Westworld: 2×03 – Uma colisão de vários mundos!

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Westworld: 2×03 – Uma colisão de vários mundos!

Por Márcio Jangarélli

Mais uma vez, Westworld pegou todo o público de surpresa – e de uma maneira magnífica. Enquanto todos acreditavam que o aguardado Shogun World seria o segundo parque mostrado pela produção, “Virtù e Fortuna”, terceiro episódio da nova temporada mostrou um pouco do “The Raj”, o mundo indiano da série. Junto dessa expansão, aprendemos mais sobre a dinâmica da Delos nesse mundo futurístico e mais questões surgem.

The Raj – nome oficial, diferente do especulado Raj World – pelo pouco que foi mostrado, é fantástico e daria uma ótima série sozinho. Esse é o parque da Delos com temática indiana, mas não espere uma caricatura da Índia como vemos em outros lugares – a proposta aqui é muito mais densa e obscura. Como Westworld também é uma fachada para vários desejos sombrios de parte do público que frequenta o parque – estupro, violência, caça aos Nativo-Americanos, etc – The Raj se situa no período histórico da colonização inglesa da Índia.

Não dá para saber se todo o território do parque segue a mesma época histórica, mas a que foi mostrada proporciona aos visitantes viver como um colonizador, algo que pode ressoar de várias formas para nós, brasileiros. Quem gostaria de reviver uma época dessas? Bom, aí está, novamente, a ideia de que a Delos e seus parque exploram os desejos mais íntimos e execráveis de seus clientes – das mais diversas formas de violência, até a opressão de outros povos e culturas. Afinal de contas, todos ali são Hosts, certo? Não tem problema fazer o que quiser com eles, mesmo que isso venha de um fundo de verdade do mundo real.

Deixe seu mundo para trás.

Também, esse é um parque que, aparentemente, é destinado à caça. Não dá para saber o estado do mundo real na história de Westworld, mas considerando uma progressão parecida com a do nosso mundo, várias espécies devem estar em extinção ou foram extintas. Praticar a caça de animais silvestres, extintos ou não, em um parque onde eles são todos robôs, pode não soar uma atitude condenável e deve atrair muita gente.

Só esses dois pontos já abrem várias especulações sobre o que podem ser os outros três parques e como o Shogun World será tratado. Estamos vendo um padrão de explorar momentos e sentimentos controversos dos visitantes, para que liberem seu “eu” de verdade para a Delos. Interessante, não?

Sobre o episódio em si, começamos no The Raj com uma personagem nova e, até então, sem nome. Tudo aponta para que essa mulher seja alguém importante – quando o Host tentou evitar que o rapaz a incomodasse – que ela conheça muito bem o parqueela entende que algo estranho está acontecendo só pela disposição dos Hosts – e que sabe as possibilidades para o trabalho da Delos com os androides. Quando ela leva o rapaz para o quarto, ela só continua com ele depois de confirmar que ele era humano. Para visitantes normais, isso não faz sentido, visto que todos acreditam ser impossível que os Hosts se passem por humanos. Não para ela. O fato dela também não querer se envolver com um Host também é peculiar, visto que essa é uma das intenções do parque.

Ela tem uma aura de William pelo menos.

Muitos estão especulando que essa moça é ninguém menos que a Emily, filha do William que foi apresentada no segundo episódio em flashbacks. O fato dela ter sobrevivido ao seu embate com o tigre e acabado nas margens de Westworld são mais indicativos disso. A relevância dela na história, porém, só saberemos no futuro.

No lado de Westworld mesmo, Bernard e os agentes da Delos chegam ao “Berço”. Charlotte, que só vimos em flashbacks, aparece viva e ainda está em busca de sua apólice de seguros, Peter Abernathy. Entramos em mais um flashback daí.

Dolores está crescendo e se tornando uma verdadeira vilã. Ou melhor, Wyatt. Nesse capítulo, a noção de que talvez a androide não esteja fora de um loop ainda é reforçada. Quanto do que ela está fazendo é vontade própria, seja de qualquer uma de suas consciências, e quanto é da nova narrativa do Ford. Porque, no fim das contas, a jornada dela está conversando demais com o novo “jogo” do William. Não há dúvidas de que a moça despertou uma consciência, mas isso não significa que ela é livre ainda. Algo que podemos dizer é que ela deu uma sensação bem “Cersei” nesse episódio, em vários sentidos.

O que nós somos é belo.

