Review: The Dark Pictures Anthology House of Ashes é um jogo bom com protagonistas ruins
Review: The Dark Pictures Anthology House of Ashes é um jogo bom com protagonistas ruins
Terceiro jogo da antologia The Dark Pictures não é nada ruim, mas a maior parte dos personagens não ajuda…
A antologia The Dark Pictures chega em seu terceiro jogo. Após um começo insatisfatório e uma boa sequência, House of Ashes traz uma mitologia muito interessante, porém presa a uma história genérica com a maior parte dos personagens sendo caricaturas de arquétipos ultrapassados e chatos.
Na trama acompanhamos um grupo de soldados militares americanos durante a Guerra do Iraque que, em uma missão no Oriente Médio, acabam caindo nas catacumbas abandonadas de um antigo templo sumério e precisam se aliar a um soldado inimigo para tentar sobreviver à noite, já que criaturas assustadoras estão os caçando.
- Ficha Técnica:
- House of Ashes possui uma mitologia incrível, mas está preso a protagonistas insossos
- Nota
Ficha Técnica:
Título: The Dark Pictures Anthology: House of Ashes
Data de Lançamento: 22 de outubro de 2021
Desenvolvedora: Supermassive Games
Distribuidora: Bandai Namco Entertainment
Plataformas: PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Microsoft Windows
Gênero: Drama interativo, horror
Modos: Single-player e multiplayer
House of Ashes possui uma mitologia incrível, mas está preso a protagonistas insossos
Após o gigantesco sucesso de Until Dawn, a Supermassive Games retornou com uma franquia de jogos antológicos que focam em uma narrativa de escolhas – um drama interativo cheio de terror. Dessa forma, caso você não seja do tipo que gosta de jogos que são mais “filmes narrativos”, tanto esse quanto qualquer outro título da antologia não é para você. Porém, se você já sabe o que esperar, pode se divertir bastante, seja sozinho ou com seus amigos.
Na história acompanhamos um grupo das Forças Especiais que, em uma missão durante a Guerra do Iraque em busca de armas nucleares, acaba encontrando um antigo templo sumério que esconde vários segredos. Durante o jogo você e seus amigos podem controlar 5 personagens diferentes, mas o grande destaque do material promocional é a oficial da CIA Rachel King, interpretada por Ashley Tisdale.
No modo online, você consegue controlar diferentes personagens com mais um jogador, trazendo uma jogabilidade cooperativa bem divertida. Você também pode reunir alguns amigos e todos jogarem passando o controle um para o outro conforme o personagem que escolheram for o jogável no momento.
Como os outros jogos da franquia, você precisa fazer escolhas que terão repercussões não apenas na narrativa do seu personagem, mas de outros. O mais interessante é que dessa vez o título traz níveis de dificuldade para os eventos rápidos, nos quais você precisa apertar o botão correto para o personagem sobreviver (ou não) uma cena.
Outra grande mudança na jogabilidade é que agora a câmera não é fixa e você pode explorar as áreas livremente com a ajuda de lanternas, que você pode ligar quando quiser, que os personagens usam junto de suas armas. Sendo a primeira vez que a antologia faz isso, o jogo ainda possui alguns problemas na hora de você explorar os locais, com a câmera não seguindo muito bem os comandos, ou o boneco não “andando corretamente”, ainda assim, são problemas que não influenciam realmente a jogabilidade principal.
O grande triunfo de House of Ashes fica na mitologia e história contada. Como os outros jogos da série, você precisa descobrir “segredos” espalhados pelo mapa que contam a história do local que você está explorando e das criaturas que precisa enfrentar. Os “vampiros” podem até lembrar bastante os Wendigos de Until Dawn, mas eles possuem uma mitologia tão rica que é difícil não ficar encantado pelas criaturas.
Através dos segredos, descobrimos a história de uma antiga expedição que havia ido até o templo décadas atrás e encontrado os monstros. É através dessa história que descobrimos a maior parte das informações sobre os seres e, provavelmente, o jogo teria sido muito melhor se acompanhasse esses personagens.
