O Legado de Júpiter: Elena Kampouris, Andrew Horton e Ian Quinlan contam o peso de ser herói
O Legado de Júpiter: Elena Kampouris, Andrew Horton e Ian Quinlan contam o peso de ser herói
Atores interpretam a segunda geração de heróis!
A Netflix tem uma nova série de heróis chegando! O Legado de Júpiter, adaptação dos quadrinhos de Mark Millar, será lançado na plataforma streaming ainda este mês.
Em nome da Legião dos Heróis, participei de uma coletiva de imprensa com Elena Kampouris, Andrew Horton e Ian Quinlan, que interpretam respectivamente Chloe, Brandon e Hutch, a segunda geração de heróis deste universo. O trio comentou os desafios do projeto, como cada personagem lida com o legado heroico e as discussões sociais que surgiram na história.
Em O Legado de Júpiter acompanhamos a história da primeira geração de super-heróis do mundo que, após um século protegendo a humanidade, precisa lidar com seus filhos seguindo seus passos. No entanto, muitas tensões surgem a partir disso, visto que a visão dos jovens não é a mesma dos seus pais e eles tem ideias bem diferentes sobre como um super-herói deveria agir para salvar o dia.
No centro disso tudo temos a Família Sampson, composta por Utópico e Lady Liberdade, dois dos primeiros heróis da terra, e seus filhos Chloe e Brandon. A moça é ressentida com seus pais — que viviam ausentes enquanto lhe cobravam padrões inalcançáveis de perfeição por conta da vida heroica e do que eles representavam — optando por se afastar de salvar o mundo para viver em festas e curtição. Já o rapaz é desesperado pela aprovação do pai, fazendo de tudo para conseguir ser um herói grandioso, mesmo que não acredite no código de regras que deveria seguir. Chegando na história de forma misteriosa temos Hutch, um dos herdeiros deste legado, vivendo longe da vida dos supers e trabalhando nos seus planos secretos.
O peso do Legado
Animados com a série, os jovens atores discorreram sobre como é difícil para os personagens existirem nesse mundo, especialmente por conta da pressão que existe sobre eles. Para Elena Kampouris, Chloe está tentando, a todo custo, se livrar do peso das expectativas dos seus pais: “Ela certamente se rebela contra isso, tudo que envolve o código e a União, todo esse legado de regras que, não podemos esquecer, foi inventado pelo pai dela. Isso é demais pra ela,” explica. “Ela não consegue lidar com isso. São essas coisas que a empurram para os vícios, as festas e as bebidas. Todas essas coisas são uma tentativa de ignorar a dor dela.”
No entanto, ela também aponta que existe uma ironia nesta situação e que, apesar de não parecer, os pais também são pressionados pelos jovens:
“Eu amo explorar a ideia do que é um legado na série porque, se você pensar sobre, não são só as crianças que estão vivendo sob as expectativas dos seus pais. Temos, em certos aspectos, os pais vivendo diante das expectativas dos filhos,” comenta. “Todos nós torcemos e sonhamos que nossos pais sejam perfeitos, sendo nossos mentores e inspirações. Nós esperamos isso especialmente quando somos pequenos, torcemos que eles sejam os nossos heróis. Então, no caso da Chloe, o Utópico é perfeito pra todo mundo, menos pra ela. É algo muito interessante. E essa ideia dualística de legado que as crianças e os pais precisam enfrentar… Os pais também estão sofrendo para se adequar nessas expectativas.”
Já para Ian Quinlan, Hutch não consegue lidar com o Legado dos primeiros heróis por não acreditar nele. “O legado é uma farsa. A União é uma farsa. O Utópico é uma farsa,” dispara. “Ou, pelo menos, o legado que eles apresentam não é o legado que eles acreditam de fato. Eu acho que, pra ele, toda essa jornada é para tentar expor isso enquanto procura por seu pai. Acho que ele acredita que tem muita sujeira que foi varrida pra debaixo do tapete.”
