Não, a narrativa da Rainha Louca em Game of Thrones não é forçada!
Não, a narrativa da Rainha Louca em Game of Thrones não é forçada!
A história de Daenerys sempre esteve evoluindo para isso, você que não percebeu.
Atenção: Alerta de Spoilers!
No episódio desta semana, muita gente ficou extremamente descontente ao notar que a história de Daenerys Targaryen estava caminhando para que ela se torne a Rainha Louca, disposta a queimar todas as pessoas de Porto Real para conquistar o trono. Li diversos comentários sobre como isso é forçado e sem sentido, mas, na verdade, é algo que sempre esteve ali, apenas sendo algo desenvolvido lentamente.
Não estou aqui para falar de política ou para argumentar se Daenerys deveria ou não sentar no trono, meu foco aqui está apenas em momentos que a personagem flertou com a insanidade, autoritarismo e crueldade, tão associados ao seu pai Aerys II, o Rei Louco.
Comecemos do começo. Logo na primeira temporada, conhecemos uma Daenerys muito diferente da que temos hoje. Ingênua, assustada e vítima dos abusos do irmão, a Nascida da Tormenta foi vendida para Khal Drogo e os Dothrakis para que Viserys pudesse ter um exército para conquistar o Trono de Ferro.
Conforme o relacionamento de Daenerys e Drogo avança, a agora Khaleesi se torna cada vez mais “selvagem”, participando dos rituais dos Dothrakis (como comer o coração cru de um cavalo) e adotando uma postura mais ativa, se impondo mais. Tudo isso culmina no assassinato de Viserys, que é morto de forma cruel por Khal Drogo. Ali, a Rainha Dragão não demonstra nenhuma reação, nem ao menos lamenta o que aconteceu. Sua única reação, enquanto assiste ele implorar pela misericórdia dela antes de ganhar uma “coroa de ouro”, é dizer que ele não era um dragão, uma vez que fogo não mata dragões.
Claro, é possível argumentar que Viserys mereceu o fim que teve pela maneira como tratava sua irmã. O Príncipe Targaryen deu motivos, em diversos momentos, para ter aquele destino, mas ali temos Daenerys perdendo sua única família de sangue, a única pessoa que cresceu ao lado dela, sem lamentar em nenhum momento, assistindo sua execução com um olhar fascinado.
E tudo isso enquanto ela está cada vez mais próxima dos Dothrakis que, por definição, são um povo bárbaro, que matam por prazer (um casamento sem ao menos três mortes não é uma festa boa, como Illyrio Mopatis diz no primeiro episódio), invadem e pilham cidades, matando, estuprando e fazendo escravos.
Se você fosse cidadão de uma das cidades invadidas por eles, também não iria desejar vingança? Foi o que Mirri Maz Duur desejou. Transformada em escrava a pedido de Daenerys – visto que a outra opção era o estupro e a morte – a bruxa é chamada para curar ferida infeccionada do marido de Khaleesi, aproveitando para se vingar do que havia acontecido com seu povo, deixando o líder dos selvagens em um estado vegetativo.
Daenerys, mais uma vez, não pensa duas vezes antes de assassinar Mirri de forma cruel, queimando ela viva na pira de Khal Drogo – que a própria Daenerys matou. Sem piedade, sem remorso, sem nenhum tipo de empatia com alguém que só estava tentando vingar seu povo.
Não é no mínimo bizarro que aquela que é apontada como rainha bondosa e justa não pensa duas vezes antes de matar, sempre de forma cruel? Momentos sombrios como esses dois citados acima, em que Daenerys não demonstra nenhum tipo de arrependimento, agindo apenas para punir aqueles que ela julga serem merecedores de sua fúria, já são pistas da loucura dos Targaryen.
Sim, pois muitos de vocês parecem ter se esquecido que, desde o começo, a série estabelece que a insanidade dos Targaryen é algo muito comum. Mais do que apenas para com o Rei Louco, a família toda flerta com a loucura.
