Mudaram a lore de Leona e Diana? A história das campeãs de League of Legends explicada
Mudaram a lore de Leona e Diana? A história das campeãs de League of Legends explicada
A história de Leona e Diana desde que as duas foram introduzidas no jogo até o conto Ascenda Comigo!
Desde seu lançamento em 2009, League of Legends contou com um esforço para construir personagens carismáticos, com lores pessoais que de alguma forma se conectavam à história do jogo. Na época, tudo girava ao redor do conceito dos invocadores, colocando o papel dos jogadores como influente na trama construída pelo Instituto da Guerra – uma organização por meio da qual nações resolviam conflitos sem que guerras de fato acontecessem.
Muito mudou de lá para cá. Com o tempo, a Riot Games tentou atualizar suas histórias, mas percebeu que utilizar esses conceitos não permitia que a história evoluísse como eles desejavam. Assim, um grande reboot do universo foi feito, mudando histórias de campeões, estados de nações e excluindo completamente certos elementos.
Recentemente, duas campeãs dividiram o protagonismo de um novo conto, canônico na continuidade adotada pela Riot desde 2014. Leona e Diana, personagens importantes vindas do Monte Targon, estão conectadas desde o lançamento desta última, que saiu algum tempo depois da guerreira do Sol. Com o lançamento do conto Ascenda Comigo, essa conexão ganhou contornos românticos, algo que muitos já acreditavam ser sugerido há algum tempo. Apesar disso, outra parte do público reagiu negativamente, argumentando principalmente que foi uma grande mudança em relação à história inicial delas.
Neste artigo, vamos apresentar a história da Aurora Radiante e da Escárnio da Lua, bem como sua trajetória ao longo das mudanças feitas pela Riot. Aqui, você encontrará tudo sobre Diana, Leona e o relacionamento das duas desde sua introdução em League of Legends!
- O Instituto da Guerra, a Liga das Lendas e a necessidade de se reinventar
- Leona, a Escolhida do Sol
- Diana, o Escárnio da Lua
- Ascenda Comigo
- A história de Diana e Leona foi mudada? O conto faz sentido dentro da história do universo?
O Instituto da Guerra, a Liga das Lendas e a necessidade de se reinventar
Nos primórdios, League of Legends contava com uma história bem diferente. Lançado há mais de 10 anos, em 2009, a história do game inicialmente girava em torno do Instituto da Guerra, um dos muitos conceitos introduzidos para criar uma justificativa para a interação entre jogadores e personagens. Por meio dele, os invocadores controlavam campeões, que representavam nações e facções dentro de combates controlados que ocorriam nos Campos da Justiça – como o famoso Summoner’s Rift.
Como explicado pelo dev Tommy Gnox em um post de 2014, essas escolhas acabaram restringindo muito a história, pois todo campeão precisava de uma justificativa para entrar para a Liga, bem como para permanecer nela. Além disso, os personagens da trama, que deveriam tornar esse mundo mais vivo com seus poderes e histórias, acabavam em segundo plano quando comparados aos invocadores, já que eram eles quem possuíam todo o poder na versão inicial da história, controlando os campeões como meras marionetes.
Por causa disso, o interesse dos próprios desenvolvedores em tentar trabalhar essa história foi se tornando cada vez menor com o passar do tempo. Isso levou a lore do jogo a ficar um tanto estagnada, sem atualizações recorrentes que buscassem atualizá-la. Ainda assim, parte dos jogadores clamava pelo desenvolvimento deste universo. Buscando atendê-los, a Riot optou por reformular toda a história do jogo e do universo, apagando a existência do Instituto da Guerra e da Liga por meio da qual os campeões lutavam até então.
A lore do jogo até então foi deixada de lado, separando a jogabilidade da história. O objetivo disso, de acordo com os desenvolvedores, seria abrir novas possibilidades, criando um mundo mais amplo e detalhado, onde campeões e nações teriam mais espaço para serem desenvolvidos.
Ainda assim, essa evolução não seria radical em todos os sentidos. Um ponto importante discutido no anúncio desse reboot foi que a identidade dos campeões deveria permanecer a mesma, independente do meio em que eles se encontrem. Gnox explicou no post:
“Por exemplo, um dos princípios que nós amaríamos discutir mais é nosso foco em garantir que a identidade de um campeão se mantenha consistente independente de onde você o encontre. Por exemplo, Darius deve sempre parecer o mesmo independente de ele estar usando seu machado em uma peça da história, no jogo ou em uma cinemática. Explorar as histórias e motivações dos campeões além do que você vê no jogo não significa que eles subitamente vão parecer personagens diferentes; o que fazemos é oferecer um enorme espectro de opções para expandir personalidades e aprofundar conexões.”
