Está na hora do cinema 3D acabar!

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Está na hora do cinema 3D acabar!

Por Guilherme Souza

Ao que parece, a indústria cinematográfica não estava pronta para sustentar a revolução tecnológica proporcionada pelo cinema 3D, com isso, o recurso deixou de ser de fato inovador e passou a ser um caça-níquel descarado.

Todos ficamos maravilhados ao assistir o Avatar de James Cameron em 3D. Antes daquele filme, o cinema 3D se resumia à necessidade de usar um óculos de papelão com plásticos em duas cores, que nos entregavam um 3D enganoso e que prejudicava completamente a experiência do usuário, mas parece que as coisas não mudaram tanto assim.

O recurso foi tão bem aplicado e tão necessário no filme de Cameron, que muitos consideram que ao assisti-lo em versões 2D, o impacto do filme se perde, bem como a exuberância visual para o qual ele foi imaginado – e realmente perde. Até hoje, não canso de falar que Avatar foi o único filme no qual eu realmente vi algo em terceira dimensão, algo que fizesse sentido passar pelo desconforto de colocar um óculos por cima do que uso para corrigir minha visão falha.

Nos anos que se seguiram, a indústria viu no 3D a oportunidade de recuperar os lucros que vinham caindo vertiginosamente, ao lançar cada vez mais produções com esse selo e nos forçando cada vez mais a pagar mais caro para assistir um filme que não entrega aquilo que promete. É claro, não posso dizer que estão vendendo uma propaganda enganosa, afinal, o 3D existe de fato, seja para um elemento o outro que salta da tela de forma esporádica e sem muito impacto, ou para a dita “profundidade”, no qual alguns estúdios insistem em dizer que o 3D se faz necessário para aumentar a imersão das cenas.

A grande verdade, é que os filmes que seguiram Avatar não foram pensados com o mesmo propósito, já que, o grande objetivo de Cameron, era lançar uma tecnologia revolucionária e mostrar o quão ambicioso ele poderia ser ao lançar um filme que literalmente saltasse das telas. Avatar foi feito, desde sua concepção, para ser o filme em 3D definitivo e não uma conversão barata que simula os efeitos do 3D, simplesmente para dizer que o filme possui aquele recurso.

Atualmente, assistir um filme em 3D se tornou um martírio para muita gente. Falando particularmente por mim, devo dizer que sempre prefiro assistir aos filmes em versão 2D. Fora o fato da dita inconveniência de ter que usar dois óculos, conforme citado acima, tem também a questão de que, sem os óculos 3D, os filmes ficam mais claros e eu não preciso me preocupar em ficar esperando algum elemento tridimensional pífio. Basicamente, os filmes em 3D de hoje em dia não fazem diferença nenhuma quando são comparados com os filmes normais.

Com o aumento da popularidade do cinema 3D, a indústria achou ter descoberto uma nova mina de ouro. Toda essa euforia ocasionou em uma tentativa de implementar o recurso até mesmo no mercado doméstico, com o lançamento das infames TV 3D. Felizmente, o lançamento não vingou e a resposta do mercado foi imediata. Além de ser uma tecnologia extremamente cara, a produção de conteúdos 3D por parte das emissoras era praticamente inexpressiva, ocasionando em uma extinção quase que imediata dos televisores com essa tecnologia.

Pelo que dá para notar, a qualidade de imagem importa mais do que tudo e isso se reflete no sucesso das televisões em 4K, uma tecnologia que avança cada vez mais rapidamente, onde atualmente já contamos com os impressionantes 16K, que daqui um tempo, poderão ser adquiridos pelos consumidores em grandes lojas de varejo.

Isso nos remete a outra grande tecnologia adotada recentemente pela indústria cinematográfica, o IMAX. Se por um lado filmes em 3D deixaram de ser atraentes e inovadores, por outro, filmes exibidos em IMAX se tornam uma experiência cada vez mais prazerosa e necessária. É nítida a diferença entre uma tela de cinema comum e uma tela IMAX e ali sim realmente conseguimos nos sentir imersos em um filme. O mais recente exemplo disso talvez seja Aquaman, onde as exibições em IMAX nos fazem sentir no fundo do mar e nos dão a chance de aproveitar cada mínimo detalhe presente no longa.

Atualmente, já existem recursos que permitem exibições 3D sem o uso de óculos, contudo, eles causam alguns efeitos colaterais no usuário ao serem consumidos por longos períodos, o que significa que não são indicados para a indústria cinematográfica. Não sabemos qual será o próximo passo evolutivo da indústria nesse quesito, mas uma coisa é fato, não vai demorar muito para que o cinema 3D como conhecemos atualmente seja extinto.

Depois de tanto refletir sobre isso, a grande pergunta é: Precisamos mesmo de filmes em 3D? Ao que parece, Cameron queria mostrar que o cinema ainda pode ser tão “mágico” quanto ele foi nos dias dos Irmãos Lumière, mas acredito que esse efeito não seja causado apenas pela inovação tecnológica, mas sim, por todo o conjunto que compõe a sétima arte.

Fique com imagens dos bastidores do segundo filme da franquia Avatar: