[CRÍTICA] The Old Guard é um filme de ação genérico, mas eficaz
[CRÍTICA] The Old Guard é um filme de ação genérico, mas eficaz
Novo longa da Netflix aproveita o talento de Charlize Theron!
Enquanto boa parte dos cinemas ao redor do mundo continuam fechados devido à pandemia do Coronavírus, a Netflix continua apostando em suas produções originais, sejam filmes ou séries – e o resultado está dando ao público vários exemplares interessantes nos últimos meses. Para os fãs do gênero de ação, temos The Old Guard, o mais novo longa de Charlize Theron.
O filme traz a atriz como uma guerreira imortal que lidera um grupo de mercenários dispostos a salvar o mundo de todos os maiores problemas que assolam a humanidade. Mas tudo muda bem drasticamente quando experimentos provam que humanos normais podem “replicar” os poderes dos imortais. Mas afinal de contas, seria um novo acerto da Netflix ou apenas mais um filme para preencher o catálogo? Aqui, você confere a nossa crítica!
Créditos das imagens: Netflix
Ficha Técnica
Título: The Old Guard
Direção: Gina Prince-Bythewood
Roteiro: Greg Rucka
Ano: 2020
Data de lançamento: 10 de julho (Netflix)
Duração: 125 minutos
Sinopse: Um time secreto de mercenários imortais é subitamente exposto e seus membros precisam lutar para manter suas identidades em segredo, enquanto um inesperado novo integrante é descoberto.
The Old Guard é um bom filme de ação pipoca
Nos últimos meses, a Netflix provou ao mundo que está interessada em trazer entretenimento descompromissado e competente, ainda mais em tempos de pandemia. Quando olhamos para os filmes de ação da plataforma de streaming, dá para ter uma boa noção disso graças a Resgate e Esquadrão 6, entre outros. E agora, The Old Guard veio para dar mais um bom filme cheio de lutas e pancadaria para os amantes do gênero.
Dirigido por Gina Prince-Bythewood, o filme é uma adaptação da série de HQs homônima de Greg Rucka e Leandro Fernández. No elenco, figuram nomes renomados, como Charlize Theron (Mad Max: Estrada da Fúria, Atômica), Chiwetel Ejiofor (Doutor Estranho), KiKi Layne (Se a Rua Beale Falasse) e Marwan Kenzari (Aladdin). Todos elementos competentes para um bom filme de ação.
Entre erros e acertos, o novo longa se foca justamente no elemento da ação, e consegue trazer um resultado satisfatório, inaugurando o que pode ser uma franquia de “super-heróis” autêntica da Netflix, ainda que (graças aos céus) não haja a menor pretensão de transformar a história em um novo Universo Cinematográfico da Marvel. Aliás, é justamente quando mira no intimista que o filme tem sua maior força.
No longa, Theron interpreta Andy (apelido de Andromache de Cítia), uma guerreira imortal conhecida por lutar com um potente machado. Ela lidera um grupo de mercenários que, assim como ela, não morrem. Entre recrutar uma nova integrante “despertada” recentemente e lutar contra um magnata que quer replicar seus dons regenerativos, esse grupo precisa lidar com um dilema supremo: como ser uma “divindade” em meio aos mortais?
De muitas formas, o filme de Gina Prince-Bythewood possui uma premissa bem instigante e que constrói sua história com certa delicadeza – no entanto, isso também é um problema, já que as mais de duas horas pesam, especialmente quando o filme tenta inserir muitos conceitos para que possa estabelecer bem as mecânicas de seu universo. Ainda assim, o elenco é afiado e a unidade da equipe cria uma excelente dinâmica.
De um lado temos Theron, fazendo seu papel “costumeiro”: uma mulher durona, afiada e sempre disposta a partir para o quebra-pau quando necessário. Apesar do typecasting (quando um ator é escalado em papéis muito parecidos frequentemente), Charlize consegue passar uma aura que faz com que Andy seja diferente de todos os seus papéis anteriores, desde a Furiosa até Cypher, da franquia Velozes e Furiosos.