O que isso tem a ver com a história de Leona e Diana? Muito. Isso porque ambas as personagens foram lançadas antes do reboot, o que significa que suas histórias, que já haviam sofrido alterações antes, foram mudadas novamente aqui. Como os desenvolvedores destacam, no entanto, a ideia era manter essas histórias e personagens reconhecíveis, ainda que eles fossem desenvolvidos de forma diferente. E, quando se olha para as versões anteriores da história das campeãs de Targon, é bastante evidente que esse cuidado foi tomado.
Leona, a Escolhida do Sol
Leona se juntou à lista de campeões de League of Legends em 2011, apenas 2 anos após o lançamento do jogo. A primeira versão de sua história deixa isso claro, fazendo menção inclusive à sua eventual entrada na Liga. Quando já se sabe das limitações encontradas pelos desenvolvedores, no entanto, fica claro que já estava sendo difícil conectar esses campeões à trama que mesclava o universo e a jogabilidade de LoL.
Em sua primeira biografia, a personagem vinha da tribo dos Rakkor, habitantes de Targon que prezavam a guerra acima de tudo. Tal como qualquer outra criança da tribo, o que incluía seu então amigo de infância, Atreus, a garota era capaz de lutar com grande ferocidade. Diferente dos outros, no entanto, Leona não gostava da matança, e acreditava que o valor de um guerreiro deveria ser medido por sua habilidade de proteger.
Os Solari, diferente dos Rakkor, eram aqueles que habitavam partes mais altas da montanha, tendo escolhido atender a um chamado superior. Ao invés da guerra, eles adoravam o Sol, vivendo separadamente da tribo de guerreiros em uma espécie de coexistência.
Quando adolescente, os jovens Rakkor deveriam participar de um duelo até a morte, por meio do qual o vencedor conquistaria o direito de empunhar uma arma-relíquia. Leona, porém, se recusou a passar pelo rito, sendo sentenciada à morte por ir contra as antigas leis de sua tribo. Naquele que deveria ser o momento de sua execução, no entanto, a garota foi protegida por uma súbita explosão de luz do Sol, que deixou seus executores desacordados. A intervenção divina fez com que os Solari pedissem que sua sentença fosse revogada, fazendo com que ela se tornasse uma deles. Assim, ela se tornou a campeã que conhecemos, eventualmente se juntando à Liga das Lendas.
Embora toda a história de Leona se refira apenas a ela e aos habitantes de Targon, sua biografia era finalizada com a menção à Liga, sem qualquer justificativa para que ela tenha se juntado ao grupo. Isso demonstra uma das dificuldades mencionadas pelos desenvolvedores, já que como dito por eles, se tornou muito complexo expandir esse mundo e adicionar personagens quando era preciso fazer essas conexões.
A segunda versão da biografia da personagem torna isso ainda mais evidente. Sua história não sofreu qualquer alteração, exceto pela linha final, justamente a única que a conectava à Liga. Sem essa limitação, seria mais fácil desenvolvê-la a partir daí, mas sem o contexto do universo refeito as novas histórias se tornaram apenas desconexas.
Depois disso, a biografia da campeã foi atualizada novamente com o lançamento de Diana, já que as histórias de ambas estavam profundamente ligadas. Ao contrário do que muitos acreditam, essa ligação nunca foi familiar. As duas não eram irmãs em qualquer momento de suas histórias, nem mesmo se considerando como tal. Quando a representante da Lua foi lançada, elas eram inimigas, mas a biografia atualizada de Leona já sugeria que a história não seria tão simples assim.
Em sua terceira versão, a biografia se tornou bem mais longa e aprofundada. Nela, é explicado que os Rakkor eram guerreiros devotos do Sol, que levavam vidas difíceis no Monte Targon, aprendendo a lutar desde a infância. Aqui, a personagem deixou de ser uma rebelde em sua tribo desde o princípio, passando a ser retratada como alguém que compartilhava dos mesmos dogmas, e que aprendeu a matar qualquer entidade não-humana vinda do topo da montanha.
Ela viveu assim, até encontrar um garotinho perdido e assustado. Apesar de claramente não se tratar de um humano, com pele dourada, chifres e asas semelhantes às de um morcego, Leona se apiedou do menino, ajudando-o a encontrar o caminho de volta ao invés de atacá-lo como sua tribo ditava. Seu ato de rebeldia foi denunciado ao restante da tribo por Atreus, algo que ela sequer tentou negar. Por causa disso, os dois precisaram se enfrentar em um combate até a morte, mas após todo um dia em batalha, nenhum dos dois conseguiu finalizar o outro.
