Review: Yakuza Like A Dragon é o JRPG excêntrico que você sempre quis jogar
Review: Yakuza Like A Dragon é o JRPG excêntrico que você sempre quis jogar
A aventura de Ichiban Kasuga é surreal e verdadeiramente inesquecível.
Não é todo dia que você topa com um jogo como Yakuza: Like a Dragon. Ainda que toda a série Yakuza tenha o absurdo e o melhor do humor japonês como uma de suas raízes, o sétimo (ou oitavo) game da franquia vai muito além, reinventa a saga, mas mantém tudo aquilo que tornou icônicas essas histórias de mafiosos japoneses surtados.
Com o lançamento do upgrade para o PlayStation 5 no mês passado, finalmente tive a chance de jogar com o Ichiban para contar para vocês tudo sobre a nova direção da saga Yakuza.
Isezaki Ijincho te convoca! Preparado?
O que é Yakuza: Like a Dragon?
Yakuza: Like a Dragon – ou Ryū ga Gotoku 7: Hikari to Yami no Yukue (Like a Dragon 7: Whereabouts of Light and Darkness) – é o oitavo game da franquia e é considerado o sétimo capítulo da história, se contarmos Yakuza 0 como um prelúdio.
Este é um jogo desenvolvido e distribuído pela SEGA, produzido para PlayStation 4, PC, Xbox One e com atualização para PlayStation 5 e Xbox Series S e X. No Japão, o título foi lançado em Janeiro de 2020 e só foi chegar no ocidente em 10 de Novembro. Já o upgrade para a nova geração de consoles foi lançado entre Fevereiro e Março de 2021.
Like a Dragon serve como continuação para a saga Yakuza, mas também como um soft reboot da série, apresentando os conceitos centrais da história para uma nova geração enquanto tenta reinventar mecânicas consolidadas da franquia. A história traz um protagonista diferente dos outros sete games, muda o estilo de combate de ação em tempo real para um sistema em turnos, com equipe, e muda o cenário da aventura, explorando uma nova área fictícia (inspirada no mundo real) do Japão.
É importante dizer que Like a Dragon é o primeiro da franquia Yakuza a receber uma tradução completa em português – que ficou disponível no mês passado. Narração, falas e títulos foram todos localizados e está tudo perfeito para você jogar sem precisar se preocupar com o idioma.
O que achamos de Yakuza: Like a Dragon?
Confesso que queria testar esse game faz um tempo. Conheço a franquia desde suas origens, lá no PlayStation 2, mas só ano passado sentei para jogar Yakuza Kiwami (o remake do primeiro Yakuza) de fato e me apaixonei completamente. É uma mistura de absurdo, diversão, drama e porradaria que é meio difícil não amar, sabe?
Assim, quando Like a Dragon estava para chegar no ocidente, eu estava super animado… mas o game foi lançado em uma época péssima, nos primeiros dias do PlayStation 5 e do Series X (sem upgrade para a nova geração), então ficou difícil. Agora, porém, com a atualização para a nova geração e mais de 60 horas depois, posso dizer que valeu a pena esperar.
Testei o game no PlayStation 5, já atualizado, e os visuais são ótimos. Seja no gameplay normal ou nas cenas cgs, Like a Dragon ganha mais cores, mais texturas, mais luzes e toda a aura caótica das cidades da história, seja Kamurocho ou Ijincho, fica mais impactante. E, claro, ver um pouco mais de emoção nas expressões faciais dos personagens torna a experiência mais pessoal.
A versão de PS4 é bonita e você terá uma experiência satisfatória nos consoles da geração passada. Também, não é um gráfico comparável a jogos criados já para o PS5 – é um update, no fim das contas. Mas é uma bela evolução, sem dúvidas.
No entanto, a série Yakuza não é conhecida pelos gráficos e texturas. Essa é uma saga que se fixa em heróis e vilões cativantes, em situações absurdas, porradaria de primeira, em uma narrativa que mais parece um novelão das nove e no humor. Assim, mesmo com a proposta de reinvenção, Like a Dragon se mantém fiel às raízes da franquia.
A melhor parte do game é o protagonista. Não me levem a mal, o Kiryu é icônico, mas depois de carregar a franquia por 15 anos, ele estava precisando de uma folguinha. O Ichiban assume o posto como ninguém; ele é tanto o herói que podemos almejar ser, como o nerd viciado em Dragon Quest que já somos. Representatividade, né?
Ichiban Kasuga é daqueles protagonistas que te fazem comprar as histórias mais absurdas. Tem coração, nuance, humor, dá gosto de estar na pele dele. E tudo isso é elevado pelos companheiros de equipe que vão chegando, pelos vilões que se revelam ou pelos personagens secundários. É uma enxurrada de carisma e personalidade em cada canto do game.
