Por que estão mudando a sexualidade dos meus heróis favoritos?
Por que estão mudando a sexualidade dos meus heróis favoritos?
Ou também: por que as grandes editoras decidiram trazer mais representatividade nas HQs?
Nos últimos anos, a indústria do entretenimento tem aberto as portas para uma maior diversidade e pluralidade em suas representações. Grupos marginalizados que não costumavam ser retratados (ou eram visto com maus olhos de modo geral) finalmente estão tendo a chance de ganhar um espaço nos filmes, séries e quadrinhos. Falando da nona arte em particular, não podemos deixar de notar que a cada nova história envolvendo personagens LGBTQIA+, uma série de reclamações e questões sempre é feita.
Alguns se questionam sobre a necessidade de mostrar romances ou explorar a vida desses personagens, enquanto outros questionam as “mudanças” de sexualidade em personagens já consolidados. Para algumas pessoas, basta criar personagens novos. Porém, é uma questão muito complexa e que envolve temas como censura das HQs ao longo dos anos, a luta social de comunidades LGBTQ+ e o espaço ganho com sangue, suor e lágrimas na mídia. Por isso, aqui tentamos explicar e resolver algumas dessas perguntas!
- "Agora todos os personagens são LGBT?"
- "Mas por que não criam personagens novos?"
- "Isso ao menos faz sentido para a narrativa?"
- "Mas vocês tornam tudo político!"
- "Isso não deveria ser o foco dessas histórias!"
- "E quem se importa com isso?"
- Celebração do Orgulho na Legião
“Agora todos os personagens são LGBT?”
Quando analisamos a história dos quadrinhos como um todo, temos uma lacuna considerável no que diz respeito à representação de pessoas LGBTQIA+. Levando em conta que a a “era dos super-heróis” como conhecemos foi iniciada em 1938, com a publicação de Action Comics #1 e a criação do Superman, levou cerca de sessenta anos até termos o primeiro personagem assumidamente gay nas HQs. Quando levamos em conta que pessoas LGBT+ sempre existiram, é um tempo considerável de apagamento e silenciamento.
Em 1987, tivemos a introdução do Extraño da DC Comics, um personagem baseado puramente em estereótipos da comunidade à época. Alguns anos depois, o Estrela Polar da Marvel, um herói que fazia parte da Tropa Alfa, foi o primeiro a se assumir oficialmente nos quadrinhos – em uma história muito delicada, já que relacionava a história de vida do personagem com o boom da AIDS e todo o impacto que isso causou para a comunidade gay nos anos 80 e 90.
De lá para cá, muitos avanços foram feitos e diversos personagens começaram a florescer, trazendo representações maiores para a comunidade. A exemplo disso, tivemos o Apolo e o Meia-Noite, bem como o casal queridinho dos fãs da Marvel, Wiccano e Hulkling. Mas ainda assim, esses personagens quase sempre ocuparam espaços em revistas “menores” das editoras, já que ainda era um tabu trazer pessoas LGBT em grandes equipes como a Liga da Justiça e os Vingadores (ao menos, suas formações “principais”).
E na última década, um movimento que tem se observado é a “mudança” (entre muitas aspas, como explicarei mais adiante) de sexualidade de personagens que já eram consolidados. Homem de Gelo se assumiu gay, a Arlequina passou a ser retratada como uma mulher bissexual e em um dos vários reboots da DC, o Lanterna Verde Alan Scott foi retratado como um homem gay. Isso tudo trouxe uma série de revoltas e reclamações por parte de uma comunidade mais purista de fãs.
Porém, o importante a se determinar aqui é que, se juntarmos todos os personagens LGBTQIA+ criados pela DC Comics e pela Marvel, eles certamente não representam nem 5% de todas as criações de ambas as editoras. É muita ingenuidade acreditar que “todo mundo virou gay, lésbica, bissexual e trans” quando isso não é verdade. A maioria esmagadora dos heróis dos quadrinhos ainda são homens brancos e heterossexuais – e nem precisa ir muito longe para descobrir. Basta olhar os lançamentos mensais de cada editora e contar quantos personagens de minorias estão nas revistas contra quantos personagens “normativos”.