O julgamento por combate só teve fim quando um ancião Solari intercedeu, pedindo que a disputa fosse encerrada e a jovem levada para o alto do Monte, para ser treinada e ensinada de acordo com as crenças deles. Para o ancião, Leona era a guerreira de uma profecia que ditava que uma filha de Targon traria união ao reino celestial. Como todos em Targon seguiam os dogmas dos Solari, a decisão acabou sendo aceita, ainda que a contragosto por parte dos Rakkor.
Assim, a garota encontrou um novo caminho, refinando suas habilidades e se dedicando à sua nova fé. Nessa versão da história, apenas depois de já ter se estabelecido como uma grande e devota guerreira, o caminho de Leona se cruza com o de Diana. Isso acontece quando esta última, que também havia recebido ensinamentos dos Solari mas desaparecera há algum tempo, retorna e busca falar aos anciões. Os Solari, no entanto, não aceitam suas revelações sobre os Lunari e a necessidade de cooperação entre o Sol e a Lua, declarando-a uma herege. Furiosa, Diana os assassina, conseguindo fugir dos guerreiros do Sol.
Este é o momento que originalmente marcava as duas como inimigas, já que Leona decide perseguir aquela que assassinou os líderes dos Solari e fazer justiça, custe o que custar. Determinada, ela perseguiu a outra guerreira em direção ao cume da montanha, fazendo a jornada mais difícil de toda sua vida, sustentada apenas por seu desejo de vingança. Ao chegar lá, no entanto, ela se deparou com coisas que não esperava, descobrindo uma magnífica cidade de ouro e prata. Lá, ela percebe que o templo dos Solari era apenas um eco dessa grandiosidade.
A campeã também reencontra o mesmo garoto que havia salvo tanto tempo antes. É ele quem a direciona, mostrando a ela as maravilhas celestiais e a levando a se tornar uma dos Ascendidos. Apesar de permanecer a mesma, a experiência muda a guerreira profundamente, dando a ela não só novos poderes como grande conhecimento. E, nesse ponto da história, ela decide retomar sua busca por Diana — não por vê-la como uma inimiga a ser morta, mas por ter ganhado nova compreensão que apenas a Lunari poderia entender.
Essa ainda não é a atual versão da biografia de Leona, que foi atualizada uma quarta vez com o reboot do universo. Muito da base das versões anteriores foi mantido no que atualmente consta na história da campeã. Nascida e criada em Targon, ela era parte dos Rakkor, e foi ensinada desde o princípio a adorar o Sol. Para a garota, isso sempre foi natural, e ela era excepcional mesmo entre os Solari.
A maior mudança nessa versão veio com o relacionamento com Diana, que ganhou novas dimensões ao colocar ambas como tendo crescido entre os Solari. Ainda jovens, elas se tornaram amigas quando a exemplar representante do Sol tentou auxiliar Diana, considerada rebelde demais, a entender e seguir melhor o caminho da tribo. Embora isso não tenha ocorrido, elas se tornaram próximas, mesmo que tivessem ideias muito diferentes sobre a fé que deveria as guiar. Na nova história, ao invés de buscar vingança, Leona segue sua amiga na difícil jornada até o cume do Monte Targon para ajudá-la, já que não quer perdê-la e não deseja que ela se perca também. Ao invés de denunciá-la como alguém que rejeita as crenças dos Solari, Leona busca protegê-la, a seguindo até o fim.
Assim como antes, ambas acabam se tornando Aspectos. Isso não as torna necessariamente inimigas, no entanto, pois nenhuma das duas deseja seguir um caminho realmente oposto. A transformação pela qual passam acaba impossibilitando que isso não aconteça, já que Diana tem suas suspeitas comprovadas e deseja buscar respostas, enquanto Leona permanece devota e pede que ambas retornem e se entreguem aos Solari. Como nenhuma das duas aceita o caminho da outra, permanecer juntas se torna impossível, e elas acabam se enfrentando em batalha. A Aspecto da Lua sai vitoriosa, tendo a chance de matar sua adversária, mas não o faz. Ao invés disso, ela foge, e quando a Aspecto do Sol a segue, encontra somente o rastro de morte deixado entre os sacerdotes Solari.
Apesar desse confronto, Leona se recusa a desistir de Diana, que ela ainda acredita que precisa ser salva. Assumindo a liderança dos Solari, ela continua determinada a encontrar a representante da Lua, não por vingança, mas para ajudá-la a controlar o poder do Aspecto que ela carrega e não permitir que ele a destrua.
Tudo isso deixa claro que a história de League of Legends passou por diversas mudanças, algo necessário quando se trata de um jogo online que vai evoluindo com o tempo. Apesar disso, Leona se manteve reconhecível, tal qual prometido pelos desenvolvedores. Em sua base é possível notar sua fé, a maneira como ela é sempre uma protetora, bem como sua compaixão. Mesmo sua relação com Diana não mudou tanto assim em seus fundamentos, já que a história das duas permanece sendo sobre a fé que as coloca de lados opostos, mas existem indicações de que o futuro é um caminho que elas podem trilhar juntas.
Diana, o Escárnio da Lua
Se com o passar do tempo a história da guerreira do Sol passou por grandes mudanças, as atualizações que a biografia de Diana sofreu foram menos impactantes. Lançada originalmente cerca de um ano depois de Leona, a principal mudança em relação à campeã foi torná-la menos vingativa, fazendo com que ela defenda o equilíbrio, ao invés de ser simplesmente uma antítese dos Solari.
No início, a personagem foi apresentada como uma garota que nasceu entre os Solari, mas nunca se conformou em simplesmente aceitar seus ensinamentos. Atraída pela Lua, ela estudou tudo que pôde, eventualmente encontrando pistas que a levaram a encontrar ruínas dos Lunari. Entre conhecimento e murais antigos, ela encontrou a armadura e a lâmina crescente que usa no jogo, retornando aos anciões Solari com as provas da existência daqueles que adoravam a Lua.
Mesmo com provas, Diana não foi ouvida. Pelo contrário, os Solari a declararam uma herege, sentenciando a guerreira à morte. Enraivecida e devastada por não encontrar a aceitação que desejava, ela se virou contra os líderes dos Solari, tirando suas vidas. Nessa primeira versão da trama, a posição da Aspecto da Lua se torna semelhante à daqueles contra quem ela se rebelou: acabar com todos que neguem o poder da Lua.
Já na segunda versão a história da personagem teve algumas alterações que a deixaram menos antagonística. Dessa vez, ao invés de ter nascido como parte da tribo, a campeã era a filha órfã de um casal que veio de terras distantes, mas não sobreviveu à viagem. Encontrada pelos Solari próxima a um templo, a bebê foi levada para a tribo, sendo criada como uma deles. A natureza questionadora de Diana permanece a mesma, criando atrito entre ela e os anciãos que lideram os adoradores do Sol. Essa postura a levou a receber punições frequentes, a isolando cada vez mais do restante da tribo.
Em uma dessas punições, limpando a biblioteca, a campeã encontrou antigos textos sobre os Lunari, um grupo que adorava a Lua e via o ciclo de dia e noite como necessário para o equilíbrio e harmonia universais. Nessa mesma noite, ela foi chamada por uma senhora idosa que pedia ajuda para chegar ao cume da montanha. Apesar de a subida ser proibida, já que deveria ser realizada apenas por aqueles que são dignos, de acordo com os Solari, a personagem desobedeceu a regra, incapaz de negar ajuda à idosa.
Foi assim que Diana subiu ao topo do Monte Targon após uma difícil jornada, encontrando uma cidade de ouro e prata tal qual a citada na terceira biografia de Leona. Transformada no Aspecto da Lua, ela encontrou uma caverna onde itens e murais contavam sobre a união dos Solari e dos Lunari em batalha contra monstros do Vazio que ameaçavam o mundo. Retornando ao templo, ela apresentou aos anciãos tudo que tinha encontrado, contando a eles a história dos Lunari, apenas para ser rejeitada. Assim como na primeira versão da trama, a decisão dos líderes Solari é de declará-la uma herege, a sentenciando à morte. E, tal qual na versão original, isso acaba mal para os próprios anciãos, que perdem a vida diante da fúria da guerreira lunar.
Diferente de antes, no entanto, Diana não permanece nesse estado sanguinário. Nessa segunda versão, ela fica horrorizada com o que fez após recobrar o controle, e foge imediatamente. Assim como a versão da história de Leona da mesma época, sua biografia não é concluída com uma promessa de inimizade, e sim de união futura. Aqui, é revelado que a personagem entende que os Lunari e os Solari não precisam ser inimigos, bem como que seu destino é mais que o de uma simples guerreira.
Atualmente, a história da campeã é levemente diferente, tendo sido atualizada mais uma vez após o reboot da lore. Sua origem como uma órfã encontrada e criada pelos Solari foi mantida, assim como sua mente inquisitiva. Dessa vez, ela é apresentada como alguém que estuda os textos sagrados dos adoradores do Sol com dedicação, mas suas dúvidas e as questões vindas desse estudo só a levam a fazer mais perguntas, atitude que não é bem-vinda diante da cultura dogmática de sua tribo.
Seus questionamentos levam a punições e isolamento. A única que não se afasta dela é Leona, descrita em sua biografia como um raio de esperança. Apesar de ser a mais devota entre os Solari, a outra garota não buscava se afastar de Diana. Ao invés disso, as duas debatiam a filosofia que eram ensinadas, e embora nenhum lado conseguisse convencer o outro, esses debates acabaram as levando a formar uma amizade bem próxima.
A descoberta da caverna que demonstra Solari e Lunari trabalhando juntos também ocorre na versão atual, ainda que aconteça por acaso, antes de a garota se tornar um Aspecto. Ela tenta compartilhar o que descobriu com sua amiga, mas Leona não reage bem, pedindo que ela esqueça o assunto completamente.
As dúvidas da guerreira da Lua só continuam a crescer, a tornando cada vez mais determinada em descobrir o que os Solari escondem. Para encontrar respostas, ela decidiu ir ao topo da montanha, passando pela provação da subida e utilizando a lembrança de sua amiga e seu desejo de tornar os Solari melhores como motivação. Lá, ela foi transformada no Aspecto da Lua, sendo seguida por Leona, a escolhida do Sol. A princípio, sua reação foi de contentamento por dividir o momento com sua amiga. A Solari, no entanto, não aceitou a proposta de Diana de desbravar esse novo caminho ao seu lado, querendo que ambas retornassem à tribo.
Após enfrentar a única pessoa que tinha próxima de si, a guerreira da Lua retornou à tribo para confrontar seus líderes com o conhecimento que havia adquirido. Assim como em todas as versões da trama, esse encontro acaba em desastre, embora a nova versão conte que a raiva de Diana foi amplificada por seus novos poderes, fazendo com que ela perdesse o controle e levando à morte daqueles que ficam em seu caminho. No fim, a conclusão a que ela chega é a mesma da versão anterior: seu destino não é permanecer em Targon com os Solari, mas a tribo do Sol e os guerreiros da Lua não precisam ser inimigos.
Apesar de passar por uma mudança de personalidade na primeira vez em que sua biografia é modificada, as diferentes versões da história da campeã se mantêm relativamente parecidas. Em todas, o que é fundamental para a personagem permanece. Ainda que cresça entre os Solari, Diana sempre se sentiu isolada, pois sua natureza questionadora a leva a ser punida e deixada de lado. Isso motiva uma busca por respostas que nunca acaba bem, já que a tribo não aceita que seus dogmas sejam falsos, mesmo diante de provas. Assim, ela precisa encontrar seu próprio caminho como Aspecto da Lua.
Da mesma forma, seu relacionamento com Leona apenas ganha mais profundidade ao estabelecer que as duas eram muito próximas, apesar de acreditarem em coisas diferentes. Seus debates as levam a se aproximar, e seu carinho fica claro tanto em como Leona deseja proteger Diana e levá-la para o caminho que acredita ser melhor, quanto em como esta última vê a primeira como sua única amiga, ficando feliz de compartilhar sua revelação com ela e desejando abrir sua mente para o caminho que acredita ser certo. Em nenhum caso, porém, a mudança descaracteriza as personagens. Elas permanecem essencialmente as mesmas, e sua relação de amizade, oposição e possível reconciliação no futuro não difere muito da versão anterior da história.
Ascenda Comigo
Este ano, a Riot Games lançou um novo conto estrelando as duas. Chamado Ascenda Comigo, a história volta ao passado de Diana e Leona como aprendizes dos Solari, utilizando o formato de diário e notas para relatar diversos dias e interações entre elas, além de contextualizar a trama. Aqui, vemos um pouco da juventude das duas, com foco em sua aproximação, embora muito adicione também ao que as biografias já contam sobre elas.
Primeiramente, uma missiva apresenta a ideia de um festival de inverno, visando demonstrar seu valor à Deusa do Sol por meio da dança e da música. Mas a trama logo estabelece a situação de Diana por meio de uma de suas tutoras, que a repreende por questionar abertamente uma Sacerdotisa. Um trecho do diário da personagem adolescente mostra seu descontentamento quando ela retrata seus pensamentos e questionamentos, refletindo sobre a injustiça de ser punida por fazer perguntas. Desde o princípio fica claro que a jovem não é contra a deusa que deveria adorar, mas acredita que a fé deveria ser encontrada através dessas questões, buscando criar um relacionamento próximo e íntimo por meio dela. Todas as suas tentativas são julgadas e castigadas, porém, o que leva a uma crescente frustração por parte de Diana.
Ao mesmo tempo, a trama reforça a maneira como a sociedade dos Solari não aceita qualquer tipo de pensamento que fuja ao estabelecido, com mesmo aulas sobre debates não apresentando qualquer argumento real. Qualquer pergunta, por mais inocente, é mal vista pelas Sacerdotisas, pois os Solari defendem que há apenas um caminho correto, baseado em tradições antigas pré-estabelecidas.
Logo fica claro também que, mesmo antes de interagirem diretamente, as duas garotas não deixavam de se perceber. Diana reconhece o talento de Leona para a oratória, bem como sua tentativa de argumentar. Acima de tudo, no entanto, ela nota que a outra aprendiz não fala da noite (chamada por elas de a Escuridão) como algo maligno, apenas sombrio e diferente do dia.
A seriedade de Leona e seu empenho também ficam evidentes desde o princípio. Enquanto a futura campeã da Lua se mostra inquisitiva e rebelde, a personagem é obediente, cheia de respeito e muito dedicada à sua fé. Isso a leva a ser muito bem aceita por seus superiores e companheiros, estabelecendo como as duas são opostas desde o princípio.
Isso, porém, não as impede de se aproximarem. Ainda que os argumentos de Diana sejam criticados e ela seja punida por eles, Leona reconhece sua habilidade em embasá-los, bem como em desconstruir o que é dito por outros. Por causa disso, ela pede ajuda da garota para praticar, recebendo uma resposta bastante ríspida a princípio. Por ser excluída e menosprezada, sempre sendo punida por buscar conhecimento ao invés de aceitar verdades prontas, a futura escolhida da Lua não espera que o pedido seja sincero. Ela não acredita que alguém como Leona iria procurá-la para pedir ajuda, e fica na dúvida que tudo não passe de uma brincadeira de mal gosto.
Ainda assim, ela decide arriscar, aceitando ajudar sua colega de classe. As duas passam a se comunicar por bilhetes e cartas, evitando que sejam vistas juntas. Isso, em parte, é algo que a própria Diana decide por fazer, não querendo que a única corajosa o bastante para buscar ajuda da pessoa mais excluída do templo sofra por causa disso. Ainda que Leona seja considerada um prodígio e não fosse ser punida de qualquer forma, alguém que sofreu com isolamento e desprezo entende como isso pode ser doloroso. Assim, ela escolha manter essa comunicação à distância, ao mesmo tempo em que se mostra contente por finalmente ter alguém com quem conversar.
Rapidamente as duas se tornam mais próximas, e aproximadamente dez dias depois, o texto mostra que Leona está preocupada em encontrar um meio de convidar sua nova amiga a acompanhá-la ao Festival. Sua amizade se forma rápido, mas logo fica evidente que o interesse de ambas vai além disso. Em detalhes e descrições, o carinho que elas nutrem uma pela outra é mostrado, desde a forma como a prodígio dos Solari admira sua colega ao modo como Diana enfrenta uma punição severa mas não se arrepende de desobedecer sua instrutora por ter uma oportunidade de falar com a outra garota diretamente.
As atitudes da jovem questionadora servem mais uma vez para demonstrar o extremismo da tribo que supostamente a acolheu, mas não hesita em punir severamente qualquer ideia que fuja um pouco ao estabelecido por eles. A personagem é sentenciada a ficar debaixo do Sol três dias inteiros, sem sombra ou água, como castigo por suas ideias supostamente subversivas, quando tudo que havia feito era sugerir que o Sol não seria a única fonte de luz existente.
Por sua vez, esse tratamento faz com que Diana se torne mais ressentida, a levando a se afastar dos Solari. Em seu diário, ela se mostra rancorosa contra todos menos sua única amiga, e mesmo assim acredita que Leona não iria querer nada com ela depois disso. Assim, ela decide não participar das festividades, buscando fazer algo sozinha.
Fica claro o quanto ela considera sua colega, e que seu interesse por ela vai além da amizade que as duas construíram. Em Leona, ela encontrou alguém que a valoriza, que demonstra gentileza que ninguém mais direciona a ela. Acima de tudo, as duas mostram que seu laço é profundo, pois juntas podem ser elas mesmas sem a preocupação com a perfeição ou a adequação que precisam agir em relação aos outros.
Essa relação acaba sendo abalada por um desentendimento entre as duas. Enquanto a escolhida do Sol planejava convidar sua amiga para ser sua acompanhante no Festival, Diana revela que não pretende ir. Isso acaba levando a uma briga quando Leona pergunta o porquê, e sua colega entende tudo errado, acreditando que no fim a aluna prodígio só havia se aproximado dela para tentar convencê-la sobre a religião dos Solari. A situação leva as duas a serem punidas, além de fazer com que Leona veja tudo como uma rejeição.
