Dan Brown: O que a Igreja Católica pensa sobre os livros O Código Da Vinci e Anjos e Demônios?
Dan Brown: O que a Igreja Católica pensa sobre os livros O Código Da Vinci e Anjos e Demônios?
Entenda o posicionamento da igreja sobre a obra de Brown que virou filme com Tom Hanks.
Por mais que hoje em dia já não ocupe o mesmo holofote, Dan Brown foi um dos nomes mais populares do início dos anos 2000. O autor emplacou sucesso atrás de sucesso com thrillers intensos e aventurescos, sobre caça a tesouros mergulhados em todo tipo de conspiração imaginável.
Seus maiores sucessos foram Anjos e Demônios (2000) e O Código Da Vinci (2003). A dupla de livros acompanha um professor de história da arte chamado Robert Langdon, que acaba esbarrando em segredos milenares da Igreja Católica, e uma guerra civil de diferentes seitas. Os livros se tornaram best-sellers no mundo todo, e conquistaram ainda mais fama ao se tornaram filmes estrelados por Tom Hanks em 2009 e 2006, respectivamente (O Código Da Vinci foi adaptado antes de Anjos e Demônios).
Com tanta popularidade lidando com assuntos delicados, o autor deve ter irritado muita gente, certo?
O que a Igreja Católica acha das obras de Dan Brown?
Dá para dizer com tranquilidade que eles não são grandes fãs, não. Na verdade, quem tem mais problemas com os trabalhos de Dan Brown são os historiadores, que apontam incontáveis exemplos de imprecisões na mitologia dos livros, como o envolvimento de Leonardo Da Vinci como uma das seitas em guerra, a forma como mulheres eram representadas, e principalmente a formo como Jesus é descrito como tendo se casado com Maria Madalena, com quem teve um filho.
Esse último é justamente o ponto que amargou a Igreja Católica. Muitos grupos relacionados à instituição fizeram movimentos para tentar boicotar os livros e suas adaptações. Alguns teólogos, como a dupla Carl E. Olsen e Sandra Miesel, chegaram até mesmo a criar obras como The Da Vinci Hoax (ou A Mentira Da Vinci em tradução livre), pensados para contestar toda alegação religiosa feita pelo autor em O Código Da Vinci.
Um dos eventos que melhor demonstram a relação da Igreja com Dan Brown aconteceu em 2007, quando a equipe do diretor Ron Howard (O Grinch, Han Solo) tentou pedir permissão para rodar cenas dentro de duas igrejas em Roma, para a adaptação de Anjos e Demônios que seria lançada em 2009. A recusa do monsenhor Marco Fibbi, representante da diocese romana na época, foi bastante enfática (via ABC News):
“Normalmente nós lemos o roteiro [antes de aprovar ou negar os pedidos], mas dessa vez nem foi necessário. O nome de Dan Brown já foi o suficiente.”
Segundo Fibbi, a Igreja até permitia uma ou outra filmagem em seus locais, mas apenas para documentários ou dramas históricos. Quando questionado sobre o teor da obra de Brown, o monsenhor as descreveu como “moralmente ofensivas” e “prejudiciais ao sentimento religioso”.
O que Dan Brown acha disso tudo?
O autor ficou tão acostumado com as polêmicas que, durante os anos 2000, dedicou uma extensa seção de seu site oficial para esclarecer todas as acusações e críticas que recebia. O primeiro tópico abordado por Brown em seu site é sobre as imprecisões históricas, que ele rebate como sendo diferentes interpretações dos personagens sobre fatos bem documentados:
“O Código Da Vinci é um romance, portanto é um trabalho de ficção. Enquanto os personagens e suas ações obviamente não são reais, as artes, arquitetura, documentos e rituais secretos descritos no livro existiram mesmo (por exemplo, as pinturas de Leonardo Da Vinci, os evangelhos gnósticos, a hierogamia, etc.). Todos esses elementos reais são interpretados e debatidos por personagens fictícios. Ainda que eu acredite que algumas dessas teorias têm méritos, cada leitor deve explorar as perspectivas desses personagens e chegar às próṕrias conclusões.”
Depois, o autor lida diretamente com as acusações de se opor à Igreja Católica, afirmando que escreveu os livros “em um esforço para explorar certos aspectos interessantes da história cristã”, e dizendo até que, salvo por uma minoria vocal que se viu ofendida, ele supostamente foi contatado por padres e freiras que lhe agradeceram por ter escrito tais obras.
A defesa de Dan Brown é sólida, visto que de fato muitos membros da Igreja Católica aproveitaram o enorme sucesso de suas obras para evangelizar o público e lhes ensinar mais sobre a história religiosa. No fim das contas, o autor não volta atrás de nada do que foi falado em seus livros, e deixa que o leitor – assim como em suas tramas – vá atrás de descobrir o que julga como verdade.
“Muitos integrantes da Igreja celebram O Código Da Vinci por ter despertado e renovado o interesse em tópicos cruciais como a fé e a história cristã. É importante lembrar que o leitor não precisa concordar com todas as palavras do livro, mas sim usá-lo como um catalisador positivo para introspecção e exploração das nossas crenças.”
Os filmes baseados nos livros de Dan Brown – O Código Da Vinci, Anjos e Demônios e Inferno (2016) – estão todos disponíveis no catálogo da Netflix.
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