Review: Arcane Ato 1 é um início brilhante para uma história emocionante
Review: Arcane Ato 1 é um início brilhante para uma história emocionante
Série de LoL encanta, emociona e promete ainda mais para o futuro!
As séries animadas baseadas em jogos vem ganhando cada vez mais espaço, como demonstram os sucessos Castlevania e Dota: Dragon’s Blood, ambas da Netflix. O MOBA da Riot Games, League of Legends, é a adição mais recente dessa lista por meio de Arcane, mais uma obra lançada pela plataforma de streaming, fazendo sua estreia no último sábado (6).
Focada nas irmãs Jinx e Vi, a trama apresenta parte do universo construído ao redor do game ao mostrar a história e dificuldades enfrentadas pelas duas. Apesar disso, a animação não se prende somente às duas campeãs, e apresenta a base de uma construção de mundo profunda, com uma história feita tanto para os fãs de longa data, quanto para quem está chegando neste universo agora.
Desde o início, Arcane deixa claro que veio para mexer com as emoções do público. Ainda que o espectador não tenha apego pelo jogo e suas personagens, o tom trágico do início da produção é capaz de tocar quem a assiste. Este é apenas o começo da jornada, e das muitas perdas sofridas por Vi e Powder, nome de Jinx nessa fase inicial. Ao longo dos três episódios, acompanhamos a proximidade das irmãs, única família de sangue que ambas parecem ter, bem como aquilo que eventualmente as afasta.
Ao longo desses três episódios, a dinâmica entre elas é o grande destaque, bem como o meio pelo qual vemos o mundo da animação. É fácil se apegar a Vander ao conhecê-lo por meio de suas filhas adotivas, ou entender a discrepância entre a vida que elas levam e as experiências de pessoas como Jayce e Caitlyn, habitantes de Piltover que podem se dar ao luxo de largar sanduíches por aí.
Um grande acerto da série é não tentar apresentar todo o universo de uma vez, e sim fazê-lo de modo gradual. Sua proposta não é ser uma grande construção do mundo de League of Legends em outro formato, e sim contar uma história que possa ser apreciada não só pelo público existente, como pelos fãs que inevitavelmente serão atraídos pela animação bela e cheia de personalidade (ou pela grande divulgação que a obra teve).
Nesse sentido, só há o que elogiar na série até agora: pelo menos nesse início, a produção consegue se equilibrar em uma linha tênue, apresentando várias referências ao material original sem se perder nisso ou na quantidade de informação. Quem conhece a lore do game certamente encontrará mais profundidade e significado em certos momentos, mas os iniciantes não precisarão ficar perdidos ou cansados de exposição para que isso aconteça.
Apesar de apresentar mudanças no universo de LoL, a animação evita se distanciar demais do material fonte, algo que tornou Castlevania criticada entre os fãs mais fiéis aos jogos. Por outro lado, a produção não deixa os novatos perdidos demais por falta de explicação ou exposição demais, algo que parte do público do anime de Dota criticou. Se outras adaptações de video games se perdem entre um e outro, Arcane consegue evitar isso com maestria, superando as expectativas de muitos com a qualidade de sua produção e, principalmente, de sua história.
Este, no entanto, está longe de ser o único ponto em que a série se destaca. A música utilizada na produção é outro ponto positivo, sendo elemento importante para o tom de algumas cenas. Além disso, seu estilo artístico não só é muito bonito, como proporciona momentos muito interessantes, seja ao mesclar efeitos 3D e 2D, ou utilizar suas cores para acentuar a ambientação e as diferenças entre Zaun e Piltover.
As duas cidades são outro elemento importante. É a dinâmica entre elas que determina o tom da série desde a cena de abertura, que mostra os dois lados em um conflito sangrento. Se Piltover parece reluzente e bela em contraste à pobreza e decadência de Zaun, logo fica evidente que ambas vão muito além disso. A cidade alta possui um conselho que já dá indícios de corrupção, com um de seus integrantes votando de determinada forma apenas por ganhar um presente, bem como uma força policial truculenta e preconceituosa, disposta a machucar crianças sem pensar duas vezes. A parte baixa, no entanto, mostra uma comunidade unida na qual uns cuidam dos outros, e um povo que faz o que precisa para sobreviver diante do ódio e desigualdade que precisam enfrentar.
Mas são os diversos habitantes das cidades-irmãs que realmente conquistam. Vi é protetora e deseja lutar para que sua cidade não viva à margem, mas é agressiva e violenta. Powder dá o seu melhor em tudo e age com as melhores intenções, mas isso não impede que suas ações tenham consequências terríveis. Vander, o pai adotivo das duas, consegue ser ameaçador e incrivelmente paternal, dependendo de com quem contracena. Mel rouba a cena com sua presença, além de demonstrar inteligência que vai além da ciência ao influenciar aqueles ao seu redor.
Todos são construídos com camadas, aos poucos revelando mais sobre si, suas motivações, seu passado e seu papel em um cenário que promete se tornar cada vez mais caótico. Mesmo aqueles com pouco tempo em tela, como Ekko, esbanjam personalidade e carisma, sem depender de uma única característica para isso.
Com habitantes de Zaun uns contra os outros e Piltover cada vez mais fechada a eles, um conflito direto parece ser inevitável. O primeiro ato começa e termina de modo trágico, arquitetado para acertar no coração de quem assiste — e para deixar um gostinho de quero mais com os questionamentos que levanta sobre o futuro de seus personagens e das cidades-irmãs que, assim como as protagonistas, mostram dois lados da mesma moeda, que se opõe ao mesmo tempo em que parecem precisar uma da outra mais que imaginam.
Dividida em três atos com três episódios cada, Arcane será lançada semanalmente na Netflix até o fim do mês. Resta esperar que a qualidade mostrada nesse início seja mantida nos Atos II e III, e que este seja apenas o início de algo muito maior para o universo de League of Legends nas telinhas.
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