Logo a situação é esclarecida quando ambas percebem o que haviam entendido errado. Enquanto Diana percebe que era um convite e que sua colega realmente queria estar com ela, Leona entende que a reação da outra garota não é uma rejeição a ela, e sim resultado da punição severa que havia sofrido.
Elas se encontram sozinhas pela primeira vez na noite do Festival, quando a escolhida da Lua evita a celebração para buscar uma parte mais alta da montanha, onde possa ficar sozinha. Seguida por Leona, as duas se desculparam pelo mal entendido, finalmente frente a frente e conversando diretamente sem mais ninguém por perto. Ao invés de voltar imediatamente, elas se sentam juntas, admirando o céu noturno. Depois de muito tempo juntas, Diana pergunta se ela gostaria de retornar ao festival e dançar com ela. É neste momento que o envolvimento romântico das duas é confirmado, quando Leona responde que “ainda não”, antes de beijar a outra garota.
O conto é finalizado assim, com um poema ou canção que continua aquele que o inicia. Ao longo de toda a trama, o relacionamento das duas campeãs é desenvolvido por meio de uma história que mostra mais de sua juventude, como elas foram criadas e do relacionamento das duas. Embora aprofunde e acrescente a elas, a história não muda a biografia das personagens ou as torna irreconhecíveis. Aqui, vemos parte do caminho que as levou a se tornarem o que conhecemos, desenvolvendo um pouco mais sua relação ao confirmar o romance entre elas.
A história de Diana e Leona foi mudada? O conto faz sentido dentro da história do universo?
Como explicado ao longo do texto, toda a história de League of Legends sofreu alterações. Entre as diversas atualizações de campeões e narrativas, poucos permanecem realmente iguais ao modo como foram lançados, e entre estes a maioria são personagens lançados recentemente, quando a empresa já tinha um caminho mais definido que pretendia seguir quanto a seu universo. As campeãs de Targon não são exclusividade, e as alterações em suas biografias pouco tem a ver com o relacionamento estabelecido no conto Ascenda Comigo.
Uma das personagens mais populares do jogo, Ahri, teve três versões anteriores de sua biografia, assim como Yasuo. Enquanto isso, Yone, que foi introduzido depois, não teve sua biografia atualizada até o momento. Annie, uma das primeiras campeãs desenvolvidas, está atualmente na sexta versão de sua história. Embora nem sempre as mudanças sejam consideráveis, isso mostra como o jogo passou por muitas mudanças ao longo dos anos, além de comprovar que Leona e Diana não são exceção.
Ainda assim, muitos jogadores protestaram quanto ao romance das duas, mesmo que não exista nada no universo que contrarie o que é mostrado no conto. Ao contrário do que as reclamações defendem, afirmando que tudo foi feito apenas para agradar parte do público, desenvolvedores que participaram da criação das duas afirmaram que, originalmente, a ideia era sim que elas tivessem envolvimento romântico, mas na época em que Diana foi lançada, eles ainda não tinham abertura para tornar isso oficial.
Em uma thread no Twitter, Michael Maurino, conhecido também como IronStylus, falou sobre o desenvolvimento das duas. Ex-artista da Riot, ele trabalhava principalmente com os campeões de Targon, sendo notável em particular por seu envolvimento quando o assunto era Leona. Com o lançamento do conto, ele falou sobre as ideias originais, afirmando que a ideia de um romance surgiu com a criação da Aspecto da Lua, mas encontrou dificuldades pelas limitações que eles tinham ao contar a história:
“Eu meio que odeio fazer explicações das coisas pós-Riot mas para qualquer um tendo um momento gamer de verdade sobre sol e lua se assumindo, Leona foi desenvolvida em um vácuo, mas quando chegamos à Diana, nós decidimos que seria legal se elas tivessem um amor uma pela outra. Esse amor se tornou impossível com a introdução de Diana como um sólido oposto de Leona. Nós não tínhamos muito espaço real para desenvolver uma história potencialmente longa uma com a outra, então tínhamos que trabalhar com duas imagens (teaser e splash) e cerca de 3 parágrafos de texto.”
Ele então explica que na cabeça da equipe de desenvolvimento, o relacionamento delas sempre teve uma importância. Assim, o teaser funcionava como um painel, mostrando a guerreira da lua logo após ela recuperar a armadura Lunari e descobrir os antigos desenhos nas paredes da caverna.
