Review: Psychonauts 2 é uma jornada psicodélica maravilhosa
Review: Psychonauts 2 é uma jornada psicodélica maravilhosa
Jogo é uma viagem extremamente divertida!
Lançado em 2005, o primeiro Psychonauts encantou o mundo com seu humor voraz e história divertida, mesmo que suas vendas não tenham sido tão grandiosas o jogo foi aclamado pela crítica especializada. Agora, dezesseis anos depois, finalmente temos a continuação desta história incrivelmente lúdica e, para a alegria dos fãs, Psychonauts 2 é uma jornada psicodélica ainda mais grandiosa e vibrante.
Sendo encantador em todos os aspectos, o jogo entrega uma história engraçada, cenários bem detalhados e horas de diversão em uma trama direta com jogabilidade simples. Seja você um fã de longa data ou um novato que está descobrindo a franquia agora, Psychonauts 2 agrada por ser simplesmente adorável.
Ficha Técnica
Título: Psychonauts 2
Lançamento: 25 de agosto de 2021
Desenvolvedora: Double Fine
Gênero: Plataforma
Plataformas: Xbox, PlayStation 4, PC
Modos: Single player
Um mundo bizarro, colorido e encantador
Psychonauts 2 começa trazendo uma rápida recapitulação sobre os eventos do primeiro jogo, o que funciona para introduzir este universo para aqueles que não tiveram a oportunidade de jogar o original. A cena inicial reapresenta Razputin Aquato, mais conhecido como Raz, o jovem acrobata que, ao desenvolver habilidades psíquicas, foge do circo de sua família para tentar entrar aos Psiconautas — um grupo de espiões e agentes secretos que tentam manter a paz utilizando seus dons mentais.
Pego em uma conspiração insana, Raz consegue provar seu valor e, por causa disso, o segundo game mostra o garoto seguindo em novas missões e desventuras. Agora, enquanto tenta desvendar quem é o traidor dentre os Psiconautas, o jovem também precisa impedir a temível Malíguna de espalhar o caos com seus poderes terrivelmente sombrios.
Logo na primeira missão já é possível se maravilhar com a maneira que Psychonauts 2 destoa de muitos jogos de plataforma. Trazendo cenários bizarramente caóticos e personagens com um design único, você é fisgado logo de cara neste universo de pessoas com habilidades psíquicas e humor peculiar.
Ao longo do jogo você precisa perambular pela mente de várias pessoas, buscando por respostas ou descobrindo traumas que justificam algumas das ações de cada personagem. Simplesmente não existe uma mente igual a outra. Ricas em detalhes e estilos únicos, cada “fase” é um espetáculo a parte, trazendo um conceito que é explorado de forma exagerada e que funciona justamente por isso.
Seja avançando por um hospital cassino com luzes neon, mergulhando em uma viagem sensorial extremamente coloria inspirada no festival de Woodstock, um programa culinário caótico ou afundando em um mar de arrependimentos, cartas não enviadas e caos capilar, tudo é simplesmente intenso. Dentre os vários adjetivos que poderiam ser utilizados para descrever a experiência que é perambular por esses espaços, bizarro e maravilhoso talvez sejam os que se encaixam melhor com o que encontramos no game.
Mesmo nos momentos mais caóticos e melancólicos, tudo é desenvolvido com tanto cuidado e criatividade que leva um certo tempo até você conseguir absorver todas as informações. Carregados de texturas e designs únicos, o jogo entrega um espetáculo psicodélico e surrealista.
Carregado de piadas e trocadilhos, Psychonauts 2 arranca risadas por sua ousadia — e falta de limites, em alguns casos — abusando das situações para criar inúmeras situações divertidas. Com um texto inteligente e um ritmo frenético, é impossível não se render ao humor único do game.
Indo além de uma trama sobre entender o seu lugar no mundo e descobrir responsabilidades conforme cresce, a história desenvolve os personagens de uma maneira muito interessante. Ao adentrar a mente dos seus amigos e inimigos, é possível encontrar cenas de extrema vulnerabilidade emocional e psicológica.
