God of War: Como a mitologia nórdica dá um vislumbre do futuro da franquia
God of War: Como a mitologia nórdica dá um vislumbre do futuro da franquia
Preparem-se para o Ragnarok!
A mudança de panteão de God of War pegou seus fãs de surpresa. Após os eventos de God of War III, ninguém sabia exatamente como, ou se, a franquia iria continuar. Eis que na E3 de 2016, fomos surpreendidos com a nova direção da série: a mitologia nórdica.
O novo jogo de 2018 deu sequência a história do maior guerreiro do PlayStation com uma maturidade surpreendente em um dos melhores game do PS4. Pudemos acompanhar a sensível jornada de Kratos, e seu filho Atreus pelos nove reinos em busca da montanha mais alta onde poderiam finalmente espalhar as cinzas de Laufey — a falecida esposa do fantasma de Esparta.
Se você conhece um pouco dos mitos, esse nome pode parecer um tanto comum para você. Muita coisa no enredo do jogo adapta eventos famosos das histórias nórdicas e analisando esses contos conseguimos ter uma ideia do que está por vir nos próximos jogos da franquia.
Se você ainda não jogou God of War, não perca tempo. Esse é sem brincadeiras um dos melhores jogos do PS4, tanto que ganhou o título de Jogo do Ano de 2018. Neste momento ele é um dos jogos em promoção na Black Friday da PlayStation Store, por apenas R$ 39,95! Mas corra que é só até o dia 30 de novembro.
O mito de Atreus
Okay, vamos começar entendendo melhor o que significam alguns eventos de God of War (2018). Para isso, precisamos deixar bem claro quem é Atreus. O nome escolhido por Kratos para o seu filho vem de sua terra natal, a Grécia. Esse foi o nome de um rei de Micenas, no Peloponeso, mas não é o único nome que o garoto recebeu ao nascer. Sua mãe escolheu um outro nome, mais forte e muito mais interessante para nós: Loki.
Isso mesmo! Quem diria que o pequeno filho de Kratos era na verdade um dos deuses mais caótico de todos os panteões. Ele é uma das figuras centrais na mitologia nórdica por ser um dos responsáveis por desencadear o Ragnarok — o fim do mundo como conhecemos.
Mas e no jogo? Será que ele também terá esse papel de premeditar o fim de tudo? Eu tenho certeza que sim, porque na verdade os eventos que antecedem o início do fim já aconteceram.
A morte de Balder
Ao longo do jogo, Kratos enfrenta Baldur. Mesmo derrotando o homem diversas vezes, não parece existir um jeito de matá-lo definitivamente.
Isso tem uma explicação pautada na mitologia. Baldur (ou Balder) é o Deus da Luz, filho de Odin e Frigga. Sim, eu sei. No jogo eles juntaram as deusas Freya e Frigga em uma só divindade. Para não ficar confuso, chamarei apenas de Freya a partir de agora, mas estejam cientes que tem essa pequena diferença no mito original.
Enfim, o Pai de Todos recebeu uma profecia de que a morte de Baldur seria o primeiro evento que acarretaria no Ragnarok, então os deuses fizeram de tudo em seu poder para torná-la impossível. É dito que Freya convenceu todas as coisas a prometerem nunca ferir seu menino. E assim aconteceu.
No jogo, Baldur parou de sentir qualquer coisa e acabou se tornando uma pessoa bastante amarga e ressentida. Quando ele encontra sua mãe, quase 100 anos depois de terem parado de se falar, ele tenta matá-la para se vingar, mas Kratos e Atreus intervém.
Durante a luta, Baldur acerta um soco no peito de Atreus e o impossível acontece. Baldur sangra.
Ao socar Atreus, ele acabou acertando um visco preso em sua aljava. Visco foi a única coisa que Freya não fez questão de convencer, por ser algo tão inofensivo. Ao tocar o deus, a planta quebrou o feitiço de imortalidade. Essa foi a oportunidade que Kratos precisava para acabar com ele de uma vez.
Assim como na mitologia, Loki foi peça chave para a queda de Baldur e com isso veio o Fimbulwinter.
O inverno está chegando…
Fimbulwinter é o inverno sem fim que precede o Ragnarok. Não há mais dias, nem noites, só o frio do inverno. Temos alguns momentos nesse finalzinho do jogo que deixam mais evidente que o Fimbulwinter já está começando.
O primeiro é um pequeno detalhe no momento em que Baldur morre. Assim que ele toca o chão, flocos de neve caem em seu rosto. Ele percebe e a última palavra que ele diz antes de morrer é “Neve…”. Sabendo que isso significa o início do fim.
Outros dois personagens também comentam sobre o eterno inverno, os irmãos Huldra: Sindri e Brok. Quando Kratos os visita depois da batalha contra Baldur, eles estão discutindo sobre o tenebroso inverno. Apesar de Sindri não querer admitir, Brok reforça que está chegando o “Inverno para acabar com todos os invernos”.
Mas afinal, o que isso significa na prática? Significa que o próximo jogo, anunciado esse ano para o PlayStation 5 como God of War: Ragnarok, já vai se passar nos primeiros estágios do fim dos tempos. Mas antes da batalha final, algumas peças precisam estar no seu devido lugar e deve ser isso que veremos no próximo jogo.
