[CRÍTICA] Borderlands 3 – O melhor explosivo que Borderlands poderia entregar!
[CRÍTICA] Borderlands 3 – O melhor explosivo que Borderlands poderia entregar!
Depois de 7 anos de espera, nós, Filhos da Arca, não poderíamos ganhar algo melhor!
FICHA TÉCNICA
Desenvolvedor: 2k Games
Distribuidor: Gearbox Software
Gênero: Shooter em 1ª pessoa; RPG de Ação
Modos: Single e Multiplayer
Plataformas: PS4, XOne, PC e Google Stadia
Jogamos no: PlayStation 4
Lançamento: 13 de Setembro de 2019
Um super obrigado à Gearbox por enviar uma cópia para a LH fazer review!
Existem pizzas de todo tipo. Aquelas com gosto de infância, massa de mercado, molho pomarola e aquela azeitona verde gigante, quase do tamanho de um pedaço. Ou a com gosto de festa de adulto, com sabores diferentões e opções veganas e sem glúten. Tem aquela pra curtir sozinho, que você não conta pra ninguém que quase comeu de uma vez. Os pedaços amanhecidos que todo mundo ama…
E aquela pizza explosiva, que você monta dentro de uma prisão, em um planeta pantanoso, para libertar um membro da resistência das garras de um vilão.
Borderlands 3 é como se fosse uma pizza de vários sabores, todos igualmente deliciosos. O game resgata tudo de melhor que já produziu no passado, mas é novo o suficiente para se sustentar no paladar atual sem escorar na nostalgia.
E assim como todo mundo gosta de pizza, Borderlands 3 é para tudo mundo. É um shooter divertido, acessível, com um ótimo plot, carisma em cada um dos personagens, armas que não acabam mais e a promessa de horas e mais horas de aventuras viciantes. Claro que existe uma ou outra azeitona grande demais para o pedaço, mas como a não-mais-tão-pequena Tina diz, essa pizza precisa de tudo isso para ser boa.
Inclusive, ela precisa explodir.
Essa pizza ficou no forno por sete longos anos. Pode parecer pouco pra algumas pessoas, visto que Borderlands 1, 2 e Pre-Sequel possuem uma taxa de replay enorme e foram lançados e relançados em todo tipo de plataforma, então a franquia nunca esteve longe dos olhos do público.
E, em todo esse tempo, continuou como um dos games mais influentes das últimas gerações, seja em construção de mundo, vilão, personagens, mecânicas, plot, design – e por aí vai. Borderlands revolucionou de tal forma que até hoje títulos tentam rivalizar, só para falhar feio no processo. Com tudo isso, o terceiro game carregou consigo um hype gigantesco.
No quesito visual, esse é o capítulo da franquia que mais oferece variedade de cenários e beleza. Você sai da Pandora desértica para um planeta-cidade cyberpunk ou um planeta-pântano – entre outros planetas e situações. São prédios corporativos em guerra, casas cartunescas com passagens secretas, templos tecnológicos, laboratórios bizarros, esgotos, etc. Cada área que você encontra é verdadeiramente nova, com novos tipos de interação, de exploração, novos inimigos e todo tipo de possibilidade e referência.
Eden-6, o planeta-pântano com prisões, macacos e dinossauros, é o meu lugar favorito; gigantesco, verde, que dá gosto de explorar andando ou dirigindo, capotando bonito sempre. Mas isso não tira o brilho de nenhum outro cenário. Todos eles vão te fazer perder um bom tempo só brincando com os arredores e explorando.
A sensação visual é a mesma dos primeiros games. O gráfico melhorou, tem toda essa variedade de coisas, mas o estilo cartoon, assinatura de Borderlands, não peca em nenhum momento. Não tem nada ali que pareça fora do lugar, exagerado para encaixar no clima do game ou sério e plano demais.
Os novos caçadores são um tiro certeiro e estranhamente familiares se você pensar demais no assunto. Borderlands 3 bebeu bastante da popularização dos shooters de herói, tipo Overwatch, então a influência é visível – ainda que os games anteriores tenham influenciado muito essa onda de shooters. Um ótimo ciclo na criação de games, não?
Cada um desses personagens/classes traz formas completamente distintas de abordar o game. Meu personagem principal foi o Fl4k, a versão da classe caçador de MMO’s para Borderlands. Com ele eu consegui jogar de três maneiras diferentes, de acordo com as builds, invocando insetos, macacos, pássaros, investindo mais em tiros perfurantes, regeneração, ataque em área, etc. Isso segue para todos os outros, gerando ótimas chances de replay para testar cada um dos personagens e suas builds.
Mas se você escolheu um deles e a build atual não te satisfez, sem problemas: mudar sua árvore de skills no game é extremamente simples. E vou falar: cada teste é divertido pra caramba, o que te encoraja a mudar e experimentar os outros caçadores depois do fim do game.
A história é mais concreta e maluca que a dos anteriores – se é que isso faz sentido. E enorme. O game investe pesado em aprofundar toda a mitologia já apresentada em Borderlands.
Você dá continuidade à história da Lilith e companhia pós-Borderlands 2, investiga as Arcas, os monstros, os eridianos e o que isso significa, conhece melhor outros fabricantes de arma, aprende sobre as Ninfas e ganha um encerramento sensacional, mas que deixa espaço para todo tipo de continuação em DLCs e sequências. Se você achou esse parágrafo lotado demais, espere para ver o game em si.
