Falcão e o Soldado Invernal 1×02: O Herói Americano
Falcão e o Soldado Invernal 1×02: O Herói Americano
A Marvel finalmente começa a tocar em assuntos importantes…
Os filmes da Marvel, mesmo bastante divertidos e cheios de tramas interessantes. nunca, realmente, conseguiram abordar temas importantes da sociedade em seus filmes. Claro, existe um comentário sobre machismo aqui, outro sobre os horrores da guerra por lá – mas mesmo quando a Hydra e o Caveira Vermelha apareciam, assuntos como nazismo e fascismo nunca foram discutidos e tudo sempre foi feito de uma maneira sutil – esses elementos estão lá, mas não possuem destaque ou tempo de tela.
Com WandaVision, as coisas começaram a mudar. Na série, vemos Wanda Maximoff lidando com sua depressão e o luto pelas diversas pessoas que ela perdeu. Agora, em Falcão e o Soldado Invernal dois temas extremamente importantes ganham destaque: o racismo estrutural e o estresse pós-traumático.
Enquanto a trama de Bucky lidando com os traumas de tudo o que lhe aconteceu vem sendo mostrado de maneira bem clara, principalmente em suas sessões com a Drª Raynor, o Universo Cinematográfico da Marvel finalmente começa a dar destaques a problemas do mundo real inseridos dentro de sua realidade fantástica, com Isaiah Bradley sendo apresentado na série.
As implicações de um homem negro com o soro do Super-Soldado são muito grandes e, mesmo que movimentos como o Vidas Negras Importam (aparentemente) não existam nessa realidade, o racismo – e pessoas que lutam contra ele – existem. E durante todo o episódio, vemos em diversos momentos Sam Wilson tendo que lidar com situações de racismo, mesmo que completamente velado e “não intencional”.
Em uma rápida busca na internet sobre racismo estrutural, provavelmente a primeira coisa que irá aparecer para você é a página da Wikipédia sobre o assunto. Nela é dito que:
“Racismo estrutural é a formalização de um conjunto de práticas institucionais, históricas, culturais e interpessoais dentro de uma sociedade que frequentemente coloca um grupo social ou étnico em uma posição melhor para ter sucesso e ao mesmo tempo prejudica outros grupos de modo consistente e constante”
Em 2003, a Marvel publicou uma das histórias mais controversas do Capitão América: “Truth: Red, White & Black”, escrita por Robert Morales e com arte de Kyle Baker. Nela, descobrimos que o governo americano, tentando recriar o soro do super-soldado, levou cerca de 300 soldados afro-americanos para fazer testes potencialmente fatais na tentativa de recriar a fórmula – apenas cinco homens sobreviveram, com um deles sendo Isaiah Bradley.
Desde então, o personagem se tornou um símbolo e ganhou um legado, tanto nos quadrinhos quanto para os leitores, com seu neto, Eli Bradley, se tornando o Patriota e um dos fundadores dos Jovens Vingadores.
As implicações para Sam, ao descobrir sobre Isaiah são gigantescas e é notável como isso o afeta profundamente, principalmente devido a todas as suas dúvidas sobre assumir, ou não, o manto do Capitão América. A cena da discussão entre Sam e Bucky após eles saírem da casa de Isaiah e sendo parados pela polícia é o ponto alto do episódio e toda a indignação e raiva do Falcão são bastante justificadas e sentidas, ainda mais com Anthony Mackie conseguindo passar muito bem todos esses sentimentos em tela.
O desenvolvimento de Sam nesse episódio é espetacular e vemos bastante como Malcolm Spellman, o principal roteirista e showrunner da série, entende o personagem de uma maneira muito pessoal, como fica claro na cena em que John Walker, o novo Capitão América, sugere que gostaria de ter ele como um “ajudante” – e sua indignação perante a frase.
Ainda trabalhando assuntos mais reais em suas tramas, Sebastian Stan continua entregando uma atuação fenomenal na série, algo que ele não teve muita chance de fazer nos outros filmes da Marvel. A cena em que Bucky explica porque ficou chateado com Sam tendo abandonado o escudo é de partir o coração e diz muito sobre como ele ainda precisa da validação de Steve, e do próprio Sam, para acreditar que pode ser uma boa pessoa.
Já sobre os “vilões”, novamente é interessante notar que os Apátridas não estão sendo trabalhados apenas como terroristas loucos que querem o domínio mundial, mas (até o momento) eles estão apenas desafiando os governos mundiais e o status quo, de uma maneira não muito diferente do Capitão América e seus aliados em Guerra Civil.
Por fim, o episódio funciona mais como uma “parte 1” da história, apresentando melhor os antagonistas e suas motivações, além de colocar Bucky e Sam Wilson no caminho o qual eles devem trilhar. E com Zemo no caminho, não vai ser uma jornada fácil.
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