“Metade dos Targaryens enlouqueceram, não é?” Pergunta Cersei na segunda temporada. “Como era mesmo o ditado? Sempre que um novo Targaryen nasce, os deuses atiram uma moeda ao ar” Referência a uma frase famosa do livro, dita por Barristan Selmy para Daenerys que diz:
“O Rei Jaehaerys disse-me um dia que a loucura e a grandeza eram dois lados da mesma moeda. Sempre que um novo Targaryen nasce os deuses atiram uma moeda ao ar e o mundo segura a respiração para ver de que lado cairá.”
Talvez um dos atos mais insanos de Daenerys tenha sido se atirar na pira de Khal Drogo, acreditando que era a “verdadeira dragão”, segurando três ovos de pedra. Escolhemos ignorar isso como um ato de loucura e potencialmente suicida porque os ovos se chocaram e ela sobreviveu, mas naquele momento ela só estava agindo de forma enlutada, sendo guiada pelo instinto e a fantasia envolvendo os dragões.
Mas então temos a segunda temporada, momento em que Daenerys vaga pelo deserto com apenas um bando de Dothrakis – especialmente as mulheres, os velhos e os doentes – até acabar em Qarth. Ali ela conhece Xaro Xhoan Daxos, um dos nobres da velha cidade, que pede a loira em casamento – prometendo dar riquezas e navios para que ela conquiste o Trono de Ferro.
Depois de ter seus dragões roubados, com auxílio de Xaro, a Não Queimada sentencia o homem à morte de uma forma extremamente cruel, prendendo ele e a serva que a traiu no cofre vazio do “Rei de Qarth”, condenando os dois a uma morte bastante lenta e ficando totalmente alheia aos gritos e clamores por piedade.
A terceira temporada marca a conquista de Daenerys na Baía dos Escravos, libertando os Imaculados e conquistando ainda mais poder – sendo agora condecorada como a Quebradora de Correntes e Mhysa. Aqui ela não titubeia ao matar praticamente todo mundo que julga ser diretamente responsável pela escravidão.
Isso continua na quarta temporada. Quando se aproxima de Meereen, Daenerys é recebida com placas bastante macabras, decoradas com crianças mortas apontando para a cidade. Sem pestanejar, a Filha da Tormenta sentencia os nobres da cidade a terem o mesmo destino, crucificando e matando a mesma quantidade de nobres – ainda que tenha sido aconselhada a não fazer isso, visto que ela agora era a líder de todos naquela cidade, até mesmo dos nobres.
Posteriormente descobrimos que ao fazer isso, sem dar a menor chance para diálogo, Daenerys executou até mesmo aqueles que também eram contra as crucificações, como é o caso do pai de Hizdahr zo Loraq. A Targaryen, neste momento, não agiu com honra, justiça ou nada do tipo, mas sim de forma impulsiva e sádica, mais uma pista da loucura inerente de sua família. “É justiça responder um crime com outro crime?” questiona Loraq à assassina de seu pai.
Mais tarde, conforme ela avança em seu reinado na cidade, vemos que seus dragões estão… bem, se comportando como dragões. Além de devorar animais, crianças também são vítimas da fome dos animais que, como a própria Daenerys dirá em tom ameaçador algumas temporadas depois, “comem o que quiserem”.
Aqui a Mãe dos Dragões tenta ao máximo postergar a decisão de prendê-los, o que é até justificável, mas ela vinha sendo aconselhada a parar de tratar as feras como crianças há muito tempo por Sor Jorah, que sempre a alertou de que eles eram perigosos e indomáveis. Além de serem seus filhos, os dragões sempre foram grandes símbolos de poder e armas para Daenerys, logo faz sentido ela hesitar em trancafiá-los – mas alguns poderiam argumentar que isso mostra certo descaso para com as pessoas.
Na quinta temporada, ela está sofrendo com a presença dos Filhos da Harpia, rebeldes ao governo dela, que estão matando os ex-escravos. Tentada a executar o Filho da Harpia que foi capturado, ela descobre a verdade sobre o Rei Louco através do Ser Barristan, que diz que os inimigos de Daenerys não mentiram ao falar sobre seu pai:
“Eu servi na Guarda Real dele. Eu estava ao lado dele desde o começo. Seus inimigos não mentiram. Quando as pessoas se rebelaram contra ele, seu pai queimou as cidades deles e seus castelos. Ele matou filhos na frente dos pais. Ele queimou homens vivos com Fogo-Vivo e riu enquanto eles gritavam. Seus esforços para acabar com os inimigos culminou na rebelião que matou cada Targaryen exceto dois.”