Andrew Horton, o intérprete do único personagem do trio que está tentando se encaixar nos padrões dos seus pais, aceitando seu legado e se tornando um herói, comenta que Brandon se sente muito dividido: “Ele foi pego entre os dois lados e eu acho que uma parte dele quer viver de acordo [com seus pais] e superar as expectativas, cumprir esse legado e assumir o manto do Utópico. Contudo, ao mesmo tempo, por causa de como seu pai é tão duro com ele e por toda essa pressão, ele acaba falhando.”
Com isso, a frustração começa a crescer no rapaz, o colocando em uma caminho diferente do esperado. Pensativo, Brandon passa a questionar tudo, incluindo o papel da União, do código e do seu legado. “Todos os nossos personagens tem esse debate interno, mas eu acho que o Brandon é o mais ingênuo em relação a isso no começo,” conta Horton. “Ele não vê como as coisas são, ele vê o ideal, algo que ele deseja, mas ele lentamente começa a acordar para a realidade e questionar se aquelas regras não precisam mudar.”
O código heroico
Além das expectativas dos pais, outro fato que pesa sobre os personagens é o Código que os heróis precisam seguir. Criado por Utópico e a primeira geração de super seres, trata-se de um conjunto de regras que todos devem seguir, como não se meter em política e não interferir em guerras. Matar seus inimigos também é proibido, independente da situação, sendo este o principal motivo para o atrito entre as duas gerações de heróis.
“Cada um de nós tem sua própria versão do código e utiliza ele de acordo com sua visão,” explica Horton. O ator conta que Brandon se esforça para tentar moldar as regras, buscando brechas para conseguir fazer o que acredita ser certo, mas que isso causará alguns problemas: “Isso definitivamente não é o que seu pai quer pra ele, não é o que foi apresentado para ele. Mas eu acho que ele acaba pensando nisso e começa a perceber que, bem, as coisas precisam mudar se as pessoas vão começar a nos levar a sério. Do contrário, quais chances nós temos de salvar as pessoas e dar exemplo se ninguém nos ouve de qualquer forma?”
Quinlan, entretanto, descreve Hutch como alguém totalmente avesso ao código, sendo uma pessoa que não se preocupa em tentar seguir essas regras. “Tem uma fala do Hutch em que ele diz: ‘Eu vejo o mundo da forma que ele é,’” justifica. O ator explica que os eventos da série farão com que o público entenda as motivações do seu personagem, mas que ele está bem firme em suas convicções: “Eu acho que existe um código e que esse cara vê as coisas de forma clara. Ele reage da forma que acredita ser a melhor maneira. Ele não quer estar em nenhum extremo do que está por vir.”
Longe de motivos nobres, Kampouris defende que as ações de Chloe em relação ao código são totalmente pessoais, motivadas pela maneira que a jovem lida com seus pais: “Eu acho que, honestamente, a Chloe só é anti-código e anti-regras, ela tem muitos problemas para resolver, ela não assinou nenhuma dessas visões. Ela só quer ser um espírito livre e se expressar como ela é, sem ser definida por nada,” conta. “Eu acho que, pra ela, o código, a União e tudo isso representa um nível de perfeição que é inalcançável. É hipócrita. Pra ela, isso é uma farsa e ninguém vai conseguir viver com isso.”
Apesar de ter essa visão, a atriz aponta que, no fundo, Chloe constantemente finge essa perfeição em seu trabalho como modelo. “Eu acho que é uma forma distorcida dela responder a isso. É quase como se ela estivesse buscando a aprovação da sua família e, ao colocar a cara dela lá, ela está dizendo: ‘me aceite, me ame!’ Mas eu não acho que se deu conta disso,” revela Kampouris.
Discussões do mundo real
Em meio ao debate que surge entre as gerações de heróis, vemos temas que ecoam discussões do mundo real, como violência, brutalidade das autoridades e a morte de pessoas sem um julgamento. O trio de atores acredita que o debate desses temas em O Legado de Júpiter é a prova de qualidade do projeto, revelando estarem bem ansiosos para a reação do público sobre isso.
