Attack on Titan: Por que o final do mangá foi tão polêmico entre os fãs?
Attack on Titan: Por que o final do mangá foi tão polêmico entre os fãs?
Entenda os motivos para a má recepção do final para os fãs
Atenção: Alerta de Spoilers!
O mangá de Attack on Titan, escrito por Hajime Isayama por 10 anos, chegou ao seu fim no início de 2021, quase junto com o final da primeira parte da quarta temporada. Mesmo da adaptação, essa história de seres gigantes devoradores de humanos — os Titãs — já fazia muito sucesso no Japão, mas foi após o anime, lançado em 2014, que a proporção de fãs cresceu absurdamente.
Isso levou Isayama a garantir que tentaria escrever um final que agradasse todos os fãs, porém não foi o que aconteceu. A conclusão da história foi cercada de polêmicas, problemática e insatisfação geral de quem acompanhou a história por todos esses anos. Mas, afinal, por que isso aconteceu? Nós vamos te explicar os motivos!
- O que aconteceu no final do mangá de Attack on Titan?
- Por que o final de Attack on Titan não agradou os fãs?
- O que há nas páginas extras de Attack on Titan?
O que aconteceu no final do mangá de Attack on Titan?
Attack on Titan encontrou seu fim no capítulo 139 do mangá, mas devido a uma limitação na quantidade de páginas, Isayama acabou publicando mais 6 páginas extras que continuaram o final anterior A questão toda foi justamente este último capítulo e, para alguns fãs, nem mesmo as páginas adicionais corrigiram os problemas da história.
Isso porque, até o capítulo 138, nós acompanhamos Eren comandando um genocídio. Nos capítulos passados ele conseguiu a posse sobre o Titã Fundador, após voltar da Coordenada onde estava Ymir Fritz e seu irmão Zeke (quem está acompanhando o anime já viu esse momento nos dois últimos episódios lançados, 79 e 80).
Eren então se transforma em um titã gigante, desperta todos Titãs Colossais que ficavam presos nas Muralhas da Ilha Paradis e comanda uma marcha mortal na intenção de destruir todo o mundo, esse foi o evento conhecido como Estrondo.
Eren tinha suas motivações, principalmente como um seguidor de Ymir, sendo um Eldiano que queria apenas ver o seu povo livre. Liberdade talvez seja o conceito mais importante para definir esse personagem, pelo menos pela construção dele desde a primeira temporada. Com o passar dos anos suas motivações podem ter mudado, seus inimigos podem ter se alterado, mas Eren sempre buscou a sua liberdade — e a de seu povo — independente do que isso lhe custasse.
Ou pelo menos era isso que nós acreditávamos até o fim mangá. No capítulo 139 nós vemos uma conversa entre Eren e Armin nas Coordenadas — local que apenas o Titã Fundador tem acesso e pode levar Eldianos para lá quando necessário — onde o personagem explica tudo, todas as suas motivações e seu desespero.
É aí que Armin descobre que Eren teve acesso ao futuro após beijar a mão de Historia e foi a partir dali que o garoto se perdeu, vendo a necessidade de cometer tantas atrocidades. Eren assumiu o papel de vilão mundial para que seus amigos fossem vistos como heróis quando tudo aquilo acabasse. Sim, essa era a real motivação por trás do genocídio.
Para que os Eldianos de Paradis parassem de ser vistos e tratados como demônios, Eren matou 80% da população mundial para que quando seus amigos o parassem, a população que sobrou visse os Eldianos como heróis e assim corrigisse o ciclo de ódio do mundo contra a Ilha Paradis.
Na visão de Eren, para que os Eldianos fossem livres, a única saída era exterminar a população mundial. Do contrário, nunca haveria paz, pois eles continuariam sendo vistos como ameaças.
Para piorar a situação, essa reviravolta mostra que o vilão foi o responsável por praticamente tudo de ruim que aconteceu na história, incluindo a morte de sua própria mãe, pois “tudo precisava acontecer dessa forma“.
No capítulo, ainda houve a parte em que Armin questiona Eren sobre a Mikasa, afinal era nítido que ela sempre gostou muito dele, mas ele disse que a odiava. Nesse momento finalmente o vemos assumindo seus sentimentos por Ackerman, afirmando que a ama e que gostaria muito de viver uma vida tranquila com ela, mas que não seria possível.
