Westworld: 2×01-02 – Chegou a hora de encarar todos os seus pecados!

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Westworld: 2×01-02 – Chegou a hora de encarar todos os seus pecados!

Por Márcio Jangarélli

Dois anos de espera: esse é o preço que pagamos pela continuação de uma das produções mais fenomenais que a TV já nos presenteou: Westworld. Posso dizer que o último episódio da primeira temporada, “The Bicameral Mind”, está entre os meus capítulos favoritos de séries de todos os tempos de tão intensa e magnífica a experiência de assisti-lo – e garanto que não sou o único com essa opinião. Assim, as expectativas estavam mais que altas para o retorno da série e a resposta sobre o que aconteceu com o parque, os anfitriões, os acionistas e toda a humanidade depois da fatídica festa que iniciou a nova narrativa do Ford, “Journey Into Night”.

É com a maior alegria do mundo que agora, com dois episódios na conta já, posso dizer que o novo ano de Westworld está SIM correspondendo com as expectativas. Como o nome da narrativa sugere, a produção agora embarcou em uma jornada ainda mais obscura que a da primeira temporada, com vários períodos, questões práticas, existenciais e tudo mais que amamos assistir e teorizar sobre na história anterior.

Ela começa com o nascimento de um novo povo, as escolhas que eles terão que fazer e as pessoas que eles decidirão se tornar. Ela terá todas essas coisas que vocês sempre amaram: surpresas, violência.Começa em um tempo de guerra, com uma vilã chamada Wyatt, e um assassinato… dessa vez, por vontade própria.” Essa é a descrição que o Ford dá para sua nova narrativa e é exatamente isso que a série entregou nesses dois episódios, palavra por palavra.

Essa é a resposta dos anfitriões ao tratamento que receberam. Esse é o sonho deles agora.

Tudo começou, sim, com Wyatt/Dolores e seu despertar, entendendo quem é, o que é, onde está e, mais importante, quem são os inimigos. Mas vai além; a pergunta da nova temporada é mais intensa: estamos assistindo uma história sobre o que fazer depois de atingir um grande objetivo, por exemplo, a Dolores e sua consciência. Quais decisões ela tomará agora, consciente, e como isso entra em conflito com os próprios anfitriões e ela mesma. Mais ainda: é sobre livre arbítrio. Ser consciente da sua situação é a mesma coisa que ser livre? Dolores e Maeve, Teddy e Bernard, entre todos os outros androides, estão e são livres? Por fim, para o lado humano, só podemos nos questionar o que é real, o que é ser humano e, mais importante, o que estamos fazendo com a nossa humanidade?

Bom, tudo começa com o tiro da Dolores, mas, como conhecemos Westworld, não é assim que as coisas serão contadas. A primeira cena da nova temporada é… peculiar. Essa é uma série que não coloca flashbacks à toa e fora de ordem – quando você para e analisa a primeira temporada, todos eles são coesos. Esse mostra, aparentemente, Arnold e Dolores em mais uma conversa. Será mesmo? Além de, em vários momentos, mostrar os dois em lados opostos, como se a Dolores é quem estivesse avaliando dessa vez, a cena desemboca em memórias confusas do Bernard, acordando na praia. Seria isso algo do próprio Bernard que a série está tentando distorcer?

Estamos, ao que tudo indica, duas semanas depois da festa. Conhecemos o time tático da Delos, descobrimos que o parque é uma ilha na região da Chinapistas sobre isso estão na primeira temporada também – e tudo está coberto de sangue e corpos. É difícil lembrar de uma série que tenha mostrado tantos corpos quanto Westworld nesses dois episódios – sem contar Game of Thrones.

A pergunta é: esses anfitriões estão morto mesmo?

Fazendo um resumo geral, por enquanto estamos aprendendo o que aconteceu durante essas duas semanas. O Bernard ajudou a Charlotte escapar da festa e eles acabaram em um laboratório secreto da Delos no parque; Dolores e seu grupo massacraram a festa, seguem matando todos que encontram na frente – incluindo anfitriões que não foram “escolhidos” – e ela agora tem controle sobre suas duas personalidades, criando uma terceira extremamente assustadora. Palmas pra Evan Rachel Woods pela atuação, inclusive; são três personagens em um.