“Eu acho que é resultado de uma história bem contada, quando você tem temas onde você consegue criar paralelos com o mundo real,” afirma Kampouris. “Eu acho que essa história, o que o Mark fez com esses quadrinhos, é incrível. E o fato de que você pode notar essas conexões é algo que me anima muito.”
Horton concorda, ressaltando que essas discussões aparecem na história porque os heróis não são figuras perfeitas, mas sim humanos complexos. “É algo que mostra como [a série] foi bem escrita. Existem elementos do mundo real ali, esses heróis também são humanos,” diz. “Não é apenas uma série de herói, é uma série de drama e ela é sustentada na família e nessas relações reais. Então tem muitos paralelos que podemos traçar com as coisas que estão acontecendo agora e com as coisas que aconteceram no passado.”
Quinlan também se mostra animado com a trama, destacando as questões mais sociais presentes na adaptação da Netflix:
“Acho que tocamos nesses assuntos quando falamos sobre a morte, pena de morte e o que significa matar um criminoso sem um processo,” aponta. “O Utópico estabeleceu que vilões também são pessoas, então o que significa ser reabilitado ou tentar humanizar uma pessoa que fez algo ruim? Nessa história vamos ver os heróis sendo atacados pelas coisas que eles fizeram nos últimos 100 anos. A sociedade não aprova mais o comportamento deles, e quer começar a fugir dos limites deles.”
Além disso, o ator afirma que veremos uma boa discussão sobre o que significa ter um poder absoluto na sociedade, sem uma forma de controle ou embate. “Também acho que vamos explorar o que acontece quando o poder absoluto é corrompido. Então veremos o quão rápido, ao tentar ser um herói e salvar o mundo, você fica embebido pelo controle e se torna o ditador totalitário que estava tentando derrotar anteriormente,” antecipa.
Ações questionáveis
Confrontados de muitas formas, Brandon, Hutch e Chloe lidam com os acontecimentos da série de maneiras bem diferentes. Em situações de tensão, cada um deles opta por seguir caminhos específicos que, para o público, podem ser um tanto problemáticos. Falando sobre o assunto, o trio de atores defendeu ser importante compreender as motivações dos personagens.
“Eu tento interpretar meus personagens sem julgar suas ações,” confessa Kampouris. “Tento entender quais são as motivações para eles fazerem isso. Eu quero entender e simpatizar com a Chloe para que, com sorte, quando o público assistir, eles consigam entender e simpatizar com ela. Porque a gente pode não concordar com as ações de um personagem, mas podemos entender eles e, talvez, não odiá-los.”
Quinlan reforça isso, afirmando que até mesmo os grandes heróis da União são apenas pessoas agindo como acreditam ser certo. “Eu acho que eles estão realmente tentando fazer o bem com o código e a União. Eles estão tentando salvar pessoas,” defende. “Eu vejo o Hutch julgando eles como pessoas privilegiadas. Eles passaram tanto tempo no topo que esqueceram das pessoas no chão, eles não sabem como ajudar essas pessoas porque passaram muito tempo no seu próprio mundo.”
Horton, no entanto, concorda com as atitudes de Brandon: “Ele trabalha muito duro nisso. Esse tipo de atitude e traço de caráter é admirável, mas ele também tem dificuldades com isso. E isso é muito humano.”
Falando sobre o futuro do personagem, Horton deu algumas pistas de como a história de Brandon deve se discorrer no futuro:
“Acho que, enquanto ele conseguir justificar suas ações pra ele mesmo e ver que seus pais ainda estão lá, é isso que vai levar o Brandon pra frente e fazer ele questionar o código. Porque se é ultrapassado e não é o que ele acredita ser o correto, conforme ele continuar crescendo enquanto pessoa, veremos mais desafios ao Utópico e à União. E acho que é isso muito interessante.”
E aí, você está pronto para conhecer um novo universo de heróis? A primeira temporada de O Legado de Júpiter chega na Netflix dia 7 de maio.
Confira também tudo sobre a HQ que inspirou a série da Netflix: