Crítica: Cinderela, do Prime Video, é menos engraçado e audacioso do que ele pensa que é
Crítica: Cinderela, do Prime Video, é menos engraçado e audacioso do que ele pensa que é
Filme musical estrelado por Camila Cabello não vai bem em sua proposta
Chegou ao Prime Video neste fim de semana, a mais nova versão de Cinderela, protagonizada pela estrela da música pop Camila Cabello. O filme é uma das apostas exclusivas do streaming da Amazon para o mês de setembro.
No longa, somos apresentados à história que já conhecemos através de uma abordagem atualizada e com números musicais. Além de Cabello, estão no elenco Idina Menzel (Frozen), Billy Porter (Pose) e Pierce Brosnan (007). Para saber o que achamos do filme, leia nossa crítica rolando a matéria para baixo!
Ficha técnica
Título: Cinderela (Cinderella)
Direção e roteiro: Kay Cannon
Data de lançamento: 03 de setembro de 2021
País de origem: Estados Unidos
Duração: 1h 53min
Sinopse: Na nova e ousada abordagem musical da história tradicional que o público conhece, Cinderela (Camila Cabello) é uma jovem ambiciosa cujos sonhos são maiores do que o seu mundo permite. Entretanto, com a ajuda de seu Fado Madrinho (Billy Porter) ela é capaz de perseverar e realizar seus sonhos.
Cinderela é um daqueles contos de fadas universais, que não importa o quão reimaginado ele seja, você já vai sabendo exatamente o que esperar. Isso pode ser bom às vezes, mas normalmente pode acabar sendo apenas frustrante. Sobretudo quando uma nova adaptação te faz crer que está obstinada a subverter um pouco as coisas. Este é o caso do filme Cinderela do Prime Video.
Não há muito o que explicar sobre a trama, além de alguns detalhes que aqui são diferentes. Ella, vivida pela cantora pop Camila Cabello, é uma jovem que faz seus próprios vestidos e que, ao invés de sonhar com um príncipe encantado, deseja ter seu próprio negócio de roupas. Mesmo assim, é claro, ela vai ganhar seu príncipe de mãos de beijadas e isso é evidente muito rapidamente. O príncipe em questão, interpretado por Nicholas Galitzine, é um jovem imaturo que não tem interesse em suas responsabilidades “reais”, incluindo a ideia de achar uma esposa.
Ele, porém, se apaixona por Ella no momento em que a vê fazendo piadinhas no maior estilo do meme “She is so crazy! Love her!” e decide que é com aquela jovem plebeia que passou alguma vergonha em público com quem ele quer casar. A partir daí, a história vai por um caminho mais ou menos familiar.
Se você ainda não sabe a essa altura, Cinderela é um filme musical. Também pudera, a escolha de Cabello para protagonista não fora em vão, nem a participação de Idina Menzel (a Elsa de Frozen) e, é claro, nem o nome que encabeça o projeto: Kay Cannon. A cineasta, que escreveu e dirigiu o filme, é a criadora da franquia de comédia musical A Escolha Perfeita, estrelada por Anna Kendrick.
Aqui, porém, Cannon não foi tão feliz, tanto no que diz respeito à parte musical quanto à parte da comédia. Todas as cenas musicais (que são muitas, diga-se) são inteiramente sem criatividade no que se refere à coreografia, direção e fotografia. Mesmo os figurinos coloridos e a cenografia suntuosa não são suficientes para tornar os números instigantes. E se a mistura de músicas originais com grandes sucessos da música pop funcionam para fisgar seu interesse, ele se vai quase imediatamente após ficar claro que aquele cover de ‘Material Girl’ de Madonna ou de ‘Perfect’ de Ed Sheeran não vão levar a lugar algum.
Veja bem, Camila Cabello e sua voz estridente e açucarada também não ajudam. Em sua estreia como atriz, a jovem estrela precisa se dividir entre fazer papel de tonta e encarar momentos mais dramáticos, que conseguem soar melhores do que os momentos em que ela precisa soltar a voz, chamando atenção para o seu tom anasalado e absurdamente pop, destoando de tudo ao seu redor.
No entanto, talvez o problema mais evidente – e irritante – de Cinderela esteja em seus momentos cômicos. O filme é repleto deles, mas é quase impossível lembrar de uma linha de diálogo que não seja forçada ou que não gere algum desconforto físico. E isso está nas cenas com as filhas da madrasta, ou nas cenas com a irmã do príncipe ou na sequência com o Fado Madrinha vivido por Billy Porter.
Por vezes, Cinderela flerta com enredos que o levariam muito mais longe se fossem tratados com um pouco mais de vontade. Como é o caso da decisão de Ella de escolher entre seguir seu sonho ou se tornar a futura rainha, bem como o conflito entre o príncipe e o rei vivido por Pierce Brosnan, que se resolve tão fácil e rápido, que é possível ver o potencial se esvaindo entre os frames do filme.
Cinderela é definitivamente um filme que se leva mais a sério do que deveria. Falha em ser uma releitura moderna, tropeça em ser um bom musical e desaba vertiginosamente no propósito de ser uma comédia divertida. A magia aqui desaparece antes mesmo da última badalada.
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