Cercadas por dúvidas, ideias ruins, mau-humor e ataques de pânico, as mentes apresentam histórias que são inesperadamente complexas. Por baixo da camada colorida repleta de cenários engraçados, encontramos personagens que sofrem com perdas e abandono, não superaram os erros do passado ou estão sufocados pelo medo.
Navegar por essas histórias é muito interessante e, longe de destoar da diversão leve que o jogo propõe, a combinação gera uma trama surpreendentemente mais profunda que pode agradar aqueles que buscam por isso em seus games. O resultado disso são personagens únicos e cheios de camadas de complexidade, mesmo os mais caricatos. Some isto com o design exótico e e único de cada personagem e você tem um elenco maravilhoso que adiciona muito a história que está sendo contada.
Jogabilidade simples, entre erros e acertos
Não existe muito segredo no que diz respeito a jogabilidade de Psychonauts 2. Ao visitar as mentes, você precisa completar missões variadas enquanto coleta bagagens emocionais e outras parafernálias espalhadas pelo mapa. Usando suas habilidades para passar por etapas específicas, o aspecto de exploração foi o que mais me divertiu no jogo, justamente por consistir de alguns puzzles simples ou exigir usos criativos do cenário e seus poderes.
Quando não está em uma missão — ou seja, quando você está fora da mente de alguém — você pode explorar o quartel general dos psiconautas ou revisitar o acampamento do primeiro game, conversando com NPCs e fazendo missões secundárias que exigem que você encontre objetos aleatórios. Ainda que o mapa não seja exatamente vasto, é possível investir algumas horas se divertindo enquanto vasculha cada canto e se esforça para obter todos os itens escondidos.
No entanto, os combates deixam a desejar. É extremamente fácil derrotar os inimigos menores, que surgem de forma esporádica em alguns pontos das missões. Os chefões, ainda que um pouco mais difíceis, também não oferecessem um desafio grandioso que faria jus ao seu impacto na trama. A impressão que fica é que este ponto não recebeu a mesma atenção e cuidado que o resto do jogo, sendo mais um pequeno incomodo na exploração do mapa e na descoberta de uma história muito mais interessante.
Apesar disso, é preciso reconhecer que, como conceitos, os inimigos foram muito bem pensados e se encaixam na proposta de exploração mental. Cada pequeno oponente (censores, arrependimentos, ataques de pânico, ideias ruins e muitos outros) possui uma habilidade que combina com o que eles representam (arrependimentos pesam em você, ataques de pânico sobrecarregam seus sentidos, ideias ruins disparam para te atrapalhar…). Já os chefões exigem a combinação de estratégia e mobilidade para superar adversidade.
O problema é realmente que, em alguns momentos é mais difícil pular as plataformas 3D do que superar uma massa de inimigos agressivos — algo que fica ainda mais fácil conforme você amplifica suas habilidades.
A falta de um direcionamento mais claro também afeta algumas partes do jogos. É fácil se perder entre objetivos, o que resulta em algumas voltas extras pelo mapa até achar onde você deveria ir, ou dúvida sobre como exatamente você consegue ultrapassar um obstáculo em suas missões por faltar indicações.
Nota
Contudo, nem mesmo os pontos menos brilhantes de Psychonauts 2 consegue ofuscar o que nos é apresentado. Com uma narrativa inteligente, um humor afiado e uma história psicodélica, colorida e encantadora, o game garante horas de entretenimento e diversão que são um espetáculo.
Com camadas surpreendentemente profundas em meio a um ambiente lúdico, ousado e vibrante, temos um jogo que não tem medo do exagero e da galhofa, o que resultou em um título que me agradou profundamente.
No fim, o jogo parece ser curto demais não por faltar conteúdo, mas por apresentar um universo tão maravilhoso que sentimos vontade de continuar nele por mais tempo.
Levando tudo isso em consideração, Psychonauts 2 recebe a nota 8,5 da Legião dos heróis.
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