“Eu não sou meu pai,” interrompe Daenerys.
“Não,” continua Ser Barristan. “graças aos Deuses. Mas o Rei Louco concedeu a seus inimigos a justiça que ele acreditou que eles mereciam. E cada vez isso fez com que ele se sentisse poderoso e correto, até o fim.”
Ela concorda em não matar o Filho da Harpia sem um julgamento, mas, alguns episódios depois, quando Barristan é morto, ela decide reunir todos os líderes das famílias nobres de Meereen e levá-los para o covil de seus dragões. Ali ela os tortura psicologicamente, dizendo que vai fazer com que os dragões se alimentem deles e, de forma aleatória, empurra um dos nobres para que ele seja queimado vivo e devorado.
Não houve julgamento e nem ao menos a prova de que ele era culpado, como a própria Daenerys confessa nesta cena: “Quem é inocente? Talvez todos vocês sejam. Talvez nenhum de vocês sejam. Talvez eu devesse deixar meus dragões decidirem isso,” tudo isso enquanto brinca com a ideia de empurrar Loraq para ser devorado por suas crias.
Eis que mais tarde nesta temporada surge Tyrion Lannister na vida da Quebradora de Correntes. Logo que aparece, o anão é ameaçado por Daenerys que se questiona porque ela não deveria matá-lo, como uma vingança pelo que os Lannisters fizeram com a família dela – no caso, principalmente a execução de seu pai pelas mãos de Jaime. Aqui ela já sabia a razão para o Rei Louco ter sido assassinado e, mesmo assim, ela ainda quer matar aqueles que protegeram Westeros de sua insanidade.
Ao longo da temporada vemos mais momentos em que os dois falam sobre a Loucura Targaryen e como o pai da loira tentou matar uma cidade cheia de inocentes e, por fim, tanto Tyrion quanto Daenerys declaram que não são seus pais, logo não irão cometer os mesmo crimes e erros.
Como sabemos, as coisas evoluem de forma trágica e os antigos mestres dos escravos voltam para tentar destruir Daenerys usando principalmente os Filhos da Harpia. Ali temos um momento desesperador em que a Mãe dos Dragões monta Drogon pela primeira vez e acaba caindo nas garras dos Dothrakis pouco tempo depois, na sexta temporada. Humilhada e assediada, a antiga Khaleesi cria um plano para assassinar todos os Khals que estavam ali, conseguindo fazer isso pouco tempo depois graças a sua resistência ao fogo.
Daenerys não faz isso por algum senso de justiça, ela faz isso porque quer liderar os Dotharkis, assassinando diversos líderes para poder conquistar um dos exércitos mais perigosos do Mundo Conhecido, colocando estupradores e selvagens sanguinários como uma das principais forças em sua jornada ao trono.
De volta à Meereen, a cidade é severamente atacada pelos Mestres Escravagistas. Tyrion tenta ver o lado positivo, dizendo que finalmente a cidade havia voltado a prosperar, e pergunta se Daenerys tem um plano para resolver a questão dos Mestres. É então que recebemos um dos diálogos que mais escancara a narrativa de Rainha Louca:
“Eu irei crucificar os mestres eu vou queimar os navios deles, matar cada um dos soldados deles, e transformar a cidade deles em pó. Esse é o meu plano. Você não aprova?”
“Uma vez você me disse que sabia quem seu pai era,” responde Tyrion. “Você sabia que os planos dele para Porto Real quando o exército Lannister estava nos portões da cidade? Provavelmente não. Bem, ele contou ao meu irmão e Jaime me contou. Ele tinha toneladas de Fogo Vivo escondidos sob a Fortaleza Vermelha, as guildas e sob o Septo de Baelor. Todos os principais pontos da cidade. Ele teria queimado cada um dos cidadãos. Os que eram leais e os traidores, todos os homens, mulheres e crianças. É por isso que Jaime o matou.”
“Esse caso é totalmente diferente,” rebate Daenerys.
