Crítica: As Passageiras, da Netflix, não surta tanto quanto poderia
Crítica: As Passageiras, da Netflix, não surta tanto quanto poderia
Novo filme de terror fast-food da Netflix é um passatempo esquecível!
A Spooky Season está entre nós, com vários filmes e séries de terror saindo de tudo quanto é lugar. Os streamings, por sua vez, não estão perdendo tempo e lançando todo tipo de conteúdo possível. É assim que entramos em contato com As Passageiras, longa da Netflix que traz em seu elenco nomes como Jorge Lendeborg Jr., Debby Ryan, Raúl Castillo, Alfie Allen e Megan Fox.
Parte terror de vampiros, parte “road movie” com brigas de gangue, o filme é dirigido por Adam Randall, que há alguns meses havia feito muito sucesso com 0utro filme disponibilizado na Netflix, chamado À Espreita do Mal. Mas será que em seu mais novo longa, o cineasta consegue replicar o sucesso do anterior? Leia a nossa crítica do filme e descubra!
Ficha técnica
Título: As Passageiras (Night Teeth)
Direção: Adam Randall
Roteiro: Brent Dillon
Data de lançamento: 20 de outubro de 2021
País de origem: Estados Unidos
Duração: 1h 47min
Sinopse: Um jovem motorista conduz duas mulheres misteriosas de festa em festa durante uma noite em Los Angeles, mas, quando elas revelam quem realmente são, ele precisa encarar um perigoso submundo e lutar por sua vida.
As Passageiras higieniza o que seria uma boa história de vampiros
De todos os arquétipos do mundo do terror, os vampiros estão entre os mais explorados e queridos da cultura pop. Desde grandes príncipes isolados em castelos góticos a vampiros adolescentes e sentimentais, o que não falta para os fãs de terror são exemplos de sugadores de sangue com suas próprias mitologias e iconografias. Talvez seja por isso que As Passageiras, novo terror na Netflix, soe como uma oportunidade perdida.
No mesmo ano em que American Horror Story, já sofrendo as dores do envelhecimento, consegue revitalizar o arquétipo dos vampiros com uma mitologia interessante, o novo filme de terror de Adam Randall (À Espreita do Mal, iBoy) aposta no seguro e, apesar de não ser ofensivo de ruim, consegue cometer um crime ainda pior: é bem esquecível, mesmo para os padrões que já se espera de um terror fast-food da Netflix.
Na trama, acompanhamos Benny (Jorge Lendeborg Jr.), um garoto certinho e cheio de sonhos que toma o lugar de seu irmão Jay (Raúl Castillo) como motorista particular para duas mulheres misteriosas, Blaire (Debby Ryan) e Zoe (Lucy Fry). Sem saber, ele precisa conduzir duas vampiras sanguinárias por várias festas, enquanto elas causam um banho de sangue a serviço de seu mestre, Victor (Alfie Allen).
Veja bem, se há duas coisas que sempre guiaram os vampiros na literatura, na TV e no cinema – além da sede eterna por sangue – é o surto e o tesão. Claro que existem exemplos que fogem disso e fornecem uma abordagem mais pura e contida (como é o caso de outra série lançada neste ano, cuja simples menção ao nome seria um spoiler bem grande). Porém, o problema de As Passageiras é que ele até tenta mirar no surto e no tesão, mas nunca chega lá.
Para um filme classificado como “não recomendado para menores de 18”, a produção é surpreendentemente “limpa” e higienizada, tanto na sanguinolência quanto no sexo. É um filme que facilmente poderia apresentar uma trama sem traços sobrenaturais, mas cujo apego pela figura do vampiro não fornece nenhum diferencial para sua trama – já que Zoe e Blaire estão no cerne de uma grande guerra de gangues entre diferentes facções vampirescas.
Isso até poderia ter um lado interessante caso as diferentes facções tivessem diferenças estéticas ou seguissem suas próprias mitologias – algo na vibe de Vampiro: A Máscara. O problema é que isso não acontece, e a impressão que fica é que a participação de nomes como Megan Fox, Sydney Sweeney e Alexander Ludwig são apenas chamarizes de público, mas completamente desperdiçadas.
E para um filme que se leva tão a sério em seu roteiro e forma, a verdade é que os personagens de As Passageiras são figuras no mínimo mal desenvolvidas. O protagonista é raso e muda de opinião sem nenhuma construção narrativa, enquanto os vampiros que o cercam possuem uma personalidade parecida. A única que se destaca aqui é Debby Ryan, nem tanto pelo roteiro, mas pela atuação que consegue ser descolada e rebelde, sem perder um toque gentil.
Porém, para não apenas chutar cachorro morto, o visual do filme é interessante. Como diretor, Adam Randall até se sai bem ao apostar no clima noturno da cidade de Los Angeles, trazendo alguns movimentos de câmera suaves e inventivos e até mesmo algumas ideias interessantes – como a abertura do filme, que é estilizada através de grafites e ilustrações que podemos ver nos reflexos de um carro preto.
Ainda assim, não há nada que chame muita atenção em As Passageiras além disso. Derivativo e sem inspiração, ele poderia até ser o spin-off sem sal do reboot de A Hora do Espanto de 2011. Se você está procurando apenas por um passeio selvagem nas ruas de Los Angeles e não quer pensar muito sobre isso, talvez ele lhe agrade – mas até aí, há diversões mais sanguinárias e menos genéricas.
As Passageiras está disponível na Netflix.
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