Essa conquista de espaço não se limita apenas ao público LGBTQIA+. Nos últimos anos, personagens não-brancos e mulheres também estão ganhando mais espaço e protagonizando mais histórias, e a mudança de status quo também desagrada os fãs mais conservadores. Contudo, isso parte de uma iniciativa maior narrativa e mercadológica para atrair a maior quantidade possível de leitores para os quadrinhos, além de dar espaço a pessoas que nunca puderam se ver representadas nessas histórias.
“Mas por que não criam personagens novos?”
A questão toda é essa: personagens novos são criados todos os dias. Peguemos a Marvel, por exemplo. Ao analisarmos os personagens LGBTQIA+ recentes da editora, temos Wiccano, Hulkling, Miss America Chavez, Viv Visão, Daken, Karolina Dean, Anole e até mesmo o recém-criado Somnus. Isso também acontece na DC Comics, com vários exemplos possíveis que vão desde os clássicos Apolo e Meia-Noite até as novatas Crush e a Sonhadora de Supergirl.
Acontece que, pela própria estrutura dos quadrinhos norte-americanos, esses personagens jamais tiveram a chance de se tornarem tão grandes quanto o Homem de Ferro ou o Superman. Essas figuras foram empurradas para a margem, porque dentro de um contexto geral, o leitor clássico da Marvel ou da DC prefere mil vezes continuar a investir seu dinheiro nas histórias dos mesmos heróis que cresceu acompanhando a dar chance para novas figuras.
Isso acaba representando um ciclo vicioso para as duas editoras: os leitores mais antigos só consomem esses heróis clássicos. As editoras passam a concentrar a maior parte de seu foco nesses personagens e, quando é necessário cancelar as revistas de outros personagens, optam pelos quadrinhos que trazem criações novas e originais. Os leitores novos, que poderiam crescer acompanhando esses “novos heróis”, acabam tendo que se contentar em sempre ler as histórias dos personagens clássicos, e assim o mundo gira até que essas figuras centrais sempre permaneçam no topo, ao mesmo tempo em que os heróis novos são criados e descartados com a mesma facilidade.
Por isso, de alguns anos para cá, ambas as editoras optaram por “transformar” personagens clássicos, dando a eles novos propósitos e até personalidades. Em alguns casos, eles passaram a se enquadrar dentro do espectro LGBTQ+. Na Marvel, vimos isso com o Homem de Gelo – o caso mais evidente e também o mais importante, pois era um dos membros fundadores dos X-Men – e na DC, tivemos exemplos como a Arlequina, que passou a ter um novo relacionamento com a Hera Venenosa ao se livrar do Coringa. Essas mudanças vieram para trazer um pouco mais de presença LGBTQIA+ nos quadrinhos, atendendo às demandas de uma parcela do público que, apesar de consumir essas histórias, nunca se viu representado nelas.
Porém, isso não quer dizer que, em sua essência, o Homem de Gelo mudou – ele continua sendo o piadista nato, com poderes congelantes e uma predisposição a arranjar problemas. A Arlequina se mantém como a insana e divertida vilã/anti-heroína que está sempre causando problemas em Gotham City. Até mesmo em casos mais extremos, como o reboot de Alan Scott nos Novos 52, podemos notar muito da essência do personagem original em sua nova versão que, por um acaso, é um personagem LGBT.
Nos últimos anos, existiu uma intensa campanha pelas passagens de manto em ambos os lados – assim, era possível se aproveitar do legado de um herói clássico, mesmo contando novas histórias com novos personagens, que poderiam representar novas parcelas do público leitor. Só para ter alguns exemplos disso, podemos citar a Nova Marvel e, mais recentemente, o Future State da DC, duas iniciativas editorias que mostraram como isso era possível.
É importante pensar também que vários desses personagens que “se assumiram” recentemente já tinham elementos LGBTQIA+ incorporados em suas personalidades, mas que muitas vezes isso não podia ser trabalhado nas HQs por conta do rígido código que proibia a retratação de qualquer “sexualidade desviante” nas HQs, o Comics Code Authority. Além disso, a LGBTfobia institucionalizada também fez com que vários escritores tivessem que largar a mão desse tipo de representação, para que pudessem manter seus empregos.
