Review: Arcane Ato 3 é a prova definitiva que adaptações de jogos podem ser excelentes
Review: Arcane Ato 3 é a prova definitiva que adaptações de jogos podem ser excelentes
Terceira parte trouxe conclusão bombástica que deixa um gostinho de quero mais
A primeira temporada de Arcane chegou ao fim no último final de semana, concluindo assim a estreia da primeira série animada da Riot Games. Em sua parte inicial, a produção atingiu as emoções do público novo e antigo com personagens cativantes e uma história trágica que continuou a ser desenvolvida e ganhar profundidade no segundo ato. Agora, o ato final trouxe o clímax disso tudo, com direito a um fim que será muito discutido até o lançamento de uma nova temporada.
Ao invés de se apressar para entregar toda a resolução e mudança que o público antigo desejava ver, a série leva seu tempo, estabelecendo cada personagem com cuidado. A trama por si só é digna de elogios, mas Arcane se mostra uma série completa ao ser bem sucedida em tudo que faz, provando definitivamente que não só é possível adaptar jogos com qualidade, como também que não é preciso se distanciar do material original para isso.
O primeiro episódio do Ato 3 traz algumas das cenas mais marcantes de toda a série. Depois de separar vários personagens para que pudessem crescer cada um à sua maneira, a última parte apresenta as reuniões, e as consequências dos caminhos diferentes que cada um seguiu.
Ekko, que havia roubado a cena em seus momentos como criança nos primeiros episódios, se destaca novamente aqui. Mais do que carisma, dessa vez somos apresentados a um garoto que foi inspirado pela liderança de Vander ou mesmo pela postura protetora de Vi. Mais que uma família, no entanto, o garoto salvador luta por Zaun e seus habitantes — independente de quem tenha que enfrentar para isso.
Isso deixa óbvio que, apesar de sua amizade de infância, ele e Jinx acabaram em lados opostos. Toda essa construção culmina em um eventual confronto, carregado de emoção por causa disso e apresentado em um estilo artístico belíssimo.
Nos atos anteriores, a série não hesitou em usar todos os recursos que ser uma animação a garantia, mas é no terceiro ato que esse potencial visual é levado ao máximo. O confronto entre os dois personagens é o maior exemplo disso, contando uma história e traçando paralelos sem a necessidade de diálogos expositivos ou complexos. É fácil afirmar que, mesmo entre os muitos ótimos momentos que a série apresenta, essa é a melhor cena da primeira temporada.
O resultado é um combate que não hesita na violência de seus golpes, mas é capaz de deixar qualquer um triste com o destino desses personagens e os caminhos que seguiram por causa de suas circunstâncias. As relações não só entre eles, como entre Vi e Caitlyn, Viktor e Jayce, ou Caitlyn e Jayce, continuam a se desenvolver e mudar conforme os próprios personagens mudam, sempre de modo coerente e interessante.
Essa é uma demonstração da importância que as partes anteriores têm. Seria fácil a produção optar por lutas épicas cheias de poderes e referências, mas Arcane não foge de colocar o peso emocional desses conflitos no centro. Há sempre um equilíbrio entre elementos visuais, habilidades de combate e as motivações por trás de cada confronto.
O cuidado com os personagens é mantido, deixando os heróis principais cada vez mais próximos do que os fãs antigos da franquia já conhecem. Ver Vi e Jayce lutando com suas armas características e usando habilidades do jogo de modo que faz sentido e não parece forçado é um presente para quem aguardava por isso, sem deixar de ser um momento legal para os fãs novos.
A série também mantém os personagens novatos em consideração, os desenvolvendo tanto quanto qualquer outro personagem principal. Mel tem um momento definidor de sua infância mostrado assim como Jayce, Viktor e Caitlyn, e vê-la interagir com sua mãe noxiana revela ainda mais camadas da conselheira.
Mesmo o grande vilão da trama, Silco, não deixa de ter características que o tornam mais complexo que simplesmente ser um cara cruel em busca de poder. Ainda que não tente se mostrar como uma obra complexa onde tudo é cinza, Arcane faz um bom trabalho em apresentar nuances sem justificar ações terríveis.
Tudo isso é amarrado pela trama mais ampla que tem como ponto principal o inevitável conflito entre Piltover e Zaun. As figuras humanas que populam a história certamente são seu coração, mas a animação deixa claro o poder que a política afeta todas essas tramas, criando privilégios tanto quanto cria monstros, algo que não pode ser resolvido de modo tão simples quanto por meio de acordos.
A culminação de todos esses enredos é o nascimento de Zaun como nação, assim como o surgimento de Jinx como a conhecemos. É impossível não desejar vê-la seguir um caminho diferente e melhor, por mais que o fim dessa história já seja conhecido. A soma de todas as tragédias eventualmente a leva a um ponto sem retorno, mas não acaba com a torcida para que ela receba o apoio de que precisa e possa melhorar.
O terceiro ato é, então, finalizado de forma bombástica, com personagens que percebem seus erros, e outros que escolhem novos caminhos em busca da paz — ou da destruição. Muito fica em aberto, e há potencial para que novas tramas, histórias e personagens (conhecidos e inteiramente novos) sejam apresentados no futuro. Além disso, a parte final se destaca por abrir os horizontes para um pouco além, introduzindo Noxus e dando a deixa para que mais de Runeterra seja mostrado — seja em Arcane ou em outras produções no mesmo universo.
Com a primeira temporada completa, é impossível não reconhecer o quão vitoriosa a série é em fazer com que o público se apegue à sua história e seus protagonistas, mexendo com as emoções e expectativas do público a todo momento. Tudo é elevado a outro nível pela arte fantástica e música excelente que acompanham cada cena, demonstrando a qualidade artística da produção, em especial neste terceiro ato.
Arcane é não só um presente para os fãs como um marco para as animações e adaptações de videogames. Resta torcer para que o futuro da série seja tão brilhante quanto sua temporada de estreia.
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