Crítica: A Barraca do Beijo 3 deixa romance de lado para falar das dores do crescimento
Crítica: A Barraca do Beijo 3 deixa romance de lado para falar das dores do crescimento
Longa não nega os clichês de filmes adolescentes, mas moderniza questões importantes
Após dois filmes que fizeram sucesso entre o público jovem, A Barraca do Beijo volta para sua terceira e última produção, que promete encerrar as histórias de Elle (Joey King), Lee (Joel Courtney), Noah (Jacob Elordi) e Rachel (Meganne Young). A direção é de Vince Marcello, que comandou os dois primeiros longas e também é conhecido pelos dois filmes de American Girl.
Na frente das câmeras, a produção tem grandes jovens talentos, como Elordi, conhecido também como o Nate de Euphoria, e a própria Joey King, que estrelou a série dramática The Act em 2019. Desta vez, ela também atua como produtora executiva do filme, algo que aumentou ainda mais sua ligação com a personagem Ellie. Falando ao NY Times, a atriz revelou como sempre se sentiu muito ligada à protagonista: “Quando comecei a interpretar Elle, senti que éramos muito parecidas. Me senti muito em sintonia com sua vibe e senso de humor. E a mesma coisa aconteceu no segundo e terceiro filmes, se não mais – passei por muitos momentos importantes da vida como ela”.
Ficha técnica
Título: A Barraca do Beijo 3
Direção: Vince Marcello
Roteiro: Vince Marcello, Jay S. Arnold
Data: 11 de agosto de 2021 – Netflix
País: EUA, Reino Unido
Duração: 1h52
Sinopse: Para aproveitar ao máximo o último verão antes da faculdade, Elle faz uma lista de coisas que ela ainda quer fazer e pensa no futuro com Noah e Lee.
A Barraca do Beijo 3 e as dores do crescimento
Filmes adolescentes estadunidenses existem há muitas décadas e já se tornaram conhecidos do público: geralmente envolve um romance (ou um triângulo amoroso) e adolescentes que parecem adultos prestes a se formar no que conhecemos como ensino médio. Em seus três longas, A Barraca do Beijo não fugiu de tais convenções, mas acertou ao saber se aproveitar delas para contar uma história minimamente diferente.
Começando exatamente onde o segundo foi encerrado, A Barraca do Beijo 3 mostra Elle, Lee, Noah e Rachel começando aquele que seria o “verão de suas vidas”, o último antes da maioria se separar para ir à faculdade. A protagonista está vivendo um momento de dúvidas, já que precisa decidir se vai cursar a universidade ao lado do melhor amigo, ou do namorado que ama (sendo que eles são irmãos).
Essas tradições são extremamente estadunidenses, já que no Brasil muitos jovens continuam na casa dos pais durante o curso superior, mas fica muito claro que esse rito de passagem tem muito mais a ver com um período de mudança e amadurecimento, do que com necessariamente a escolha de uma profissão. Isso se reflete bastante na protagonista Elle que, embora tenha um romance, se vê no meio de um tema muito mais interessante: o que fazemos por nós mesmos e o que fazemos pelos outros.
Após quase 1h de filme, em que sofreu de várias formas possíveis para agradar a todos, Elle se liberta dessa necessidade e se volta para si mesma: o que ela quer? Independente de fazer um ou outro feliz, qual é o desejo que ela tem para sua própria vida? Ainda que seja um típico filme Hollywoodiano sobre a juventude, A Barraca do Beijo 3 se destaca por encaixar discussões relevantes em um contexto muito leve: no geral, estamos com a guarda baixa pensando em férias, verão e romances, e o roteiro de Vince Marcello e Jay S. Arnold nos faz pensar se também não estamos tomando ações apenas para agradar as pessoas ao redor.
O romance ainda é parte importante da produção da Netflix, mas ele divide espaço com outros sentimentos intensos da adolescência. Elle, por exemplo, sente muita falta de sua mãe e não sabe o que fazer com esse sentimento quando seu pai começa a se interessar por outra mulher. Já Lee luta com todas as forças para que aquele verão seja perfeito, porque ele não quer deixar esse período da vida para trás: como um rapaz que sempre teve tudo, sua infância e juventude foram incríveis, e a vida de adulto lá fora dá um pouco de medo.
Ainda que todos os personagens da franquia A Barraca do Beijo sejam privilegiados de uma forma que até irrita em alguns momentos (“precisamos vender a casa de praia”), a trama ganha o público quando fala sobre as dores do crescimento que, seja no Brasil ou nos EUA, são bem parecidas. É quase impossível não se emocionar quando Elle está prestes a ir para a faculdade e olha ao redor, refazendo em sua mente todos os momentos bons que teve naquela casa. O medo de seguir em frente e deixar uma fase da vida para trás é algo universal e é por isso que, apesar de raso em vários pontos, A Barraca do Beijo 3 consegue agradar.
Encerrando a trilogia, o novo filme faz um movimento ousado no final, ao mostrar um pouco de um novo período para Elle e cia. Aqui, há uma mistura muito clara entre a “vida real” e a “fantasia”, em que sonhamos reencontrar aquele intenso amor de juventude e vivê-lo de novo, de uma forma mais madura agora. A Barraca do Beijo 3 termina sem dar ao público uma resposta definitiva, e está tudo bem. Afinal, assim como Elle, sabemos que a vida nem sempre acontece de acordo com o planejado, mas sempre podemos seguir em frente e recomeçar.
A Barraca do Beijo 3 está disponível na Netflix.
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