Nesse último caso, destaca-se a Mística da Marvel, que sempre foi imaginada como uma mulher bissexual, tendo um longo relacionamento com a mutante precognitiva Sina. As duas sempre foram vistas como um casal pelos próprios escritores por trás das revistas dos X-Men, mas só puderam ser “assumidas” em 2019, nas páginas de The History of the Marvel Universe #2, já que os editores proibiam qualquer tipo de interação romântica e sexual entre as duas.
“Isso ao menos faz sentido para a narrativa?”
Faz e bastante, se você parar para pensar. A sexualidade é apenas um dos campos da nossa vasta experiência humana e, portanto, faz sentido que quadrinhos que se aprofundem nesses tópicos explorem, vez ou outra, algumas dessas questões. Além disso, é importante pensar em quantos personagens passaram anos sendo representados através do queercode (a codificação queer, onde você retrata figuras com trejeitos LGBTQIA+ sem nunca explorar isso a fundo, algo bem presente nos vilões da Disney, por exemplo).
O próprio Homem de Gelo sempre foi considerado um personagem queercoded desde suas origens – e não são poucas as vezes em que o vemos falando sobre seu “desinteresse” por garotas. Alguns roteiristas posteriores até inseriram romances heterossexuais com o personagem, mas nenhum deles deu muito certo e sempre havia uma noção de que Bobby Drake não se sentia confortável nesse tipo de situação. Quando vimos a versão mais jovem do personagem sendo “expulsa do armário” por Jean Grey em All-New X-Men #40, muitos fãs que acompanharam o herói a décadas notaram que isso parecia fazer parte de uma evolução natural.
Ademais, é importante deixar claro uma coisa: existem outras sexualidades além da hétero e homossexual. Embora Bobby seja visto como um homem gay, essa “mudança” não invalida, por exemplo, o fato de que Arlequina já ficou com homens em seu passado, uma vez que é uma mulher bissexual. O mesmo vale para John Constantine, que nos últimos anos está tendo sua sexualidade mais desenvolvida nos quadrinhos.
Muitas dessas chocantes “mudanças” são muito bem incorporadas às tramas e exploradas de forma muito justa, não apenas com os personagens mas também com quem os acompanhou durante anos. Além do mais, pessoas LGBT não possuem uma “idade limite” para se assumir. Devido ao preconceito enraizado na sociedade e a muitas questões sociais que ainda pesam para todos os lados, muitos levam anos – até décadas – para finalmente se aceitarem e viverem suas vidas livres. No caso do Homem de Gelo e até mesmo de Alan Scott, esse é um ponto bem importante de suas histórias e justifica porque diabos eles nunca foram retratados assim anteriormente.
Para você, caro leitor heterossexual (e entenda, nós não queremos excluí-lo de nenhuma narrativa, apenas abrir espaço para que mais pessoas possam participar destas histórias e contos), pode não fazer sentido. Mas para quem vivencia a luta diária da comunidade e sabe como é a vivência de qualquer letra do LGBTQIA+, sabe que tudo isso é bem comum. Faz parte das nossas socializações e é muito importante que a Marvel e a DC, bem como outras editoras, reconheçam esse tipo de vivência.
Ah, e só uma coisa: nada impede que você goste de personagens LGBTQIA+, sejam eles originais ou criações antigas. Se vocês realmente se preocupam tanto com o heroísmo de seus ícones, a sexualidade devia ser a última coisa que faria vocês perderem o respeito por eles.
“Mas vocês tornam tudo político!”
Esse é um comentário que lemos com bastante frequência, não apenas na Legião dos Heróis mas também em vários outros portais de notícia, redes sociais e fóruns pela internet. E aqui precisamos de duas explicações detalhadas que ainda não foram compreendidas pela maioria: a primeira delas é que tudo é política, quer você deseje ou não. Nós vivemos dentro de um sistema e nossas vivências, interações e entendimentos do mundo derivam da política que é feita com nossos corpos, nossa economia, nossas crenças e nossa vida.
E a arte é um reflexo do mundo, então faz todo sentido que um filme, uma série, um jogo ou um quadrinho aborde temas e ideias que estão enraizadas na nossa sociedade. A partir disso, a política está presente em todos os lugares – até mesmo a decisão consciente ou inconsciente de tornar algo “apolítico” é completamente política.