E as armas? Digo com confiança: você não vai encontrar hoje um jogo com uma variedade tão absurda – e notável – em armas de fogo como Borderlands 3. Sério. Cada arma que você encontra tem alguma coisa diferente da anterior. Seja no design, nas especificações, no dano, em como é o tiro, em como é o ricochete do tiro, a área que ele pode atingir e por aí vai. Tem uma arma que atira armas. Acho que isso é o bastante para convencer.
E elas podem trazer mais de uma função. Você pode sair de um sniper para lançar um foguete, pode mudar os elementos dos tiros, se eles devem explodir ao atingir o alvo ou se você pode fazer uma trilha de bombas. Então você vai se apaixonar por alguns fabricantes ou armas específicas e vai ter que aprender usar outras. E aprender deixar alguns amores de lado, já que eles não causam mais tanto dano assim.
Inclusive, as armas estão mais responsivas, com inclinações, pesos e trancos. Não é muito mais algo sem peso, que você só aponta e atira. Mesmo que soe até complicado para um game como Borderlands, cada uma dessas alterações deixou a dinâmica toda mais divertida.
Para armas aprimoradas, o game ainda entrega inimigos mais inteligentes e um combate muito mais divertido e intuitivo que antes. Os inimigos agora desviam, abaixam, pulam e são muito menos bucha de canhão que antes. Eles tem até algumas estratégias, não tão difíceis de entender, para melhorar a batalha. Isso até para os Psychos – agora Fanáticos.
Mas é hora de revelar as azeitonas gigantes dessa pizza delícia. E assim, não me levem a mal, eu adoro azeitonas e elas fazem bem para a pizza. No entanto, às vezes elas são grandes demais, você esperava sem caroço e rachou um dente e por aí vai. Nesse caso, as azeitonas principais de Borderlands 3 estão com os já famigerados gêmeos Calypso.
Era uma tarefa beirando o impossível superar o mozão Jack, então os gêmeos já não estavam na melhor posição. Tudo piora quando eles são streamers caóticos extremamente irritantes. Imagina aquele streamer/youtuber que você não gosta. Imagina o Fernando Maidana da LH. Então, ele é o vilão de Borderlands 3.
(Brincadeira, Maidana <3)
Diferente do Jack, você não simpatiza ou acha tanta graça nos gêmeos. Eles não são totalmente sem graça, mas é um humor datado, que se hoje não está tão legal, definitivamente não vai envelhecer bem. Eles são aqueles vilões que você quer pôr uma bala nas fuças logo e fim de papo. E eu não acho isso totalmente ruim, mas muita gente acha. Lá pelo meio e final do game eles ficam mais interessantes e isso te faz entender e tolerar melhor os dois, mas até lá é uma jornada, superfã.
Colocando os streamers de lado, outras azeitonas em Borderlands 3 estão em bugs durante o jogo que devem ser consertados em breve – então, se você está lendo isso daqui uns meses, talvez isso nem exista mais. O game em vários problemas de renderização de imagem, então você vai acabar vendo algumas coisas em baixa qualidade, pixeladas e tudo mais em algum momento – que magicamente se transformam depois.
Os menus não mudaram, estão tão confusos quanto antes – mais ainda, visto que o mapa da vez é gigantesco – e estão bem lentos. Algumas missões travam com o NPC ou algo do tipo e você precisa reiniciar o game, algumas cinematics podem bugar com personagens desaparecendo e áudio atrasado e por aí vai. E eu não cheguei a jogar o multiplayer, mas uma pesquisa rápida revelou que esses problemas ficam ainda piores lá, principalmente em tela dividida (que era uma das atrações desse modo).
Vale nota que as principais reclamações estão vindo do pessoal jogando via PC. Pessoalmente, lá pelo fim do jogo um bug insistente surgiu que fazia a câmera ficar girando para a esquerda automaticamente. Não vi reclamações disso por aí, então pode ser meu próprio controle ou algo assim, por isso não considerei na nota. Mas se alguém aí sofrer desse mal, me avisem para eu saber que não estou sozinho ou maluco.
A grande pergunta agora é: como superar Borderlands 3? Este é o ápice da franquia e talvez o limite para o game nesse formato. É difícil imaginar um Borderlands 4 seguindo a mesma fórmula e não ficando mais do mesmo, cansativo e datado.
Mesmo que seja delicioso, Borderlands 3 é o máximo que a série pode chegar seguindo este caminho, então talvez vejamos algo completamente novo no futuro – ou uma decepçãozinha depois de três hits e meio. Adicionar coisas novas e estranhas na pizza e tentar fazer algo disso ou mudar para um bolo?
Borderlands 3 é uma pizza de primeira. Épica e explosiva, tudo que uma pizza deve ser, certo? Mesmo com adicionais não muito queridos em alguns pedaços, é aquela que tem gosto de infância, para compartilhar com os amigos e comer amanhecida de novo e de novo.
Por isso, Borderlands 3 leva 4,5 Claptraps e meus cumprimentos para o pizzaiolo. Sei lá quando vou sair desse game, mas não me arrependo.
Como toda boa pizza, não importa como você come, mas como ela explode.
Não esqueçam de deixar nos comentários o que acharam de Borderlands 3!
Tic… tic… BOOM