Review: Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl conseguem divertir apesar dos problemas
Review: Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl conseguem divertir apesar dos problemas
Com visual peculiar, alguns bugs e escolhas duvidosas, remake ainda consegue se manter no padrão dos jogos da franquia.
Atualmente todo anúncio de um novo jogo de Pokémon é marcado pelo mesmo ciclo vicioso. Basta sair um trailer para que as pessoas comecem a reclamar nas redes sociais e, com o lançamento do jogo, vemos inúmeros vídeos apontando os defeitos e bugs encontrados. Com Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl, remakes dos adorados Pokémon Diamond/Pearl, isso não foi diferente. Chegando com um estilo chibi que dividiu opiniões, as novas versões até conseguem ser divertidas mas apresentam diversos problemas.
*Esta review foi feita com base em Pokémon Brilliant Diamond
Ficha Técnica
Título: Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl
Desenvolvedora: ILCA
Distribuidora: Nintendo, The Pokémon Company
Plataformas: Nintendo Switch
Lançamento: 19 de novembro de 2021
Gênero: RPG
Modo: Single-Player
Um novo visual
Começando a review pelo que mais tem chamado atenção desde o primeiro trailer, Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl chega trazendo um novo visual para a franquia. Tentando emular o estilo chibi, a fofa arte japonesa, o remake se esforça para evocar um visual mais adorável. Na maioria das vezes, no entanto, o resultado é apenas desconcertante e esquisito.
Ainda que a franquia Pokémon não seja conhecida por seus gráficos exuberantes, o estilo “cabeçudinho” adotado nos novos jogos mais falha do que acerta. Como bem lembraram os memes, o jogo acaba remetendo ao finado Buddy Poke, tanto por seu visual mais travado, quanto pela falta de acabamento em algumas partes.
Diferente de Legend of Zelda: Link’s Awakening, outro jogo da Nintendo para o Switch que aposta no estilo próximo ao chibi, que consegue ser adorável em todos os mínimos detalhes, Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl se torna um tanto esquisito e incomodo tanto durante o jogo, quanto nas cutscenes.
Mesmo que você se acostume com o visual ao longo do jogo, e até chegue a achar algumas coisas mais fofas, a minha experiência foi de estranhamento com esse visual, especialmente quando rolava um zoom nos personagens, ou quando a arte era modificada nas batalhas e você era confrontado com um estilo completamente diferente — e melhor lapidado — do que vemos ao longo do jogo.
Talvez se houvesse um pouco mais de atenção aos detalhes e um refinamento nas artes, o resultado seria algo admirável e indiscutivelmente lindo (como acaba sendo o caso de Link’s Awakening), mas o remake de Pokémon, ainda que ousando em uma direção inesperada, acaba parecendo um downgrade em relação ao resto da franquia, especialmente depois de Let’s Go Pikachu e Let’s Go Eevee e Sword e Shield.
De difícil já basta a vida?
É sempre importante lembrar que, no seu cerne, Pokémon é um jogo para crianças. Mesmo que muito adorada por fãs de todas as idades, como é o meu caso, a franquia foi feita pensando primeiro nos pequenos. É até por isso que os jogos não são conhecidos por sua dificuldade ou grande desafio, apesar dos muitos momentos frustrantes ao combater os adversários ou tentar derrotar um ginásio Pokémon. Com Brilliant Diamond e Shining Pearl a situação é um tanto diferente.
Praticamente não há dificuldade no remake. É possível simplesmente avançar por boa parte do jogo apertando apenas um botão, sem nem pensar muito nisso ou se preocupar com poções e estratégia. Isso porque os adversários — e até mesmo os Pokémon selvagens — acabam fazendo escolhas ainda mais duvidosas do que já costumava rolar na franquia.
Se você está esperando algo mais desafiador e que te faça considerar quais golpes você planeja utilizar para avançar contra os inimigos, talvez seja melhor diminuir suas expectativas e se preparar para repetir o mesmo movimento por boa parte do game.
Bugs pelo jogo
Neste ponto é bem provável que você já tenha visto os inúmeros vídeos sobre os vários bugs e problemas presentes em Brilliant Diamond e Shining Pearl. Por esse motivo não faz sentido ficar falando sobre eles em detalhes.
Bugs são algo presentes em todos os jogos e, apesar de serem chatos ou engraçadinhos, não encontrei nada que atrapalhasse completamente minha jogatina no remake. O máximo que acontece é ficar um pouco chocado ou rir de nervoso com o fato de que esses erros acabaram passando na versão final do jogo.