“Estamos falando de destruir cidades, não é totalmente diferente,” finaliza o Anão, antes de sugerir um plano diferente.
Na sétima temporada, quando Daenerys já assumiu seu lugar em Pedra do Dragão, temos um diálogo bem interessante da Filha do Rei Louco com Lorde Varys, a Aranha, que foi o principal responsável por conquistar a lealdade dos Tyrell e de Dorne, duas casas de extremo poder, para a candidata ao trono.
No meio de sua definição de estratégia de batalha para conquistar Westeros – sendo rapidamente corrigida por Tyrion, que lembra que ela não quer ser a Rainha das Cinzas, logo ela não poderia partir para um ataque direto com seus dragões -, Daenerys se vira contra Varys. Ali a loira questiona a lealdade do Lorde que servia o Rei Louco e, logo em seguida, serviu aquele que conquistou o trono depois dele.
Mesmo sabendo de todos os defeitos de seu pai e de como ele era tirânico e cruel, Daenerys sempre volta a acusar aqueles que o assassinaram – e por definição impediram a destruição de Porto Real. Nesta cena, ela é severa e tenta de todas as formas fazer com que Varys se contradiga, uma vez que a lealdade da Aranha é bastante dúbia. Deixando claro que não vai servir a Mãe dos Dragões com lealdade cega, Varys diz que esse tempo todo está lutando pelo que é melhor para o povo, não para os nobres. Daenerys concorda, depois de fazê-lo jurar que iria falar com ela antes de arquitetar algum de seus planos e, logo em seguida, fala com um sorriso no rosto que irá queimá-lo vivo caso ela a traia.
É interessante como essa cena se desenrola, especialmente a ameaça final de Daenerys, porque Aerys II, também era conhecido por queimar seus inimigos – e, posteriormente, qualquer um que discordasse dele. Mais uma vez a série lança uma pista do futuro dela como Rainha Louca.
Ainda sobre as alianças de Daenerys, é importante citar que neste momento ela sabia que Ellaria, a nova líder de Dorne, havia conquistado o poder à força depois de matar todos ao seu redor, incluindo a Princesa Myrcella e o Príncipe Trystane que não passavam de crianças inocentes, sem nunca terem feito mal a ninguém. Tyrion é o único que parece incomodado com isso e a única censura que a Rainha Dragão faz é para que Ellaria respeite sua Mão, sem mencionar ou condenar a atitude da líder das Serpentes da Areia.
Sendo aconselhada a atacar ferozmente enquanto ainda possui aliados, exércitos e dragões, Daenerys diz que não quer ser a Rainha das Cinzas e opta por uma estratégia menos violenta. Quando ela perde tanto Dorne quanto o Jardim de Cima, no entanto, vemos toda a fúria dela contra os Lannisters, enviando os dothraki para dizimar o exército deles e usando seu dragão para queimar toda a comida que pegaram do Jardim de Cima.
Depois de juntar os guerreiros que não haviam sido mortos ou queimados vivos, Daenerys discursa sobre como é Cersei Lannister aquela que vai destruir a vida daquelas pessoas e não ela:
“Eu sei o que a Cersei te disse, que eu vim para destruir suas cidades, matar vocês e deixar suas crianças órfãs. Essa é Cersei Lannister, não eu. Não estou aqui para matar e tudo que quero destruir é a roda que gira sobre ricos e pobres, para o benefício de ninguém além das Cerseis Lannisters do mundo. Eu ofereço uma escolha: Ajoelhe e junte-se a mim. Juntos iremos deixar o mundo um lugar melhor do que encontramos. Recuse e morra.”
Logo em seguida ela escolhe executar dois guerreiros, a família do Sam, que se recusaram a trair Cersei, ignorando os pedidos de Tyrion para que ela os prendesse ou os enviasse para a Muralha. A Mãe dos Dragões então queima os dois homens vivos, exatamente como seu pai faria, uma vez que ela não permite uma terceira opção além de servir ou morrer.
Seguimos então para a oitava temporada. Daenerys está sofrendo diversas perdas desde a última temporada. Seu exército está reduzido pela metade, um dragão foi morto pelo Rei da Noite e, na Longa Noite, Sor Jorah morreu lutando ao lado de sua Khaleesi. Mas talvez o principal aspecto para a ruína da sanidade de Daenerys seja Jon Snow.