Ao ser questionado por Armin sobre o que acha da Mikasa o esquecer, Eren afirma:
“Eu não quero isso… Mikasa encontrando outro homem..?! Eu quero que ela pense em mim e mais ninguém pelo resto da minha vida. Mesmo depois que eu morrer… Eu quero estar na cabeça dela por um tempo! 10 anos, no mínimo!”
Com tudo isso esclarecido, Armin se choca com tanta informação, mas no fim acaba agradecendo ao seu melhor amigo, afinal tudo que ele fez foi para salvar ele e todos os seus amigos. Sim, 80% da população genocidada e ecossistemas dizimados, mas ele ainda agradece. Após essa despedida, Eren apaga a memória de Armin e o manda de volta para o mundo real, onde ele se depara com Mikasa segurando a cabeça do vilão.
Com a vitória na guerra, a obra tem um timeskip e somos direcionados para um futuro próximo, com o mundo ainda em caos, mas a Aliança que lutou contra Eren — seus amigos de esquadrão, incluindo os Eldianos que viviam em Marley — conquistando o prestígio que o antagonista desejava, vivendo livres do preconceiro.
Assim, a Aliança ficou fora de Paradis, enquanto História ficou na Ilha como Rainha, numa situação política muito difícil. Yeageristas (apoiadores do Eren vilão) se tornaram maioria em Paradis, afinal eles não sabiam a real motivação por trás dos acontecimentos e acreditavam apenas em ideais fascistas deixados por seu líder.
O capítulo acaba com os membros da Aliança voltando para a Ilha Paradis, mas temendo serem atacados por esses Yeageristas, afinal foram eles que mataram seu líder.
Em contrapartida, Mikasa aparece vivendo na Ilha e sentada na árvore onde Eren sempre dormia quando eles eram crianças. Vemos que ela continua muito apegada ao seu amor, conversando com o túmulo onde enterrou a cabeça do vilão, dizendo que “ele deveria estar feliz, pois seus amigos estão chegando para uma visita“.
E é assim que o capítulo acaba, com Mikasa lembrando de Eren enquanto chora e um pássaro ajeita o seu cachecol, o mesmo dado por Eren ainda na infância, nos fazendo ter uma comparação engraçada sobre o “Eren pombo” que virou meme entre os fãs.
Por que o final de Attack on Titan não agradou os fãs?
Existe uma lista considerável de motivos que desagradaram os fãs neste final, mas boa parte deles acaba sendo mais gosto pessoal do que problemas na estrutura em si. Falando em desenvolvimento, é importante ressaltar que o autor ficou limitado na quantidade de páginas que poderia produzir, então sim, faltou desenvolvimento em algumas partes para que elas fizessem sentido e o público não tivesse que engolir com farinha algumas resoluções.
Mas o motivo principal para tantas críticas: o capítulo final pareceu uma tentativa de justificar todas as atrocidades que o Eren fez, como se fosse algo bacana ou aceitável. Para muitos leitores, isso soou como “Matei 80% da população mundial, mas foi para salvar meus amigos, então tudo bem, né?”, o que desagradou muito, afinal, eles esperavam um comprometimento maior do autor para os eventos causados por Eren. Essa “passada de pano” para o protagonista que fez tanta coisa errada não foi nem um pouco legal.
Outro ponto que não agradou foi a questão do romance entre Eren e Mikasa. Alguns fãs queriam muito que os dois terminassem juntos, ou que ao menos tivesse algo sólido entre a relação dos dois. Contudo, o mangá mostra um discurso infantil de Eren, achando que tinha o direito de querer que a Mikasa não encontrasse outro homem e sofresse por ele por 10 anos, no mínimo. No fim ainda tivemos o tão aguardado beijo entre os dois: com Mikasa beijando uma cabeça decapitada.
Mikasa também foi colocada como “A salvadora de Ymir“, a única que poderia libertar a garota de seu ciclo de sofrimento que perdurava por 2.000 anos. Mas isso foi bastante jogado, mesmo relendo é difícil encontrar um momento em que essa chave vira e uma ligação entre as duas é estabelecida. Tanto que, quando Eren conta para Armin sobre isso, o personagem questiona o vilão sobre o motivo de Mikasa ter sido escolhida, o que resulta na resposta “Só a Ymir sabe“. Ou seja: parece que nem o autor sabe os reais motivos para isso e só jogou essa informação sem o menor desenvolvimento para que fosse algo aceitável.