A atriz traz uma dinâmica muito vulnerável e humana. O que começa como uma guerreira muito badass logo vai dando espaço a uma personagem que, apesar de imortal, desfruta dos delírios e dos medos da humanidade. E para contrabalancear seu peso, temos KiKi Layne como a novata Nile Freeman, uma mulher que aceita relutantemente se juntar ao grupo de mercenários, mas logo prova seu potencial como uma grande guerreira.
O resto do elenco tem bastante destaque – o que é surpreendente -, conseguindo criar dinâmicas bem orgânicas para seus personagens. Marwan Kenzari e Luca Marinelli interpretam Joe e Nicky, respectivamente. Os dois possuem uma relação íntima e muito bem construída, o que é um ótimo passo para a inclusão de casais e personagens LGBTQIA+ em grandes franquias vindas de grandes plataformas. Matthias Schoenaerts também tem um papel bem relevante.
De resto, ainda temos Chiwetel Ejiofor fazendo um personagem moralmente ambíguo que dá um certo tom de mistério ao longo, além de Harry Melling (sim, o Duda da franquia de filmes do Harry Potter) como um magnata excêntrico e bem questionável. Aliás, Melling talvez seja o grande ponto fraco do elenco, já que seu personagem beira o unidimensional. Felizmente, o resto do elenco segura bem as pontas e a corrente não é quebrada pelo elo fraco.
No que diz respeito ao principal atrativo do longa – a ação -, Gina Prince-Bythewood faz boas proezas com lutas bem coreografadas e com poucos cortes, que consomem bastante do elenco em sequências engajantes. Certamente não são cenas no mesmo nível do intenso Resgate, estrelado por Chris Hemsworth, mas são competentes o bastante para que você não se sinta entediado durante a porradaria.
Poucos problemas, aliás, têm a ver com a técnica. Talvez, o que mais ressalte aos olhos (melhor dizendo, aos ouvidos) é a trilha sonora. O filme traz várias canções pop e indie – muitas delas são intercaladas com as sequências de ação, o que cria uma distração imediata durante as maiores e mais intensas batalhas do longa. É fácil “sair do filme” quando uma música muito avulsa embala a troca de socos que deveria ser emocionante por si só.
Por outro lado, a diretora escalou uma boa equipe técnica para tomar conta da produção, ainda mais quando falamos do diretor de fotografia Barry Ackroyd. Ele consegue criar bons visuais e enquadras os personagens sempre de forma imponente, mesmo quando eles estão indefesos e em perigo. A direção de arte de Paul Kirby é simples e quase minimalista, mas funciona dentro do que o filme se propõe – que, lembrando, não é algo grandioso e megalomaníaco.
O roteiro fica por conta de Greg Rucka, o criador da HQ original – e é justamente aqui que o filme balança na corda bamba. De um lado, a história engaja pelos personagens, mas a trama também se arrasta lentamente entre várias sequências expositivas. Se serve de consolo, ao menos há um gancho para uma possível continuação que é bem interessante e justifica uma sequência expositiva aparentemente desnecessária no meio do longa.
Para os fãs de ação, The Old Guard tem tudo para ser um bom filme dentre os incontáveis e frequentes lançamentos da Netflix. É um longa que se destaca pelo elenco e pelo estilo único de sua diretora. Apesar disso, sua história é arrastada (vinte minutos a menos de sua duração não fariam mal) e um tanto genérica. Mas se você acompanha a carreira de Charlize Theron, vai provavelmente se entreter com o longa.
Em meio a zilhões de lançamentos de super-heróis e adaptações de quadrinhos que sempre se baseiam no grandioso e no megalomaníaco, The Old Guard consegue se destacar por ter um foco mais dedicado aos personagens que ao espetáculo. Por outro lado, os fãs incansáveis da Marvel logo devem perceber similaridades bem grandes com um dos vindouros projetos da saga multibilionária da Casa das Ideias, previsto para o ano que vem…
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The Old Guard estreia na Netflix no dia 10 de julho.