Crítica: Viúva Negra é o filme que Natasha sempre mereceu
Crítica: Viúva Negra é o filme que Natasha sempre mereceu
Lançado com anos de atraso, filme é justo com a vingadora mais querida pelos fãs
Não é exagero dizer que o Universo Cinematográfico da Marvel tem uma jornada quase irretocável nos cinemas. Ao longo de mais de uma década, o estúdio construiu uma narrativa coesa e fez o público, tanto nerd, quanto casual, sonhar com histórias de super-heróis. Porém, há problemas neste caminho, e um dos maiores sempre foi a (falta de) construção da história de Natasha Romanoff, a Viúva Negra. Interpretada por Scarlett Johansson, a personagem começou sendo sexualizada em Homem de Ferro 2 (2010) e apenas nas produções mais recentes teve um desenvolvimento maior. Após anos de apelos dos fãs, finalmente a heroína ganhou seu filme solo que, felizmente, faz valer a espera.
Situado após os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil (2016), o longa tira Natasha de perto dos Vingadores e, com isso, dá mais espaço para que o público conheça outras facetas da personagem. Procurada pelo governo dos EUA, ela retoma alguns contatos do passado e, enquanto está fugindo, entra no radar do Treinador, vilão que está em busca de algo muito importante para Dreykov, o criador da temida Sala Vermelha e responsável pelo treinamento das Viúvas Negras.
Por ser um filme situado no passado, seria muito fácil Viúva Negra se tornar desinteressante para os fãs, afinal, já sabemos qual é o destino de Natasha. Porém, ainda que não haja um medo real pelo que pode acontecer à personagem, há uma curiosidade da qual o estúdio se aproveita. Como foi a infância de Natasha? Quem é sua família? Como ela se tornou quem é hoje e como era sua vida antes dos Vingadores? Todas essas perguntas que ficaram na cabeça dos fãs por anos são respondidas aqui de um modo muito orgânico – nada soa muito didático, apenas está lá, fazendo sentido dentro da história.
Para tudo isso funcionar, é claro, a Marvel precisou reunir um bom elenco ao lado da já conhecida Johansson, e todos funcionam muito bem, com destaque para Florence Pugh como Yelena Belova. A dinâmica entre as duas personagens é um dos destaques de todo o filme e acrescenta até um inesperado tom de humor, já que Belova é ligeiramente irônica e mal-humorada. A intimidade entre as duas também nos faz querer saber mais sobre essa nova personagem, com a qual passamos a nos importar. Narrativamente, esse foi um grande acerto da Marvel: se por um lado já sabemos o destino de Natasha, agora a atenção se volta para o que pode acontecer a Yelena. Até mesmo o incômodo causado pelo exagero do Alexei de David Harbour parece proposital, para fazer os fãs se questionarem sobre a constante adoração aos super-heróis.
Ao contar a história da única mulher presente na equipe dos Vingadores por muito tempo, o longa também não deixa de falar sobre esse tema, às vezes de modo divertido, com Yelena fazendo questionamentos importantes, e às vezes em um tom mais sério, como quando mostra como as Viúvas Negras são controladas por um homem e vistas como descartáveis por ele. Há um subtexto importante na cena final entre Natasha e Dreykov, que entrega tudo o que os fãs gostariam de ver na personagem por muito tempo.
É uma pena, realmente, que Viúva Negra tenha demorado tanto para ser produzido e seja lançado em meio à pandemia de COVID-19. Se a Marvel tivesse sido mais corajosa no passado, a personagem seria ainda mais querida pelos fãs atualmente. Se há algo positivo nesse atraso, é que o estúdio parece mais maduro agora para falar de suas personagens femininas, e os fãs da maior espiã do MCU podem, finalmente, sentir que Natasha Romanoff teve sua história contada de forma justa.
Ficha técnica
Título: Viúva Negra (Black Widow)
Direção: Cate Shortland
Roteiro: Eric Pearson
Ano: 2021
Data de lançamento: 09 de julho de 2021 (Disney+ e cinemas)
Duração: 134 minutos
Sinopse: Natasha Romanoff, também conhecida como Viúva Negra, confronta o lado mais sombrio de sua história quando surge uma perigosa conspiração ligada ao seu passado.
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