E a segunda coisa que precisa ser explicada é: nenhuma minoria quer transformar tudo em política, nem pessoas LGBTQIA+, negros, mulheres e pessoas marginalizadas pela sociedade. Nossa vida foi transformada, sem nosso consentimento ou escolha, em algo político a partir do momento em que as ditas “maiorias sociais” nos negaram, durante séculos, direitos básicos. Quando nos empurraram para as margens da sociedade e nos obrigaram a notar o mundo ao nosso redor em silêncio, porque nossa simples existência incomodava.
O que se faz atualmente é pressionar empresas, sejam estúdios de cinema, desenvolvedoras de jogos ou editoras de HQs, a nos dar um espaço que historicamente nos foi negado durante anos – e é necessário ressaltar: tanto pessoas LGBTQIA+ quanto outras minorias sempre consumiram esses produtos, mesmo nunca tendo se visto neles. Esse papo de que “mulher não joga”, “LGBT nem lê quadrinho” e etc. só serve para tentar apagar ainda mais nossa participação nesses espaços e negar um mínimo de representatividade para esses públicos.
Quando levantamos a bandeira e questionamos o porquê do apagamento LGBTQIA+ nas grandes franquias de entretenimento, estamos apenas cobrando um posicionamento das empresas que sempre aceitaram nosso dinheiro de bom grado em troca de seus produtos, mas que poucas vezes tentaram ser inclusivas com esses espaços para todos os fãs, privilegiando apenas uma parcela que representa o topo da pirâmide social. E isso vale para negros, que têm que lidar até hoje com as consequências da escravidão e a segregação; e com as mulheres, que passaram anos sendo ensinadas de que eram “inferiores” ao homem em uma sociedade.
“Isso não deveria ser o foco dessas histórias!”
Permita-me levantar um questionamento retórico: Se esse não é o foco das histórias, então não deveríamos ver, por exemplo, o Homem-Aranha tendo seus dilemas pessoais e amorosos – basta vê-lo socando criminosos. Não seria “necessário” ver o Superman tendo um relacionamento duradouro com Lois Lane, ou a Mulher-Maravilha se apaixonando por Steve Trevor, afinal de contas, só é preciso ver lutas e batalhas, certo?
Errado. Desde sempre, os quadrinhos sempre tentaram humanizar seus personagens e torná-los mais próximos de seus leitores em um campo emocional. Nós gostamos muito do Homem-Aranha porque nos identificamos com ele, inclusive seu azar no amor. O Superman e a Mulher-Maravilha são ícones e inspirações que só são efetivos por nos lembrarem de nossas próprias vidas e como nos sacrificamos para ajudar e salvar àqueles que amamos.
E se ainda assim você discorda, fica a pergunta: por que, durante todo esse tempo, ninguém nunca disse que a inclusão de Lois Lane, Mary Jane e Steve Trevor era desnecessária para as histórias desses personagens, mas toda vez que um personagem LGBTQIA+ fala abertamente sobre sua vida, isso passa a se tornar um problema?
Os heróis dos quadrinhos refletem não apenas o lado fantástico e fantasioso que todos gostaríamos de ter. Isso é um dos cernes dessas histórias, mas há outros – não é à toa, por exemplo, que os X-Men são uma metáfora para todas as minorias oprimidas. Eles dialogam com os princípios da nossa própria sociedade e das nossas individualidades. É neles que nos reconhecemos e que nos ancoramos em suas histórias.
A sexualidade, o desejo, a identidade e até mesmo o amor fazem parte de uma escala maior na construção dos personagens. Eles deixam de ser figuras unidimensionais, que só existem para fornecer cenas de ação, a partir do momento que possuem histórias humanizadas e seus próprios dilemas. É isso que faz com que suas histórias continuem prosperando por anos à fio, com novos leitores sempre acompanhando as diversas fases. Caso o “foco” fosse apenas as batalhas e lutas, os quadrinhos não seriam tão populares quanto são atualmente, pois isso seria bem cansativo e repetitivo após algum tempo.
“E quem se importa com isso?”
Quando você é sempre representado em todos os lugares – quando você se vê em todas as mídias, seja nos filmes, nas séries, nos jogos e nos livros e quadrinhos, é muito fácil achar que a representação é algo desnecessário, e que as pessoas que clamam por esses espaços estão apenas reclamando por reclamar. Afinal de contas, você nunca soube exatamente o que é não se enxergar em nenhum espaço ao seu redor. Você sempre esteve lá.