Loki contra o mundo
Na batalha final, os três filhos de Loki na mitologia são peças cruciais para a ruína dos deuses — Jörmungund, a serpente de Midgard; Fenrir, um lobo colossal; e Hel, governanta do submundo.
Na mitologia, Jörmungund é responsável pela morte de Thor e Fenrir devora o próprio Odin. Não dá para dizer que isso acontecerá com certeza no terceiro jogo da trilogia, considerando que Kratos é quem costuma finalizar os deuses, mas é provável que Atreus precise reuni-los para batalha final.
A serpente do mundo foi apresentada no primeiro jogo e ela parece mais do que disposta em ajudar Atreus em sua empreitada. O próximo a ser recrutado deve ser Fenrir. Só há um pequeno problema: Assim como na mitologia, descobrimos no jogo que o lobo foi preso por Odin. Portanto, parece que chegou a hora de invadir Asgard, a Terra dos deuses Aesir.
Esse nem deve ser o único motivo para a invasão. Em um dos murais espalhados pelo primeiro jogo, descobrimos que Odin prendeu um dos deuses da guerra nórdicos: Týr. Um grande amigo dos gigantes de gelo, Týr pode se mostrar um importante aliado na batalha final.
Falando neles, apesar de Thor ter caçado e matado todos os Jötun de Midgard, muitos deles ainda podem estar escondidos em Jötunheim. Com a revelação que Atreus é filho de sua guardiã Faye, é fácil imaginar que — guiados por Hrym — os Jötun se juntarão ao pequeno deus como forma de resistência à tirania de Odin.
Mais dois exércitos devem lutar ao lado de Atreus e Kratos contra as forças dos deuses. Enquanto Sutr, o gigante de fogo, pode concordar em emprestar as forças de Muspelheim, Hel fornecerá a tropa dos mortos para lutar por Loki na batalha final.
Ambos os reinos já foram visitados no primeiro jogo, então é de se esperar que façam um retorno na sequência com muito mais locais para se explorar. Depois de recrutar os aliados mais imponentes que a mitologia nórdica poderia lhes render, Kratos e Atreus estão prontos para a batalha final: o Ragnarök.
Ragnarök é o fim…
A batalha final vai acontecer em Vigrid.
Heimdall terá visto todos os preparativos de Kratos e Atreus e soprará Gjallarhorn, um chifre que antes pertencera a Mímir. É possível que a cabeça decepada esteja sob a posse de Odin nesse momento, uma vez que na mitologia o deus se consulta antes da batalha final.
Há uma chance dos eventos acontecerem de maneira diferente no jogo, mas a invasão de Asgard seria a oportunidade perfeita para Odin raptar seu ex-conselheiro.
Em Vigrid, Kratos e Atreus chegarão com seu exército e irão encontrar os einherjar — guerreiros que morreram em combate e descansavam em Valhalla — lutando junto dos deuses. Aí será uma grande batalha, dos mortos com honra contra os desonrados, Atreus e Kratos contra Thor e Odin.
Os detalhes da batalha só dá para saber quando o jogo lançar daqui a uns quatro anos, mas a mitologia também dá umas dicas sobre seu desfecho.
… e também o começo!
Nas histórias antigas, alguns poucos deuses sobrevivem ao Ragnarök para liderar o novo mundo a um estado de paz e tranquilidade. São eles os filhos de Odin, Vidar e Vali, e os filhos de Thor, Módi e Magni. Baldur, que é filho de Freya no jogo, também retorna do mundo dos mortos.
Você já deve ter notado algo estranho aí, mas calma que o importante aqui é entender o que isso representa para a mensagem do Ragnarok. Eu sei que Módi e Magni morreram no primeiro jogo da série, mas eles poderiam muito bem ser substituídos por Thrúrd, a filha do Thor, para o mesmo efeito de continuidade. Ela herdaria o Mjolnir, encarregada de dar continuidade ao legado do pai. Já sabe onde eu quero chegar, né?
O fim da nova trilogia de God of War pode também ser o fim da jornada de Kratos. Foi profetizado que todos os deuses morreriam no Ragnarök (ou quase todos) e ele não deve ser exceção. Os velhos deuses morrem para que os novos prosperem. Toda jornada de Kratos, treinando Atreus para ser um deus melhor que ele, culminaria nesse momento. E assim, Atreus pode ser o protagonista da próxima trilogia.
Existe até um mural escondido no último jogo que deixa a entender que o destino de Kratos é morrer nos braços de Atreus. Seria bem triste, mas combinaria bem com a temática mais madura que esses novos jogos se propõe a explorar: Aceitar responsabilidades e a finitude da vida.
Lá na morte de Baldur, temos um breve diálogo entre Atreus seu pai sobre o motivo de Freya estar disposta a morrer pelo filho. Kratos simplesmente responde: “Só um pai entende isso.”
Atreus, descrente, questiona: “Você deixaria eu te matar?”
Sem relutar, Kratos concorda: “Sim.”
E é assim, entre o gelo do Leviatã e o fogo das Correntes do Caos, que deve terminar a trilogia nórdica de God of War.
Mas e ai, o que você acha que vai acontecer no futuro da franquia? Comente!
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