What If…? 1×09 — O Que Aconteceria Se… O Vigia Quebrasse Seu Juramento?
What If…? 1×09 — O Que Aconteceria Se… O Vigia Quebrasse Seu Juramento?
Chegou o grande clímax de um filme desconjuntado!
Nesta quarta-feira (06), What If…? chegou ao fim com um episódio que conecta todos os estranhos universos apresentados ao longo da série. Em um ato de desespero, o Vigia recruta os maiores heróis do multiverso para uma batalha final caótica e divertida contra o novo Ultron. O resultado é uma explosão de super poderes estonteante, mas que perde seu encanto assim que sobem os créditos finais.
Capitã Carter, o Senhor das Estrelas T’Challa, Doutor Estranho Supremo e as variantes mais carismáticas apresentadas nesta primeira temporada fazem o seu bem-vindo retorno na season finale, provando que seu potencial extrapola participações pontuais. Felizmente, os produtores decidiram abandonar os moldes dos filmes e ousaram usar a base de seu próprio micro-multiverso para ponderar a aguardada pergunta final: “O que aconteceria se… O Vigia Quebrasse seu Juramento?”.
A decisão rompe de vez com a proposta inicial de trazer uma antologia que apenas testaria novos conceitos, sem muito comprometimento com continuidade, e posiciona What If…? como uma peça curiosa para entender o futuro do Universo Cinematográfico da Marvel. Afinal, o roteiro não é profundo o suficiente para chacoalhar a fórmula do estúdio, mas sabe trabalhar personagens de um jeito cativante como poucas outras produções.
Os membros convidados por Uatu para fundar os Guardiões do Multiverso tiveram pouco mais de meia hora para causar o mesmo impacto que outros heróis conseguiram depois de uma trilogia inteira. Parece uma missão impossível, em retrospectiva, que a maioria dos personagens cumpriu com louvor.
Ver esses heróis, que antes existiam isolados em suas próprias realidades, cooperando para pôr um fim na ameaça de Ultron traz uma sensação mágica não muito diferente daquela provocada por Os Vingadores no auge de 2012. Toda a preparação da série valeu a pena e as dinâmicas entre os personagens funcionam muito bem.
É como se juntos, eles se encaixassem como luva, sem o menor esforço! Capitã Carter, por exemplo, se conecta com a Viúva Negra do universo destruído de uma maneira sincera mesmo com pouco tempo de tela, de modo que quando vemos a confiança mútua da dupla em batalha, parece certo e bem construído.
De um jeito ou de outro, todas as variantes mostram suas verdadeiras cores quando Ultron surge para destruir o multiverso. Algumas de forma inesperada, como acontece com o Doutor Estranho Supremo, que transforma sua arrogância similar ao Tony Stark em combustível para uma liderança impecável. Outros seguem exatamente o esperado, como o poder bruto, burro, sedutor e sem rumo do Thor Festeiro.
E visualmente, eles protagonizam uma das batalhas mais bonitas do Marvel Studios, combinando poderes para superar a onipotência de Ultron. Seja o ataque duplo de escudo da Carter com Natasha ou os demônios invocados por Stephen, os heróis dão tudo de si e cada pequena vantagem conquistada em combate parece mais do que merecida.
Mas tão inevitável quanto Thanos em Vingadores: Guerra Infinita é o fato de que alguém sairia perdendo nesta dança de elenco. E, desta vez, o mais prejudicado é o próprio Ultron que, apesar de continuar absurdamente habilidoso com as Joias do Infinito, é superado sem muito problema pelos Guardiões a cada instante. Ele não parece mais a entidade ameaçadora que engolia galáxias do episódio anterior, mas sim um saco de pancadas com um arsenal poderoso.
Outro personagem que acabou esquecido foi o Killmonger, que já veio de um episódio divisivo e continuou nas sombras no clímax da história. Houve uma tentativa apressada de vilanizá-lo que desperdiçou o potencial do personagem de modo lamentável. O que deveria ser uma grande reviravolta no final se mostrou tão previsível que falhou em causar impacto algum.
Mas nem a participação escassa do vilão foi tão confusa quanto a presença surpresa da Titã Gamora nesta batalha final.
Por algum motivo, ela é convocada pelo Vigia, por ter aparentemente derrotado o Thanos de seu universo. Mas nunca vimos este poder em cena. Muito provavelmente, Gamora teria sido a protagonista de seu próprio episódio, talvez em um mundo alternativo onde a pandemia não aconteceu. Infelizmente, em nosso universo, o que tivemos foi a promessa vazia de uma heroína poderosa que teve pouco espaço para se desenvolver.
De modo geral, o nono e último episódio de What If…? é apenas o clímax da história. É como assistir somente o terceiro ato de um filme: você tem as cenas mais explosivas — as batalhas empolgantes e o destino merecido do vilão — mas perder o humor, o drama e a sensibilidade que diferencia as boas histórias das medianas. Sem desenvolver uma narrativa própria, quando o show de luzes acaba, não há mais motivos para se importar.
Os outros episódios da série se sustentaram em um fino equilíbrio de roteiro e atuação, enquanto esta grande conclusão não passa de um espetáculo. Entretém, de fato. Diverte bastante, eu diria. Mas não ficará na memória por muito tempo. Assim, What If…? termina como um intrigante experimento no berço do multiverso, aquecendo o público para a aguardada insanidade de Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura.
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