Se vocês entenderam o que eu disse até agora, a saga Yakuza é um novelão – e o novo capítulo não é diferente. A história é uma grandiosa montanha-russa, lotada de reviravoltas, mas com um gostinho novo. Dessa vez, o game coloca essas entidades míticas como a Yakuza em uma era moderna, em 2020. Elas funcionam ainda? Como essas ideias envelheceram?
Mais ainda: o jogo revisita toda a série Yakuza, de formas mais descaradas ou como easter-eggs. Presta homenagens, revela o destino de personagens, de lugares clássicos e às vezes até faz um embate épico entre o “velho” e o novo. É como se o game não falasse apenas na Yakuza como instituição, mas da própria saga em si, questionando como essa história pode continuar a partir de agora.
A resposta é ótima, bem explicada e deve agradar os recém-chegados, mas, principalmente, os fãs de longa data.
Pensando na franquia, Like a Dragon possui um escopo maior e um desenvolvimento mais interessante que os games anteriores. Ijincho, o mapa principal, é enorme, mas você ainda tem a chance de visitar Kamurocho, cenário clássico da saga, e Sotenbori, também de tamanho considerável. A história possui 15 capítulos, você consegue recrutar até sete personagens, são inúmeros minigames, dos mais complexos aos passatempos, quarenta histórias secundárias e mais uma porrada de missões extras. É MUITA coisa para te entreter. Finalizei o game com 60 horas e tem coisas que eu nem cheguei a experimentar ainda.
Tudo isso é clássico de Yakuza, só que Like a Dragon deu um passinho além. Não só nas opções de jogo, mas nas situações que esse universo te oferece. O game aumentou a dose também nos absurdos – provavelmente você já viu alguma foto dos “bebês adultos’ de uma das missões rodando a internet – e, mesmo que beire o grotesco em alguns momentos, isso fez com que a personalidade de toda a saga se tornasse mais sólida.
Exagerar o que já era maluco fez essa característica finalmente se tornar uma das marcas da franquia, que, antes, só quem jogava conhecia esse lado.
O que não é clássico Yakuza é o novo sistema de batalha. Saindo do já consolidado combate em tempo real dos games anteriores, Like a Dragon apostou em batalhas por turno, com equipe, no melhor estilo JRPG. E funcionou, é muito, muito legal! O único porém aqui é que o sistema tem vários bugs de movimentação, principalmente no início da luta, que faz seus personagens ficarem presos em obstáculos e tudo mais. É engraçado, mas irrita também.
Movimentação é um problema geral no game. Uma das “assinaturas” de Yakuza é você andar esbarrando nas pessoas e coisas, mas aqui isso cansa, às vezes são muito obstáculos e você só quer continuar seu percurso em paz. E vibrar o controle toda vez que você esbarra em algo ou alguém não é lá muito interessante, quando isso acontece mais do que você gostaria.
Não posso terminar sem citar como o fator JRPG é um dos núcleos desse jogo e como isso é genial. Like a Dragon tem todo tipo de referência a JRPG que você pode imaginar, das mais diretas, como Dragon Quest, às mais bizarras, como os Sujimons. Todo o game foi construído em cima da ideia de um RPG na “vida real”. Então você tem o tank, o mago, o healer, o assassino, invocações, masmorras, classes e tudo mais, mas tudo traduzido para a banalidade do cotidiano.
É impossível não rir quando você entende quem é o mago e o porquê da arma dele ser aquela, por exemplo. Ou não se sentir nostálgico estudando melhor as “ocupações” da sua equipe. É um humor inteligente e… pitoresco(?), incluso nos mínimos detalhes do game, que aumenta seu charme ao máximo.
Qual a nota de Yakuza: Like a Dragon?
Uma experiência como a que Yakuza: Like a Dragon oferece é única, eu diria. Esse é um RPG da banalidade que brinca com tudo, até consigo mesmo, sem perder a graça.
Com o Ichiban você vai viver uma jornada viciante, emocionante, engraçada e surpreendente. Mesmo com uns errinhos aqui e ali, é um jogo indispensável para quem gosta de JRPG ou RPGs no geral, de sentar a porrada nos inimigos, de cultura e humor japonês e situações… intensas.
Portanto, a nota de Yakuza: Like a Dragon é 4,5 estrelas heroicas e brilhantes, especiais para o herói de Ijincho, Ichiban Kasuga!
Mas e você, já conhece a franquia? Não esqueça de comentar!
Veja agora nossa lista sobre jogos de PS5: