Falcão e o Soldado Invernal 1×04: O Mundo Está Vendo
Falcão e o Soldado Invernal 1×04: O Mundo Está Vendo
“Melhor nunca significa melhor para todos. Sempre significa pior para alguns…”
É bem difícil analisar esse episódio sem falar, justamente, sobre sua cena final; aquilo que todo mundo achava que iria acontecer, aconteceu: John Walker não aguentou a pressão do serviço e o novo Capitão América deixou sua raiva falar mais alto que a razão.
Todas as cenas do personagem durante o episódio são feitos justamente para mostrar sua transição até o momento em que vemos ele assassinando brutalmente um membro dos Apátridas que já estava no chão e já havia sido derrotado. Como é lembrado no próprio episódio, o soro do supersoldado não aumenta apenas os atributos físicos daquele que o usa, mas também os psicológicos, de forma que uma pessoa nobre como Steve Rogers, tornou-se ainda mais honrada e decidida, já um nazista como o Caveira Vermelha, ficou ainda mais louco.
Admito que não sou um grande fã de Steve Rogers nos quadrinhos, principalmente em suas histórias mais recentes, contudo, Chris Evans e Kevin Feige conseguiram tornar o Sentinela da Liberdade em uma figura bastante carismática e inspiradora, servindo como um grande símbolo de honra nesse universo. Dessa forma, é bem interessante notar como Walker se sente diante de todas as comparações feitas ao Vingador que é, possivelmente, o herói mais “digno” desse universo.
Tudo isso leva ao soldado, que até deveria ser uma pessoa boa antes disso tudo, a fazer decisões cada vez mais influenciadas por seu medo de decepcionar e não ser bom o bastante para assumir esse manto. Isso, somado a tudo que vemos acontecendo nos últimos episódios e de como ele não está nem um pouco preparado para carregar o escudo, culminam em uma cena bem chocante, com o Capitão América matando de maneira violenta um inimigo após seu amigo morrer em combate.
Conversando bastante com o declínio de John Walker, vemos Karli Morgenthau cada vez mais indo para um lado terrorista em sua luta. Toda a discussão que o episódio traz sobre fascismo e imperialismo é bem interessante e casa muito bem com uma visão mais realista e pé no chão de um mundo no qual pessoas com habilidades sobre-humanas existem. E é justamente ai que a série consegue demarcar bem um de seus melhores feitos: não tem como não compreender as motivações dos grandes vilões: Karli e Zemo.
Enquanto a jovem ruiva está lutando pelas pessoas com as quais se importa e contra um sistema que a prejudicou, Zemo continua em busca de tornar o mundo um local sem “deuses” entre humanos. E isso mostra como a Marvel Studios está preocupada em consertar um de seus maiores erros das duas primeiras fases do estúdio: seus vilões.
Tirando Loki e Thanos, poucos vilões dos filmes do Universo Cinematográfico da Marvel são realmente memoráveis, com a maior parte deles sendo desinteressantes e unidimensionais. Alguém ainda se lembra do Chicote Negro de Homem de Ferro 2 ou do Malekith de Thor: O Mundo Sombrio? Provavelmente apenas uma ou outra cena. Contudo, seja com Hela, a Fantasma, Agatha Harkness e, agora, com o Barão Zemo e Karli Morgenthau, estamos vendo muito mais vilões divertidos, interessantes e até mesmo empáticos.
Quando Sam Wilson, o Falcão, vai até Karli e conversa com a líder dos Apátridas no velório, podemos ver muito de como ambos são bem semelhantes. Um pouco alto do episódio é como se lembraram que Sam era o organizador de um grupo de ajuda para soldados com estresse pós-traumático – e utiliza isso para tentar convencer Karli. Todo o diálogo entre os dois personagens é um momento excelente do episódio e volta a mostrar como Malcolm Spellman, o showrunner e principal roteirista da história, compreende muito bem o Falcão.
Outro ponto alto do episódio foram as cenas de ação, com a mais memorável sendo protagonizada pelas Dora Milaje. O exército de elite de Wakanda é um conceito muito interessante e ver mais delas em ação sempre é ótimo, principalmente fora da franquia do Pantera Negra, mostrando toda a influência e poder da nação africana agora que sua existência é conhecida.
Florence Kasumba como Ayo é uma força que merece mais reconhecimento nesse universo e podemos sentir a imponência da guerreira em todas as suas cenas. Falcão e o Soldado Invernal também continua dando a chance de Sebastian Stan mostrar bem mais suas habilidades de atuação – como na cena inicial do episódio, com ele sendo “liberto” da programação da Hydra.
Com apenas dois episódios para a série chegar ao fim, a trama se encaminha para um lugar bem familiar para os fãs do UCM e da franquia do Capitão América, mas ela também possui todas as chances de subverter as expectativas de uma forma bastante surpreendente. Com John Walker perdendo o controle, vai ser bem interessante ver como o governo e o exército americano vão lidar com a situação.
Confira também todos os easter eggs e referências do quarto episódio da série:
Falcão e o Soldado Invernal vai ao ar todas as sextas no Disney+.