Review – Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é um delicioso JRPG clássico
Review – Voice of Cards: The Isle Dragon Roars é um delicioso JRPG clássico
O truco RPG do Yoko Taro, criador da franquia NieR, foi feito para os fãs das antigas do gênero.
Yoko Taro é uma daquelas figuras na indústria dos jogos que tem sempre uma carta na manga para surpreender o público. Nesse caso, literalmente.
Depois da nova versão de NieR Replicant, no início do ano, a aposta do diretor para encerrar 2021 foi mais simples, mas, ainda assim, peculiar: um RPG de cartas e tabuleiro para consoles e PC.
Voice of Cards: The Isle Dragon Roars foi lançado no final de outubro e é verdadeiramente encantador – prometendo uma franquia nesse estilo peculiar. Demoramos, mas testamos o game e é incrível como, mesmo fora do radar de blockbusters, esse é facilmente um dos melhores RPGs do ano.
FICHA TÉCNICA
Título: Voice of Cards: The Isle Dragon Roars
Desenvolvedora: Square Enix
Distribuidora: Square Enix
Plataformas: PS4, PC e Switch
Lançamento: 28 de Outubro de 2021
Gênero: RPG
Linguagem: Inglês e Japonês
Tradução para o Português: Não
Modos: Single e Multiplayer
JRPG CLÁSSICO, MAS INUSITADO
É difícil falar sobre JRPG, ou RPG no geral, hoje, sem citar o nome do Yoko Taro. O diretor japonês é um dos nomes mais importantes e peculiares do gênero, responsável por games vanguardistas, como Drakengard e NieR. Assim, quando ele assina um novo título, não dá para ignorar.
Voice of Cards: The Isle Dragon Roars foi anunciado alguns meses atrás, já com uma demo disponível para Switch (e para as outras plataformas, dias depois). Diferente de tudo o que o diretor já havia mostrado em sua carreira, esse game simula um jogo de RPG de mesa, com narrativa do mestre da campanha, cartas, tabuleiros, fichas e dados. Interessante, certo?
A demo em si já mostrava quase tudo o que o jogo viria a oferecer. Voice of Cards é todo feito com cartas, dos mapas e cenários, até personagens, itens, armas, magias, monstros e colecionáveis. É um design tão incrível que, sozinho, é o suficiente para gerar interesse na comunidade. A arte é fantástica e gera um tipo de ambientação singular, envolvente e nostálgica para o jogador, mesmo que você nunca tenha experimentado um RPG de mesa.
Junte o design à lindíssima – e, agora, premiada – trilha sonora (uma assinatura dos games do Yoko Taro), efeitos visuais inteligentes, um combate simples, mas divertido, todas as possibilidades de “um mundo feito de cartas” e é difícil dizer que Voice of Cards não é, no mínimo, um dos jogos mais legais de 2021.
Mas todo o diferencial do trabalho do Yoko Taro não está apenas nas questões técnicas do game. O diretor é conhecido por sua narrativa única, que gera reviravoltas ao distorcer a própria forma da história, brincando com as expectativas do jogador. E mesmo que Voice of Cards seja mais “leve” nesse sentido, ainda há espaço para os malabarismos do autor.
Como dito, uma demo foi lançada logo no anúncio do game e ela é mais importante do que parece. Nela, você joga com um trio da Ordem de Marfim, completando uma missão para a Rainha. É um teste rápido, mas eficiente na construção de mundo e apresentação de personagens. No entanto, esses não são os heróis do jogo final.
A demo funciona como um prelúdio para Voice of Cards, uma mini-história sobre o trio de agentes da Ordem que acabam se tornando seus rivais na história. No game final, você joga com aventureiros diferentes, competindo com os personagens da demo na missão de eliminar o dragão que aterrorizou a Rainha.
Dessa vez, mesmo com algumas nuances sensacionais, não é a narrativa em si que te prende na obra do Yoko Taro. É uma história tradicional de RPG, de mesa ou virtual, com arquétipos definidos, mistérios, piadas e algumas reviravoltas chave. Não é nada muito profundo, mas é boa o suficiente para te deixar um mínimo intrigado.
O que te pega mesmo é como tudo isso é contado. Você começa o game com uma saudação do Mestre em uma sala escura, como se você tivesse chegado na casa de um amigo para uma partida de RPG. A narração dele, com voz cansada, às vezes desinteressado, dá todo o charme para a experiência.
Aí você tem o mundo de cartas, as batalhas com rolamento de dados – e sons e texturas, como se fossem peças reais – seu peão caminhando pelo mapa e até a repetição de artes de NPCs para moldar um universo absurdamente imersivo. Tem até eventos armadilha do Mestre, que podem te pegar desprevenido durante a aventura.
No lugar dos exageros visuais, sonoros e narrativos de NieR, Yoko Taro apostou aqui em uma simplicidade muito, muito bem-vinda e corajosa. Voice of Cards é um game que tem um gostinho daqueles RPGs de Nintendo e PSOne, ou de campanhas de RPG de mesa, mas tudo embalado em uma roupagem nova, que não cansa e te faz querer ver mais.
O único problema é esse, na verdade: você fica querendo mais. É um game consideravelmente curto e contido, mas com tanto potencial que é uma pena parar por aí. É quase como um experimento para que, como título e estrutura sugerem, vejamos novas aventuras no universo de Voice of Cards no futuro, além da “The Isle Dragon Roars”.
Nota:
Em uma indústria que aposta cada vez mais na megalomania de gráficos, tamanho e mecânicas hiperdetalhadas, é estranho ver um título como Voice of Cards: The Isle Dragon Roars vir de um nome tão importante. Mas, ao mesmo tempo, é quase um alívio ver que, dentro das produtoras blockbuster, ainda existe a vontade de testar conceitos de aventura e magia clássicos em novos formatos.
Voice of Cards é um game surpreendentemente divertido, leve e empolgante, um verdadeiro deleite para os fãs de RPG de longa data. É só uma boa aventura e, às vezes, é exatamente isso que nós precisamos de um jogo.
Por tudo isso, Voice of Cards: The Isle Dragon Roars leva 8,5/10 da Legião dos Heróis. Fico agora na esperança de uma sequência!
E aí, já conhece o trabalho do Yoko Taro? E Voice of Cards? Não esqueça de comentar!
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