Crítica: Duna torna acessível livro icônico mas frustra pela necessidade de uma Parte 2
Crítica: Duna torna acessível livro icônico mas frustra pela necessidade de uma Parte 2
Duna é um blockbuster épico com tudo a que tem direito!
Após quase um ano de adiamento devido à pandemia de COVID-19, chega aos cinemas o épico de ficção-científica Duna. Dirigido por Denis Villeneuve, o longa é estrelado por Timothée Chalamet, Rebecca Ferguson, Oscar Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Zendaya, Jason Momoa e Javier Bardem.
A Legião dos Heróis já assistiu ao filme, que estreia no dia 21 de outubro nos cinemas, e trouxe para você todas as nossas impressões. Confira nossa crítica de Duna abaixo!
Ficha Técnica
Título: Duna (Dune)
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Jon Spaihts, Denis Villeneuve e Eric Roth
Estreia: 21 de outubro de 2021
Duração: 2h 35m
Classificação indicativa: 14 anos, contém violência
Sinopse: Em um futuro distante, planetas são comandados por casas nobres que fazem parte de um império feudal intergalático. Paul Atreides (Timothée Chalamet) é um jovem cuja família toma controle do planeta deserto Arrakis, também conhecido como Duna. Sendo a única fonte da especiaria melange, a substância mais importante do cosmos, Arrakis se prova ser um planeta nem um pouco fácil de governar.
Duna é a adaptação da obra máxima de Frank Herbert, um dos autores de ficção científica mais reverenciados da literatura. Seu romance, lançado em 1965, é complexo o suficiente para ter se tornado um clássico cult em que todas as tentativas de adaptação para o cinema fracassaram de forma retumbante. Pelo menos, até agora.
A versão de Duna comandada por Denis Villeneuve, que chega aos cinemas na próxima quinta-feira (21), é bastante feliz na hora de transportar esse material tão rico para as telas. Mesmo sendo difícil de digerir em alguns momentos, o filme leva seu tempo para traçar as regras deste universo, de modo que o espectador não familiarizado com o livro não tem grandes dificuldades para acompanhar o que acontece.
É fato que o roteiro de Jon Spaihts, Eric Roth e Villeneuve precisa sacrificar seu texto com alguma exposição incômoda mas, nesse caso, essencial. O filme tem a difícil tarefa de estabelecer o sistema de Casas e seus níveis de poder e influência, bem como dimensionar o planeta Arrakis, a relação de Paul Atreides com sua família e o papel do garoto como centro da guerra política que se estende por todo enredo.
Como boas obras de ficção científica, Duna conversa de forma acertada sobre temas caros à humanidade. Em um passeio denso e poeirento através da trama, acompanhamos como aquela sociedade se comporta diante do povo Fremen, nativos do deserto que sofrem toda a opressão dos homens designados pelo Império a explorarem a valiosa especiaria disponível no planeta. Da mesma forma, não surpreende a maneira como as dinastias que compartilham todo o poder do universo lidam umas com as outras.
É em clima de pura paranoia que o espectador se vê envolvido durante todo o tempo de exibição de Duna. Confiar em qualquer personagem, com exceção do protagonista vivido por Timothée Chalamet, é uma tarefa árdua. A fotografia de Greig Fraser ainda é hábil quando o assunto é te deixar no escuro e completamente sufocado por toda a aura de opressão do longa.
Ainda que seja controverso encorajar a ida ao cinema quando a pandemia de COVID persiste em boa parte do mundo, é difícil negar que experienciar Duna nas telas grandes faz imensa diferença. Estamos falando de um longa de escopo tão grandioso e imponente, que chega até a ser difícil administrar o deslumbramento durante as duas horas e meia de filme.
Esteticamente, Duna impressiona. Tudo que se vê em tela é gigantesco e sóbrio, ornando perfeitamente com o tom épico e sério da história. Ao mesmo tempo em que há um “quê” de futuro nas armaduras e aeronaves usadas pelos personagens, ou até nos grandes salões por onde eles circulam, existe uma clara inspiração no design de produção em civilizações do passado, como Roma ou Babilônia. O vasto deserto traiçoeiro de Arrakis, assim com os vermes gigantes que habitam o subsolo do planeta, não se parecem com quase nada já visto, se distanciando ao máximo das dunas laranjas vivas de Mad Max ou das cores fortes de Blade Runner 2049.
O grande elenco de Duna torna cada aparição um deleite e mantém o espectador investido. Ainda que você já tenha visto o material promocional, é impossível não se surpreender com algum rosto conhecido que surge aqui e ali. O onipresente Timothée Chalamet, que dá vida ao herói Paul, apresenta uma versão mais insegura e real do protagonista, enquanto Oscar Isaac e especialmente Rebecca Ferguson, que vivem Leto e Lady Jessica, são uma incógnita a serem desvendadas à medida que a trama caminha.
O elemento mais problemático de Duna, no entanto, acaba por tornar a experiência final um pouco frustrante. Desde o início, o longa se propõe a ser uma “Parte 1”, mas mesmo assim, não consegue evitar a sensação desanimadora de interrupção quando a tela de créditos surge. O terceiro ato do longa é menos interessante que todo o resto do filme e até anticlimático. A produção não merecia ser sacrificada em prol de um segundo filme.
De qualquer forma, Duna é uma ótima pedida para quem quer se deixar atrair por um blockbuster adulto de porte. É essencialmente uma space opera com tudo a que o subgênero tem direito – intriga política, profecias importantes, drama familiar, batalhas com muita fisicalidade e riscos iminentes – com um esmero artístico típico de Denis Villeneuve, que no passado nos entregou obras tais quais O Homem Duplicado, A Chegada e Blade Runner 2049. Para a experiência ficar mais fascinante, só se a Parte 2 fosse exibida logo em seguida.
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