Ainda assim, a ambientação de House of Ashes é sensacional. O jogo consegue passar bem a sensação claustrofóbica das ruínas ao mesmo tempo em que consegue fazer referências a vários filmes de horror clássicos, como Alien, Predador e Abismo do Medo – que são as principais inspirações para a ambientação.
O maior problema do título, contudo, fica a cargo de seus personagens principais. O jogo possui cinco protagonistas: a agente da CIA Rachel King (Ashley Tisdale); o marido dela e general da Força Aérea dos EUA, o coronel Eric King; o soldado e tenente Jason Kolchek (Paul Zinno); o sargento Nick Kay (Moe Jeudy-Lamour); e o soldado do Exército Iraquiano, Salim Othman (Nick Tarabay).
Enquanto Nick e Jason são os clássicos personagens que você encontraria em qualquer filme sobre o exército americano feito nos anos 2000 e 2010 – sem qualquer profundidade além de serem os soldados que não servem de muita coisa a não ser atirar e gritar incansavelmente; Eric e Rachel até que possuem uma trama um pouco mais profunda, sendo um casal que está enfrentando problemas no casamento e precisa aprender a conviver novamente, enquanto disputam a liderança da operação.
O melhor personagem, e único com profundidade e desenvolvimento, é Salim, o relutante soldado iraquiano que não quer fazer parte de uma guerra. Durante o jogo descobrimos bastante sobre suas visões e, dependendo de suas escolhas, ele consegue até mesmo trazer uma profundidade para Jason, com os dois personagens lutando juntos em determinados cenários e tendo algumas conversas bastante interessantes sobre a guerra e o que ela significa para eles.
Outro ponto alto da narrativa é como ele trabalha o horror. Para os mais inexperientes, essa possa não parecer uma história de terror, afinal, temos vários militares andando com armas de um lado para o outro, vários elementos de ficção cientifica e não existem muitos sustos, contudo, como sempre é valido lembrar, o horror não vem de sustos, mas do medo causado pela narrativa e da ambientação, algo que House of Ashes faz muito bem.
Através de momentos de tensão no qual você precisa decidir o destino dos personagens, andar pelos corredores claustrofóbicos das ruínas do templo antigo e descobre o que aconteceu com a equipe de expedição anos atrás, o jogo cria uma ambientação excelente no quesito de terror, deixando você tenso com o que está prestes a acontecer e sempre com a sensação de que algo está espreitando nas sombras.
O jogo pode sim ser descrito como uma trama de terror e ação/aventura, mas o foco principal continua sendo o horror, mesmo com a ausência de jump scares. É bem divertido notar como a narrativa também consegue misturar muito bem vampiros com uma trama que lembra Alien e Prometeus, trazendo uma versão bem diferente de um dos seres mais clássicos do horror. Em um ano que tivemos Missa da Meia-Noite e a nova temporada de American Horror Story, os vampiros certamente estão voltando com tudo, mas de formas cada vez mais diferentes e originais.
O mais interessante é que o jogo realmente traz algumas mudanças bem diferentes em suas tramas, com as decisões dos jogadores afetando bastante se eles vão sobreviver ou não. Aqui você não morre apenas para os monstros que caçam na escuridão, mas também pode acabar morrendo em combate inimigo ou apenas ser vítima das circunstâncias.
Nota
No fim, House of Ashes é um jogo bastante divertido, melhor que Men of Medan, mas ainda um pouco atrás de Little Hope. Seus maiores trunfos são as referências e cenários belíssimos, que vem acompanhados de uma mitologia muito rica, mas que sofrem pela apatia causada por seus protagonistas. Pelo menos Ashley Tisdale está empregada, não é mesmo?
Ainda assim, o jogo é uma ótima pedida para quem quer se divertir com uma boa história de terror junto dos amigos.
*Para a crítica foi testada a versão do jogo no PlayStation 5.
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