A splash art seria, então, uma continuação da história apresentada ali, mostrando Diana após ela retornar aos Solari e matar os anciãos. Para ele, o que se seguiria seria o inevitável confronto entre as duas campeãs, mas não havia espaço para mostrar isso acontecendo. Ainda assim, ele conta sobre os cenários imaginados pelos desenvolvedores, dizendo:
“O que não era inevitável é se nós eventualmente teríamos a chance de mostrar o que aconteceu depois disso tudo. Nós imaginamos um cenário onde as duas teriam sido contemporâneas. Talvez elas treinaram juntas, talvez foram colegas de classe. Mas de qualquer forma o que teria sido estúpido seria elas não serem entrelaçadas. Nós também queríamos só tipo… acumular na tragédia ali. Como Diana era todas nossas crianças góticas interiores tornada real nós meio que queríamos encher a história de tristeza. Nós escolhemos todos os elementos dela sendo uma contradição à ortodoxia Solari (cof cof igreja Católica).”
Maurino prossegue sua thread, falando sobre como essas decisões impactaram Diana e todas as ideias feitas em relação à identidade da campeã, desde seu design visual à sua história e personalidade. Ele explica:
“Então o kit dela era de assassino, o oposto de um tank suporte. O design dela era inteiramente curvas e crescentes, se distanciando de pontas e desenhos do sol. Sua história era rebelde ao invés de devota e altruísta. Ela era “iluminada” ao invés de inocente. Então o que MAIS ela poderia ser? Bom deixe eu contar para você sobre como pessoas LGBTQI+ são oprimidas e invalidadas em religiões ortodoxas/fundamentalistas. Parecia lógico alinhar toda a noção dela de amor e afeição ao redor do que seria contrário a uma ordem sem dúvidas bastante evangélica. Além disso, nós voltamos para ‘o que é mais trágico que ter que matar quem você ama’ por causa de uma divisão ideológica? Porque enquanto nós imaginamos essa situação, ambas estavam erradas. Leona lutava por uma ordem de fanáticos radicais, e Diana assassinou sem piedade esses fanáticos. Talvez a única coisa ‘certa’ sobre sua dicotomia era seu amor mútuo. Algo que agora foi eclipsado (risos) por essa nova dinâmica de repulsa ideológica mútua.”
Finalizando sua discussão, o ex-artista da Riot fala que chegou a escrever uma história pós-lançamento que fez por conta própria, onde esta relação era explorada por meio do confronto entre as duas depois do ponto em que a história de Diana foi introduzida. Se voltando para a história atual, ele reafirma mais uma vez que o novo conto traz muito do que eles pretendiam fazer desde o desenvolvimento da campeã Lunari:
“Eu tinha uma história boba pós-lançamento no meu Google Docs onde o confronto pós-splash acontece e depois de se enfrentarem em batalha, tendo algum diálogo interessante entre cortes, Diana grita “Eu AMAVA você…” mas isso agora está perdido para essa nova divisão. Mas independente disso, esse novo lançamento da narrativa preencheu o que pretendíamos quando trabalhamos em Diana. Só foi possível concretizar isso agora graças a recursos e às equipes de desenvolvimento da história expandida no estúdio, sem dúvidas. O que eu fico feliz sobre apesar de ser agridoce. A moral aqui é que a) o amor é atrapalhado nos humanos por algumas coisas muito mesquinhas e b) abraçar seus sentimentos, identidade e validade ultrapassarão suas diferenças mútuas. Minha esperança é que essa história seja contada um dia.”
Com toda a explicação de Maurino, fica ainda mais fácil perceber que a base dessa história existe há muito tempo, tendo início com a criação da campeã mais nova. Na época, porém, League of Legends não contava com tanto investimento em desenvolver seu universo por meio de histórias, algo que mudou seguindo o reboot. Mesmo a inimizade delas deveria ser um obstáculo temporário, já que o desenvolvedor revela que o objetivo da história seria, em parte, mostrar como através do amor seria possível superar diferenças – além de possivelmente mostrar como a relação delas permitiria que elas crescessem como pessoas, já que para isso seria necessário que percebessem seus erros e encontrassem um caminho melhor.
Muito mudou desde a origem de ambas, mas é possível perceber em qualquer versão da história como Leona e Diana estão inevitavelmente interligadas, e que o futuro de sua narrativa é um caminho compartilhado — possivelmente na luta contra as ameaças do Vazio, inclusive.
Ascenda Comigo foi o primeiro passo em desenvolver essa relação de modo direto, como a equipe por trás das campeãs pretendia desde o começo. Agora, resta ver o que o futuro guarda para as guerreiras de Targon – mas o conto é indicação de que, após um longo eclipse, a hora está chegando em que elas percebam que a luz do sol e da lua não são tão diferentes assim.
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