Algumas coisas, no entanto, são bem mais difíceis de relevar. É o caso dos problemas envolvendo os Pokémon que te seguem pelo mapa. É aqui que fica mais evidente a falta de polimento — e até mesmo de carinho — por alguns dos aspectos mais legais da franquia.
Sabemos que, levando em conta o próprio anime e os outros jogos, as proporções, tamanho e peso de cada criaturinha nunca foram muito respeitados ao longo dos anos. Contudo, o que o remake entrega é simplesmente agoniante. Alguns Pokémon conhecidos por seu tamanho imponente e assustador, como Gyarados e Rayquaza, foram reduzidos para uma figura triste e minguada que quase somem entre os detalhes do mapa.
Mas o problema não para aí. Outros Pokémon simplesmente não foram animados para se movimentar, como é o caso de Milotic e Ekans, por exemplo, que apenas são arrastadas atrás do jogador sem nenhum tipo de reação. O resultado é especialmente frustrante quando lembramos que, ainda que sendo de um estúdio diferente, não muitos anos atrás, Pokémon Let’s Go Pikachu e Let’s Go Eevee, conseguiram entregar animações excelentes nesse sentido.
Um remake fiel ao clássico
Para todos os efeitos, Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl é um remake que tenta ser extremamente fiel aos jogos originais. Apesar do novo visual e de uma ou outra alteração, ainda é o mesmo game clássico, com a história épica que marcou a franquia Pokémon e trouxe grandes conceitos envolvendo tempo, espaço e Deus para o mundo dos monstrinhos adoráveis.
Isso significa que, mesmo com seus problemas, o jogo continua sendo uma opção consistente para os fãs que querem relembrar os originais, ou ainda ser o primeiro contato de uma nova geração com Diamond e Pearl. Nisso, o remake cumpre seu papel com maestria, deixando mais acessível um jogo maravilhoso que, infelizmente, não estava disponível para muitos fãs.
A grande questão é que essa luta pela fidelidade é uma faca de dois gumes e em alguns momentos parece que faltou coragem — ou criatividade — em pegar o que já era maravilhoso e transformá-lo em algo excelente. Talvez até mesmo absorvendo conceitos interessantes que foram introduzidos em outros jogos da franquia. Isso, no entanto, é mais sobre a vontade de um fã do que uma falha na proposta do jogo, afinal, desde o primeiro trailer ficou claro que a intenção era trazer (mesmo que com um visual diferente) o jogo clássico de volta.
Apesar disso, o jogo dá pequenos passos em direção à atualização do título. Tanto em coisas pequenas, como a personalização dos protagonistas, como em aspectos que realmente fazem uma grande diferença na jogabilidade, como ao permitir que você utilize o Pokétch para executar tarefas chatas para abrir caminho pelo mapa.
Também temos o Grand Underground que funciona quase como um jogo a parte, trazendo os Pokémon andando livremente pelo mapa, um recurso que os fãs realmente gostam de ver. Além de ser um local excelente para capturar novas criaturinhas poderosas, é simplesmente divertido ficar perambulando por ali ou decorar o seu próprio covil.
Funciona, apesar dos pesares
Preso na sua missão de ser fiel ao clássico, ao mesmo tempo que tenta trazer algumas (poucas) novidades para o título, Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl deixa a sensação de ser mais do mesmo, deixando um gosto amargo na boca por não ter o mesmo brilho — que talvez cintile apenas por causa da nostalgia — dos originais.
Contudo, ele está longe de ser terrível ou de não conseguir cumprir seu papel de entreter. Há muito a se fazer no game e a quarta geração de Pokémon é conhecida por sua história excelente, o que se mantém no remake. Assim, é importante ressaltar que mesmo apresentando problemas, entre bugs e um estilo que não é apreciado pela maioria, o jogo continua sendo divertidinho.
No fim do dia, ainda é Pokémon e isso é algo que vem com o peso de grandes expectativas, ao mesmo tempo em que a franquia se recusa a mexer em time que está ganhando e, de fato, investir em tentar se reinventar. O que isso significa? Que Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl é um remake aceitável, ainda que deixe a impressão (e o desejo) de que ele poderia ser bem melhor. Levando isso em consideração, o jogo leva a nota 6 da Legião dos Heróis.
Pokémon Brilliant Diamond e Shining Pearl já estão disponíveis no Nintendo Switch.
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