[Crítica] Crash Bandicoot 4: It’s About Time – Em tempo de atingir o ápice da franquia
[Crítica] Crash Bandicoot 4: It’s About Time – Em tempo de atingir o ápice da franquia
Para um 2020 caótico, já era hora de um game desses aparecer.
Criar expectativas é sempre uma armadilha, então vou te tranquilizar já de início: não importa se você estava estourando de ansiedade por Crash 4: It’s About Time; O game não só vai atender todo o esperado, como vai te surpreender muito no caminho.
Rumores de um novo Crash correm desde o ano passado. Desde então, dava um friozinho na barriga dos fãs da série a cada anúncio de game, esperando que fosse o bendito. Assim surgiu Crash Bandicoot 4: It’s About Time, o primeiro game original do marsupial em mais de uma década, produzido pelos responsáveis por trás do remake da trilogia original. Muita responsabilidade em cima do título, né?
Não só isso, mas o jogo se propôs a ser uma continuação direta da aclamada saga da Naughty Dog, que começou toda essa história. Ousado, principalmente depois de tantas tentativas mais ou menos falhas de dar sequência à trilogia. Só para dimensionar o caso, Crash Bandicoot 3: Warped é de 1998; Nesses 22 anos, foram bem mais de dez games do Crash, em todo tipo de plataforma, e em todos eles faltava “alguma coisa”.
Com todo esse peso nas costas, Crash 4 se mostrou um verdadeiro body builder do mundo dos games e carregou tudo sem problema algum. A famigerada demo, que só foi disponibilizada com a pré-venda do título – talvez o maior ponto negativo envolvendo o título – já mostrava o potencial do projeto da Toys For Bob, mas o jogo completo é muito, muito mais.
Como Crash 4 se encaixa na franquia?
It’s About Time é realmente um novo capítulo e não tenta ser mais que isso. Não é um game que reinventa Crash Bandicoot, que transforma essa aventura em algo que ela não é, mas uma atualização da saga, uma nova porta de entrada e uma continuação.
Jogando Crash 4, você não se sente um estranho em um lugar desconhecido. Tudo parece novo, com visuais deslumbrantes, explosões de cores vibrantes, personagens carismáticos e uma história simples, mas cativantes; No entanto, esse é um espaço familiar para quem enfrentou o Cortex várias vezes no PSOne, ou para aqueles que começaram no remake de PS4.
Mais que isso, esse jogo foi feito como uma homenagem para toda a franquia Crash e seus jogadores de longa data, ao mesmo tempo que introduz novos players nesse universo. A Toys For Bob fez Crash Bandicoot 4 com todo carinho e respeito possível e dá pra sentir isso em cada pedacinho da produção.
E a jogabilidade?! E os gráficos de Crash 4?!
Sendo um pouco mais técnico, não tem como classificar o game senão como um espetáculo! É o melhor da franquia disparado. Os gráficos são de fazer seu olho brilhar, o novo design de personagens deixou cada um deles ainda mais cativante e cartunesco e cada nível te entrega um pedaço vivo desse multiverso. É quase como se estivéssemos jogando com brinquedos em um mundo animado, se é que isso faz sentido.
O melhor exemplo da qualidade empregada no visual e jogabilidade de Crash 4 está na fase “Crash Landed”. Esse nível te coloca em um planeta alienígena absurdamente lindo e te faz empregar todo tipo de técnica até desembocar em uma clássica corrida no final, dessa vez em cima de um alien. É um espaço grandioso, que apresenta as novas inclusões de controle, como andar na parede ou deslizar em trilhos, além das máscaras quânticas, tudo em uma fase só.
Ainda, Crash 4 cria “mundos” mais sólidos que seus outros títulos, se inspirando mais no primeiro game. Aqui as fases são agrupadas por tipos, então você tem o mundo nevado, do ferro-velho, espacial e tudo mais. Você sabe de onde saiu, está vendo para onde vai e cada fase representa um pedaço desse mapa. Isso sem contar que os níveis estão em outro patamar de desenvolvimento e o jogador consegue entender exatamente o caminho que está fazendo e ver no cenário pontos por onde deve passar ainda.
A inspiração no primeiro game não para aí. It’s About Time relembra toda a história do Crash original e tem referências para a criação do personagem e suas aventuras iniciais. As fases Flashback, por exemplo, são níveis especiais dificílimos, desbloqueados coletando fitas pelo caminho, que mostram os experimentos que o Cortex fez com o Crash antes do início do primeiro jogo;
Não dá para não comentar sobre todos os heróis e vilões jogáveis e como eles interagem na história. Se você sempre quis jogar com a Coco, ela está disponível em todas as fases, mas o destaque mesmo fica para o Cortex, a Tawna e o Dingodile. É prazeroso encarar o mundo de Crash com essas figuras. Cada um possui um tipo de jogabilidade, um peso e uma maneira de atravessar o cenário.
O mais interessante é que, diferente da Coco, você não joga tanto com eles. São doses concentradas em níveis que interagem com a campanha principal. Por exemplo, a Tawna faz um caminho diferente em uma fase até abrir uma porta para o Crash seguir. É um complemento que te faz ver essa aventura de outra forma. O mundo maluco de It’s About Time fica muito mais concreto com essas interações, com outros pontos de vista da mesma fase.
E as Máscaras Quânticas? Bom, elas, assim como os novos movimentos do Crash, parecem uma evolução natural da franquia. Talvez esse seja o maior acerto desse game: as novidades tem esse sentimento de pertencer a esse universo. Cada máscara nova complementa o jogo de alguma forma, adiciona à aventura. Você vai ter sim uma favorita, mas outra máscara será sua sina e ódio mortal. Porém nada fora daquela caixa de “odeio isso porque me fez morrer mais”.
Falando em morrer, não pense que o Modo Moderno te permite tentar quantas vezes quiser só para deixar o jogo mais fácil. Na verdade, It’s About Time está ali do lado do Crash Bandicoot original como um dos títulos mais difíceis da série. A curva de evolução aqui vai te enganar; conforme for avançando, você vai perceber o truque do game e o quanto ele vai te fazer suar para terminar.
Vale nota também que a dublagem em português está mais que sensacional. As vozes capturam exatamente o espírito de cada personagem – até o Cortex, que tem aquele tom todo especial. Joguem dublado, se possível.
Então Crash Bandicoot 4 vale à pena?
Nenhum defeito? Pois é. Admito que até me esforcei para tentar encontrar algo para criticar de fato, para deixar o texto mais “crível”. O máximo que dá pra falar é que entregar a demo com a pré-venda foi triste, que os personagens secundários poderiam ter mais fases e que talvez seria legal um vilão completamente novo no game. Mas nada disso realmente atrapalha a experiência.
Assim, Crash Bandicoot 4: It’s About Time merece 5 diamantes! Merece MESMO! É divertido, empolgante, desafiador, nostálgico, mas completamente novo.
Este é um jogo feito para os fãs, uma continuação, mas também um soft reboot para quem quer embarcar nessa jornada pirada pela primeira vez. Em épocas tão estranhas, não tem nada melhor do que uma aventura através do tempo e espaço com marsupiais insanos, cientistas malucos e um dingo.
Já jogou Crash 4? Vai jogar? Deixa sua opinião aí nos comentários!
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