Review: Mario Golf Super Rush diverte com multiplayer, mas decepciona na aventura
Review: Mario Golf Super Rush diverte com multiplayer, mas decepciona na aventura
O novo título da série Mario Golf deixa a desejar no modo aventura, dependendo de outros jogadores para que tenha uma chance de brilhar
Os derivados de Mario voltados para os esportes são considerados grandes sucessos da Nintendo, com séries de jogos próprias que continuam trazendo novos títulos mais de vinte anos após sua estreia. Esse é o caso de Mario Golf Super Rush, mais novo título da saga que traz o golfe para o reino do encanador, adicionando poderes e obstáculos únicos à franquia.
O jogo que chegou ao Nintendo Switch é cheio de potencial, e diverte no modo multiplayer – mas deixa a desejar no modo história, que demora a entregar a aventura que seu nome promete.
Ficha Técnica
Lançamento: 25 de junho de 2021
Desenvolvedora: Camelot
Distribuidora: Nintendo
Plataforma: Nintendo Switch
Gênero: Esporte
Número de jogadores: 1 a 4 jogadores
Um novo campeonato
A série Mario Golf já passou por inúmeros consoles, apresentando personagens e cenários variados. Diferente de jogos feitos para simular esportes, no entanto, o game não se apega demais às regras do esporte real, as apresentando de modo simplificado para que novatos também possam aproveitar o título. O mais novo título da franquia não é exceção – e, em certos momentos, se torna cansativo em seus esforços de explicar tudo detalhadamente.
Como esperado principalmente para os jogos de Mario no Switch, o jogo não deixa a desejar em termos de performance. Independente do modo ou da quantidade de efeitos em tela, tudo funciona do jeito que deveria. Os tempos de loading são bastante breves, e não são um problema na maior parte do tempo. O único incômodo acontece no modo história, onde é preciso ir de um mapa a outro várias vezes, levando a vários breves loadings um atrás do outro.
O visual também é bem feito, com os cenários mais complexos cheios de detalhes que claramente foram feitos com cuidado. Mesmo o que aparece mais ao fundo não é feito com descaso, e os trajetos liberados no fim da história contam com vários elementos dinâmicos que deixam tudo mais vivo e interessante.
No quesito som, embora o jogo não tenha qualquer problema com qualidade, seu problema é a repetição. Cada personagem tem dois ou três sons para representar suas falas, o que acaba sendo muito pouco dado o quanto alguns deles falam. Em certos momentos, se torna insuportável escutar Toad gritar as mesmas duas coisas repetidamente enquanto alguma mecânica é explicada.
Passando para os modos, o novo Mario Golf conta com três no total. O primeiro, intitulado apenas Play Golf é o modo livre, no qual os jogadores podem escolher um modo, campo, personagens e número de jogadores como bem entenderem. O segundo é o Solo Challenge, onde um jogador pode enfrentar desafios de tempo ou número de jogadas sozinho. Por fim, temos o modo história, chamado de Golf Adventure, no qual você cria um Mii que protagoniza a trama como um jogador de golfe novato.
Em termos de jogabilidade, apesar de incluir alguns termos relativos ao golfe, o jogo não apresenta muitas mecânicas difíceis de serem entendidas, mesmo para novatos. O terreno, vento e os diferentes tacos influenciam nas suas jogadas, mas é simples entender como cada coisa funciona. Além disso, cada personagem do jogo conta com um tipo diferente de especial, que vai desde impacto em área à congelar o terreno ou “amaldiçoar” outros jogadores.
Quando se trata dos controles, é possível jogar tanto com o controle normal quanto utilizando o motion control. Por causa das variáveis mencionadas acima, os controles normais não são exageradamente fáceis. Por outro lado, o controle de movimento é um pouco mais difícil até pegar o jeito, mas pode ser um meio mais divertido de jogar.
Um novato no circuito de Mushroom Kingdom
O modo aventura é, sem dúvidas, a parte mais decepcionante do jogo. Como já mencionado, a história é protagonizada pelo próprio jogador, por meio de um Mii, o avatar utilizado pela Nintendo em vários de seus jogos. Ao longo do game, você ganha pontos para utilizar em atributos como força, velocidade, controle e outros. Além disso, é possível personalizar as roupas e tacos utilizados pelo seu personagem, que dão vantagens em diferentes aspectos, como diminuir desvantagens em certos terrenos. Como um iniciante, você recebe algumas lições e participa de um campeonato com outros principiantes no esporte – Boo, Toadette e outros personagens secundários do universo de Mario.