O ponto alto aqui fica para como a atriz da Dolores, Evan Rachel Woods, consegue interpretar tantas nuances de personagem em tão pouco tempo. É fantástico assistir ela sendo a sanguinária Wyatt, em busca de vingança e de poder, ao mesmo tempo que, em instantes, ela passa para uma mistura entre suas duas personalidades, mais ponderada, e, enfim, volta a ser a donzela cuidando do pai doente. A interação dela com o Peter nesse capítulo foi tão intensa que é impossível você não confundir os dois com Hosts de verdade em algum momento. Principalmente o Peter dando glitchs e mudando de personagens do nada.

No caso da guerra, foi uma cena bacana, mas nem tanto. Faltou um trabalho maior na coordenação da cena e na coreografia de combate. As melhores partes ficam com o grupo da Wyattdestaque para a Clementine, silenciosa e assustadora, e para a Angela – e, no fim, para a Dolores perseguindo a Charlotte, levando tiros. Pela falta de reação dela aos machucados, inclusive, podemos crer que ela está realmente entendendo sua natureza robótica.

Não podemos esquecer da jornada da Maeve. Assistir a interação entre o trio foi incrível, quando o Lee questiona a veracidade da relação entre os hosts, mostra o quanto se importa com o Hector e dá a entender que construiu nele o seu reflexo ideal. É mais uma referência ao “reflexo” que os androides proporcionam, algo que devemos prestar atenção.

Primeiro vislumbre do Shogun World.

Claro, a volta da Armistice foi um momento que ultrapassou as expectativas. A assassina robótica mais amada pelo público retornou com um lança-chamas, um braço mecânico e escravizando o Felix e o Sylvester. Importante dar atenção a esse braço, quando ele não é original dos Hosts atuais.

O grupo continua em sua aventura para encontrar a filha da Maeve e, pelo visto, é assim que seremos apresentados ao Shogun World. No fim do episódio, chegamos a um território nevado e os primeiros samurais são apresentados. Junto do The Raj levando a possível-Emily para Westworld, enfim confirmamos que todos os parques estão na mesma ilha.

Para fechar, nos restam Teddy e Bernard. Teddy não está feliz com seu lugar na matança da Dolores mesmo depois de descobrir sobre sua realidade. Na verdade, ele está em uma situação muito única, que talvez o leve ao despertar da consciência no futuro.

Qual caminho o Teddy vai escolher?

Ele possui duas programações centrais: proteger a Dolores e matar o Wyatt. No passado, essas pessoas eram diferentes para ele, mas acontece que, na realidade, elas são a mesma Host. Isso cria uma contradição para o Teddy, que ele está tentando lidar nesses episódios. Contradição e uma escolha, coisa que os Hosts não possuem; ele pode continuar protegendo a Dolores, embarcar de vez nessa cruzada da moça e deixar de lado seu desejo pela morte da Wyatt ou deixar de seguir a Wyatt, possivelmente confrontá-la e matar ela e a Dolores. Pode ser nenhum dos dois e ele apenas escolher deixar de vez essa narrativa. Qualquer caminho é uma escolha dele, muito parecido com a morte do Ford ou a Maeve ficando no parque. Na verdade, ele já começou escolher, quando poupou os Confederados.

Já o Bernard é maior quebra-cabeças da temporada. Algo que a Dolores pontuou é que ele conhece sua natureza robótica, mas não tem acesso a todas as suas memórias e nem sabe sobre o Arnold. Muita gente vem sustentando a teoria de que o Bernard do presente está carrega outro Host em si, possivelmente a Dolores ou o Teddy, mas essa hipótese quebra quando estamos assistindo flashbacks do próprio Bernard.

Outro mistério sobre o personagem é sobre o que ele encontrou no código do Peter. Será que ele conseguiu acesso ao que a Charlotte está tentando tirar do parque? Ela diz que é propriedade intelectual, mas de que tipo? O Bernard pareceu bem assustado quando mexeu nos arquivos.

O que está acontecendo com o Bernard?

E vocês, o que acharam do episódio? Quais os temas dos outros parques? E o que o Peter está carregando em seu código? Já jogaram um pouco de Dolores Run hoje? Não esqueçam de comentar – e jogar!

Confira nossa galeria com imagens de Westworld:

Westworld vai ao ar todos os domingos, às 22h, pela HBO. Você pode assistir a série em tempo real também pelo HBO GO. Não perca nossas reviews sobre os episódios, agora todas as terças!

Imagens: Divulgação