Além disso, Armin sempre se mostrou contra os planos de Eren sobre o genocídio. Prova disso é que no episódio 79 do anime, em que ele percebe que Eren não precisa de tantos Titãs Colossais para destruir Marley, vendo que o plano do vilão iria muito além dos Marleyanos, e se coloca pronto para impedir seu amigo. Tudo isso é desfeito no momento em que Armin agradece ao Eren pelo genocídio. Isso foi incoerente.
Fora que se a intenção de Eren era preservar a paz e permitir que os Eldianos vivessem como heróis num mundo sem preconceitos para sempre, isso deu terrivelmente errado e as páginas extras provaram isso — o que, na prática, só mostra o quão terrível foi esta reviravolta final.
O que há nas páginas extras de Attack on Titan?
As páginas extras se iniciam com os acontecimentos atuais do fim do mangá. Assim, vemos Mikasa, logo após ter cortado a cabeça de Eren, encontrando com Ymir Fritz em sua forma de fumaça antes de desaparecer definitivamente.
Ela conversa com Ymir, dizendo que ela era a garotinha que sempre tentava se comunicar com ela, provavelmente se referindo às fortes dores de cabeça que frequentemente a incomodavam. Ymir não podia responder a Mikasa, mas sua expressão agora visível demonstrava que concordava com o que estava sendo dito.
Mikasa também fala sobre o relacionamento entre Ymir e o Rei Fritz como sendo algo negativo e, talvez, por isso a Titã tenha tentado tanto se comunicar com ela, afinal seu relacionamento com Eren era desastroso e ela precisava ser ajudada de alguma. Após isso, a heroína leva a cabeça de Eren para Shiganshina e a enterra sob a árvore onde o garoto sempre dormia.
Em um salto temporal, vemos Mikasa visitando o túmulo acompanhada de sua família. Sim, ela se casou e seu marido aparenta muito ser o Jean, apesar de não vermos o rosto do personagem. Aparentemente, a protagonista sempre visitou o túmulo de seu amor, mesmo com o passar dos anos.
É perceptível que Paradis mudou completamente e agora está bem mais moderna que antes, principalmente em questões de arquitetura e urbanismo, contando com a presença de carros, mas ainda está claramente em construção.
Após viver uma vida aparentemente tranquila depois de todo o caos de sua juventude, Mikasa aparece em seu funeral finalmente podendo descansar e, quem sabe, encontrar seu primeiro amor como ela sempre quis.
No quadro seguinte temos outro timeskip e uma notícia bastante ruim: o mundo se desenvolveu tecnologicamente ao ponto de armas terem sido criadas. Em um novo ataque, Paradis foi totalmente destruída, nos mostrando que o mundo nunca se esqueceu do massacre feito por Eren, e que estavam apenas esperando se reestruturar para que pudessem se vingar dos Eldianos.
Após a destruição da Ilha e mais alguns anos passarem, a árvore de Eren cresceu muito, tanto que ficou parecida com a árvore onde Ymir adquiriu o parasita, se transformando no primeiro Titã. Então vemos uma criança e seu cachorro bem perto da entrada da árvore, deixando em aberto a possibilidade de uma nova era de titãs recomeçar e, quem sabe, perpetuar o mesmo ciclo de vingança que motivou Eren.
Apesar do primeiro ter sido um final mais “jogado”, as páginas extras preencheram algumas lacunas que estavam em aberto, mas não deixaram a conclusão menos amarga. No fim das contas, Eren eliminou mais da metade do mundo para que seu povo vivesse em paz, mas seu objetivo não se cumpriu.
Por mais que seus amigos tenham vivido uma vida tranquila até suas mortes, como vemos no caso da Mikasa, em um futuro que ele não previu, o ciclo de ódio continuou a se repetir e o que os Eldianos conseguiram com o sacrifício de Eren foram apenas alguns anos de uma falsa paz, destruída assim que o restante do mundo se reestruturou.
Mas e você, o que achou sobre o final do mangá de Attack on Titan? Você faz parte do time que odiou o final ou dos que gostaram do que viram? Tem mais motivos que fizeram o mangá não te agradar? Deixe sua opinião nos comentários!
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