Ao todo, são seis áreas diferentes. Conforme você supera obstáculos e avança na história, uma nova área é desbloqueada, e é hora de se aventurar em um novo mapa, encontrando novos personagens e adquirindo novas habilidades. Na prática, isso é menos divertido do que parece, e boa parte do jogo parece apenas um grande tutorial, ao mesmo tempo em que tem um nível de dificuldade nada coerente.
Em boa parte do tempo, uma mesma estrutura se repete: você aprende algo novo, joga sozinho, passa por uma fase de competição com um NPC e enfrenta o último desafio antes de avançar para o próximo local. O grande problema é que não há muita trama em meio a isso para justificar que isso seja o modo aventura, e não apenas um treinamento ou tutorial. Tudo se resume à “jogador novato se tornando fenômeno do golfe”, algo que funciona como premissa, mas não é o suficiente para carregar todo um modo supostamente voltado para uma história – principalmente em um game que se passa em um universo fantástico e cheio de possibilidades, como é o caso.
A primeira parte é cansativa o suficiente para dar vontade de desistir e deixar o jogo de lado, pois além de repetitiva tem uma curva de dificuldade que não se justifica. Enquanto os desafios intermediários são difíceis demais, quando você os supera e enfrenta a próxima etapa, que em teoria deveria ser a mais difícil da zona por ser a última, ela se mostra muito mais fácil que a anterior.
Isso acontece mesmo em relação às regras apresentadas, indo além da sensação de dificuldade. Em uma das etapas, por exemplo, a limitação de pontos era bem mais restrita no segundo circuito da área do que no último, que era o que precisava ser superado para se avançar para a próxima área. Principalmente para os jogadores novatos, a dificuldade extrema em determinadas partes pode desencorajar.
Apenas nas duas últimas áreas uma trama digna de aventura é introduzida. Com a entrada de Wario e Waluigi na história, as coisas se tornam um pouco mais divertidas, principalmente com a mudança que eles trazem ao incluírem uma busca por tesouros e inclusão de poderes especiais na história.
Mesmo a jogabilidade muda um pouco nesse ponto, saindo da cansativa estrutura anterior e passando a incluir desafios que parecem mais uma aventura de fato, com direito a enfrentar bosses de modo bem interessante. A variação é drástica, mas muito bem vinda. Na realidade, a parte final do jogo é tão superior ao começo que levanta o questionamento de porque ele não foi construído todo desse modo.
A medalha de ouro vai para o multiplayer
Se o modo história decepciona, o modo multiplayer acerta em praticamente tudo. Seus defeitos são poucos, e nenhum deles é tão grave a ponto de prejudicar o game profundamente.
É nesse modo que é possível jogar com todos os personagens vindos do universo de Mario. Tal como outros títulos entre os derivados de esporte, cada um conta com pequenas variações em termos de força ou velocidade, podendo atingir diferentes distâncias. Ainda assim, tudo é bem equilibrado, e as diferenças não são o bastante para tornar alguns personagens muito superiores a outros.
A possibilidade de escolher o número de buracos também ajuda a tornar as coisas mais interessantes, já que uma partida pode ser tão longa ou tão curta quanto o jogador preferir. Jogar contra os NPCs, no entanto, pode não ser muito legal. Muitas vezes, as habilidades deles parecem propositalmente inferiores, o que deixa o modo pouco competitivo. Jogar com outras pessoas, no entanto, mais que compensa por isso, e o co-op local é uma experiência bem divertida.
No multiplayer, o game apresenta múltiplos modos de competição. O primeiro é o standard, que como o nome indica é bem tradicional: aqui, o que vale é o modo de pontuação do golfe, contando quantas tacadas foram utilizadas até acertar seu alvo final, onde fazer menos pontos é a vantagem. O segundo, speed golf, também é bem autoexplicativo. Nesse modo, é a velocidade que importa, e você tem um limite de tempo para completar um percurso. O último é o chamado battle golf, onde os jogadores competem em uma arena cheia de obstáculos e com diversos buracos. Quem acertar mais objetivos até o fim da partida é o vencedor neste caso.
O modo padrão é bem divertido, embora não conte com diferenciais. Por outro lado, o speed golf deixa as coisas mais dinâmicas com o limite de tempo, o que resulta em partidas mais agitadas. Nesse caso, o caos ocorre na medida certa. É no battle mode que tudo se torna caótico demais, sendo difícil ter noção o suficiente do que acontece para considerar a partida divertida. Para quem gosta de não entender nada do que está acontecendo, no entanto, o modo com certeza deve interessar.
Nota
Mario Golf: Super Rush diverte com multiplayer, mas decepciona na aventura. Com uma história que se parece demais com um tutorial prolongado, é apenas na parte final que a trama traz algo de positivo para o jogo. Acima de tudo, é no multiplayer que ele brilha, proporcionando diversão que, ainda assim, não compensa pelas horas gastas no modo aventura.
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