Alan Moore, criador de V de Vingança e Watchmen, declara apoio ao Lula nas eleições brasileiras
Alan Moore, criador de V de Vingança e Watchmen, declara apoio ao Lula nas eleições brasileiras
Filha de Alan confirmou a veracidade da carta.
Com apenas dois dias para as eleições no Brasil, o escritor Alan Moore, criador de V de Vingança e Watchmen, publicou uma carta aberta aos brasileiros, pedindo para que no domingo (30), se juntem contra o “avanço de extrema direita”. Divulgada em sua conta oficial do Facebook, o britânico, mostrou apoio a candidatura de Lula e levantou diversas críticas ao governo Bolsonaro.
Alan Moore é conhecido por levar política para o campo dos quadrinhos. Suas obras mais populares por exemplo, V de Vingança e Watchmen, tratam da insurgência de uma direita manipuladora e ditatorial. É dizendo que “estamos ficando sem chances de salvar o planeta” que ele começa sua carta.
“A agressão inconcebida deste avanço de extrema direita parece-me tão enérgica, e no entanto tão desligada de qualquer realidade, que só pode nascer do desespero”, diz em sua carta. “Desavergonhadamente monstruosas, estas têm perseguido minorias raciais e religiosas, ou os seus povos nativos, ou os pobres, ou as mulheres, ou pessoas de diferentes sexualidades, ou todas as anteriores. Durante a pandemia ainda em evolução, puseram a sua postura política e as suas doutrinas financeiras à frente da segurança das suas populações, presidindo a centenas de milhares de mortes potencialmente desnecessárias; centenas de milhares de famílias devastadas, comunidades devastadas”.
Indo além de análises políticas e sociais sobre o mundo, Alan citou o nome de diversos políticos que tem trabalhado a serviço dessa extrema direita. Os chamando de “circo fascista”, o autor levantou o nome do antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ex-primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson e Jair Bolsonaro.
“Adotando o estilo de circo fascista do italiano Silvio Berlusconi, tivemos a perigosa teatralidade insurrecional de Donald Trump na América do Norte, e as ruinosas indignidades de Boris Johnson e dos seus substitutos no (presentemente) Reino Unido. E, claro, o Brasil já teve Jair Bolsonaro”.
Na carta, Moore criticou algumas das posições sociais e políticas do atual presidente do Brasil diante da pandemia, seus comentários anti-vacina, a violação contra os direitos indígenas e ataques à mulheres e a comunidade LGBTQIA+.
“Assistimos desesperadamente enquanto, cantando a partir do mesmo livro de hinos que a sua inspiração norte-americana, Bolsonaro violou o povo indígena do Brasil, os seus homossexuais e os direitos das suas mulheres a abortos seguros, alimentando uma fogueira descontrolada de ódio como distração das suas agendas sociais e económicas, ao mesmo tempo que inundou a sua cultura com armas. Vimos ele tentar abrir caminho através da pandemia, exprimindo a sua idiotice anti-vacina, e vimos a crescente área de cemitérios preparados à pressa no Brasil; aquelas grades de pombos em solo cinzento com flores mortas aqui e ali ou marcadores pintados como uma gota de cor”.
Ao fim, o autor deixa claro seu apoio aos planos políticos de Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente que disputa o cargo da presidência mais uma vez.
Na persona de Lula, Moore comenta ver um dos poucos líderes políticos que consegue tolerar completamente.
“Como anarquista, há muito poucos líderes políticos que eu poderia tolerar completamente, muito menos apoiar, mas por tudo o que ouvi e li sobre ele, Luiz da Silva, Lula, parece ser um desses indivíduos raros. As suas políticas parecem justas, humanas e práticas, e, segundo sei, ele prometeu inverter muitas das decisões mais desastrosas de Bolsonaro.”
“As próximas eleições no Brasil são, segundo me disseram, equilibradas em algo como o fio de uma faca e, como discutido acima, o mundo inteiro está na mesma situação. Se alguma vez apreciaram algum do meu trabalho, ou sentiram alguma simpatia pelas suas inclinações humanitárias, então por favor saiam e votem por um futuro que seja adequado para os seres humanos, por um mundo que seja mais do que a latrina dourada das suas corporações e dos seus fantoches.”
Antes de se declarar um amigo do Brasil, Alan Moore termina a carta pedindo para colocarmos “um fim a crueldade dos últimos cinco, ou talvez dos últimos quinhentos, anos”.
De acordo com uma publicação no Twitter de sua filha, Leah Moore, Alan ficou acordado até às 3 da manhã a escrevendo. “Ele estava muito orgulho dela. É real”, disse Leah.
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