soluções para seus problemas. 

Esse tom corrobora para uma nova produção no futuro, uma série spin-off ou até um terceiro filme. E, pensar nessa possibilidade, é cansativo, pois, nos é apresentado caminhos que podem e talvez devessem, permanecer inexplorados. Não pela falta de qualidade na atuação ou execução, mas por que o mistério ainda parece mais atrativo do que a revelação.

Abracadabra 2 é apenas mais uma divertida aventura para apresentar as velhas bruxas Sanderson para um novo público e relembrar ao antigo que envelhecemos com elas. Além da nostalgia, existe uma magia especial em assistir esses três ícones sendo capazes de dar um show de atuação, entretenimento e amor ao papel depois de quase trinta anos.

Nota: 3.5/5

 

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