Porém, para as minorias essa faz toda uma diferença em diversos aspectos. Não é simplesmente porque nós não nos identificamos com os heróis clássicos – quando criança, eu adorava fingir que era o Homem-Aranha. Gostava demais dele. Mas ainda assim, me achava “errado” por gostar de garotos. Era como se eu fosse sujo, como se o tempo todo estivesse deslocado. A representação atua justamente para combater esse sentimento: através dela, os jovens leitores podem se ver nessas histórias e perceber que são tão válidos e importante quanto qualquer um.
Isso evidentemente não é exclusivo para a população LGBTQIA+. Basta pensar em como, há alguns anos, Pantera Negra se tornava um símbolo de resistência para a população negra que pela primeira vez, depois de décadas, era representada nos cinemas com protagonismo em uma grande franquia de super-heróis. Isso muda as nossas vidas, o nosso jeito de pensar e também as nossas próprias vivências.
Além disso, a inclusão de personagens diversos nos quadrinhos faz com que leitores que não fazem parte dessas classes sociais possam olhar para essas figuras com um outro olhar e, dessa forma, entendam a luta e as mazelas vividas por essas minorias no mundo real. Não há forma melhor de conscientizar e ensinar sobre nossas próprias vivências que através da cultura e do entretenimento.
Posso falar por uma experiência pessoal: o melhor dia da minha vida enquanto leitor de quadrinhos foi quando eu conheci os primeiros personagens LGBTQ+ com quem tive contato nas HQs: Rictor e Shatterstar, em uma edição mensal da revista do X-Factor, publicada no Brasil pela Panini Comics no mix de X-Men Extra. Ler sobre os dramas e dilemas desse personagem me trouxe uma felicidade indescritível e, por mais que tenha perdido boa parte da minha coleção de quadrinhos, lembro ter guardado essa edição com muito carinho durante anos.
Depois, vieram Wiccano e Hulkling, personagens que eram ainda mais próximos de mim por serem adolescentes e fãs de super-heróis. Através deles, consegui entender muitos dos meus próprios dilemas em relação à minha sexualidade, e aceitar meu lugar no mundo, mesmo sem ter poderes mágicos ou a capacidade de mudar de forma. Anos depois, John Constantine seria uma peça fundamental para eu entender mais sobre bissexualidade e como, de alguma forma, eu sempre me encaixei nesse espaço.
E garanto que isso não é apenas exclusivo deste que vos escreve. Basta notar vários relatos e comentários, alguns publicados aqui mesmo na Legião, a respeito da relação dos leitores com a mídia que consomem. O poder dessa representação e desse espaço é um primeiro passo importantíssimo para que nossas vidas sejam normalizadas perante a sociedade e para que possamos nos compreender enquanto pessoas.
E depois de todo esse textão, se você acha que isso é besteira e que ninguém precisa se espelhar em um personagem para se ver representado nos quadrinhos, qual é o problema então de você se ver representado em um personagem LGBTQIA+? Que mal vai fazer a você ver mais personagens diversos nos quadrinhos, mostrando novas vivências que sempre foram excluídas? O que há de tão ruim em conviver aceitando que pessoas queer, gays, lésbicas, transgêneros, bissexuais, assexuais, pansexuais (e tudo mais que cabe nesse espectro) existem e que elas finalmente estão tendo a chance de ver suas histórias sendo trazidas para as grandes mídias?
Celebração do Orgulho na Legião
Você acabou de ler um conteúdo especial do Momentos Legião em comemoração ao mês do Orgulho LGBTQIA+. Boa parte da equipe LH é composta por pessoas da comunidade LGBTQIA+ e a nossa missão é colocar luz em assuntos que são críticos para nossa causa. Queremos expressar nosso orgulho pelo movimento, por aqueles que pavimentaram nosso caminho e pelas novas vozes que estão surgindo. E, também, pelo lugar que nos permite falar tão abertamente sobre isso.
Assim, até o último dia de junho, materiais especiais sobre a relação da cultura pop com a comunidade LGBTQIA+ serão lançados em todas as nossas redes. Estaremos no Instagram, no Twitter, no YouTube, no TikTok e, claro, aqui no site.
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