Não vou entrar no mérito do romance dos dois – ainda que seja extremamente contra isso – mas depois de passar anos dizendo que era a Rainha por direito, Daenerys descobre que não é esse o caso. Jon Snow, agora revelado como Targaryen legítimo, é o verdadeiro herdeiro. Assim, tudo pelo que a Rainha Dragão batalhou foi em vão, já que ela não pode sustentar sua causa baseada em seu nascimento, mas conquistar o poder a força faria dela tão ilegítima quanto Cersei, como ela vive lembrando os outros personagens. Sem saída, ela implora para que ele minta para sua família para que ela possa assumir o trono.
Então, além de perder boa parte de suas forças, ela perde o direito àquilo que ela sempre desejou. É natural seu desespero, mas a loucura de Daenerys começa a avançar ainda mais rapidamente quando ela nota que Jon é querido pelo Norte, de uma forma similar à sua relação com os escravos em Essos.
Mas não para por ai. Em um único episódio, ela assiste a morte de outro dragão pelas forças de Cersei, tem toda sua frota arruinada e perde Missandei, sua melhor amiga e confidente desde a terceira temporada.
Acuada e cada vez mais crente de que ela é a única capaz de salvar o mundo dos tiranos, Daenerys se aproxima cada vez mais de se tornar a Rainha Louca, queimando quem estiver no seu caminho – inocentes ou não – para conquistar o Trono de Ferro. Segundo ela, só isso importa uma vez que, enquanto a Cersei estiver ali, mesmo que sem aliados ou poder, ela ainda poderá se chamar de Rainha de Westeros.
Eu sei, parece triste imaginar que o futuro de alguém que acompanhamos passando por tanta dificuldade é esse, mas não dá pra negar que sempre houveram momentos em que Daenerys não ponderou antes de matar, até de forma cruel, pessoas que poderiam ser inocentes. E momentos em que ela sentiu prazer nisso. Acontece que estávamos focados demais nos feitos dela para notar que tudo isso eram pistas de sua insanidade, algo que vem sendo construído desde o início da série.
Desde a morte de Viserys, Daenerys passa a se ver como a Verdadeira Dragão, aquela com direito ao trono e a grande salvadora de todos. É, no fim das contas, um complexo de Messias se colocar em um pilar onde todos estão errados e só você é a salvação do mundo contra o mal e a tirania – algo que tem sido alimentado por praticamente todos os personagens que a estão aconselhando. Todos a veem como uma espécie de Deusa salvadora.
Isso quase faz com que ignoremos o fato de que, quando analisamos friamente, Daenerys age como uma tirana, tal qual seu pai. Ela toma o que acredita ser dela de direito, executa de forma cruel – e sem nenhum julgamento ou defesa – aqueles que ela acredita serem os culpados (matando inocentes dessa forma, como citado anteriormente), tudo para manter seu poder e autoridade, enquanto acredita que todas suas ações são justificadas por ela ser a grande salvadora.
Acontece que, quando ela começa a perder tudo que tinha (aliados, exércitos, amigos, dragões e, é claro, o direito ao trono) – uma situação nova em sua jornada essa do “perder” sem poder reconquistar à força – a insanidade vai ficando cada vez mais aparente. Há muito tempo já Daenerys não está libertando os oprimidos e mirando em quebrar a roda, mas sim tentando liderar uma cruzada contra qualquer um – qualquer um mesmo – que fique em seu caminho em busca do Trono.
Parece cruel que a série termine desse jeito, especialmente depois de tudo que ela passou, mas Game of Thrones é conhecida por isso: personagens cinzas e complexos e narrativas que vão evoluindo, ainda que muito lentamente. O que não pode ser dito é que a série está forçando isso na reta final, quando a trama da Rainha Louca sempre esteve presente na história de Daenerys. Talvez o principal problema é que eles aceleraram a queda e sua insanidade nesta última temporada para a conclusão da história.
Na galeria abaixo, fique com imagens do último episódio:
Game of Thrones vai ao ar aos domingos, na HBO.