Além disso, ela, Angela e Teddy querem descobrir mais sobre o parque, sobre como sair dali, e estão montando um exército para quando o momento chegar. Por sua vez, o William descobriu que agora está no jogo do Ford e precisa refazer seus passos em busca d’A Porta. No núcleo da Maeve, ela está em busca de sua filha, que ainda está em Westworld, e conta com a ajuda do Hector e o novo escravo humano, Lee. E o grande mistério, por agora, é por que, no tempo do Bernard com a Delos, eles encontraram os anfitriões “mortos” em uma nova área alagada do parque que ninguém sabia que existia.

Ufa! Com isso dito, vamos destrinchar alguns pontos. A localização de Westworld e tudo que a série vem montando do mundo exterior deixam a trama mais “próxima da realidade”. No segundo episódio, nos flashbacks da relação da Delos com o parque, é dito que, mesmo nesse futuro e nesse mundo, ninguém tinha uma tecnologia tão insana quanto a do Ford e do Arnold para o parque. O Logan fica perplexo com esse avanço, o que o leva investir e insistir em Westworld. Quanto à localização, além da China prometer ser o grande pólo econômico do futuro, a região marítima mostrada é o lugar perfeito, escondido do mundo, podendo ser até mesmo uma ilha artificial.

Pobre Logan… deu para sentir uma nova simpatia pelo personagem no episódio.

Das dúvidas deixadas, as intenções obscuras da Delos para essa tecnologia são as mais importantes. Aprendemos no primeiro episódio que a empresa coleta não apenas informações dos convidados com os anfitriões, em uma vigilância completa e secreta, mas também seu DNA. Outra coisa bizarra são os anfitriões Drones, aqueles androides brancos monstrões, que parecem uma ala militarizada do negócio.

O pai do Logan, dono da Delos, James Delos, aparece no segundo episódio e descobrimos que é o William quem o direciona para o uso mais sombrio da tecnologia do parque. Tempos depois, ele aparece doente e tem toda uma conversa sobre imortalidade e a tecnologia não ficar pronta enquanto ele estiver vivo. O Logan, agora uma pessoa completamente diferente da que conhecemos na primeira temporada, fala sobre como a Delos está condenando todo o mundo. Falando sobre a temporada passada, o William, como Homem de Preto, fez um comentário sobre como ele e sua empresa podem curar qualquer doença, superar qualquer coisa, e deixou claro seu poder no mundo fora do parque.

Onde estamos indo com isso? Bom, Futureworld, filme que deu sequência para Westworld lá nos anos 70, tinha como temática réplicas robôs dos convidados mais ilustres do parque. O filme não é a melhor coisa do mundo, mas o plot em si é bacana: o parque substitui pessoas influentes do mundo por anfitriões idênticos, sob o controle da Delos. Isso é reforçado ainda mais com o William e a Dolores falando, no segundo episódio, sobre uma “arma” escondida no parque. Teorias, teorias.

O dono de tudo por muito tempo, Sr. Delos.

Outra coisa legal, praticamente confirmada, é que não, o Ford não morreu. Não totalmente, pelo menos. Sua consciência parece viva e bem. Tivemos duas interações SENSACIONAIS entre Ford e William até agora, uma dela vinda da boca de ninguém menos que Giancarlo Esposito, em uma das cenas mais legais da série, que levam a crer que o criador do parque agora é uma consciência que controla o sistema. Tudo é código em Westworld, certo?

Nos campos da Maeve, as coisas estão lentas por enquanto. Os trailers já mostraram a anfitriã no Shogun Worlde isso deve acontecer muito em breve. Mal posso esperar para vê-la passeando com uma katana. O que exatamente ela vai fazer nesse lugar, ainda não é claro.

O ponto alto até então tem sido ninguém menos que a Dolores. Seja tratando os convidados da mesma forma que eles tratavam os anfitriões, seja planejando seus próximos passos e até fazendo referências bíblicas: quando ela entra em cena, não tem como desviar a atenção. Isso tudo está acontecendo porque ela tem acesso a todas as suas memórias e, como vimos, ela conheceu o mundo real. Ela estava presente em momentos decisivos para o futuro do parque. No fim das contas, ela é a primeira anfitriã e se ela se lembra realmente de tudo, da forma detalhada como vimos, dificilmente alguma coisa pode pará-la agora.

Dolores entrou na última ceia dos Confederados trazendo morte e ressurreição.

Porém aí vem a questão, levantada pela Maeve no encontro tenso, mas incrível, entre elas (alguém mais sentiu como se fosse o crossover de duas séries diferentes?): o que é a liberdade para a Dolores consciente? Vejam que as coisas estão se desenvolvendo da forma que o Ford descreveu e, lá, ele chama o Wyatt de “vilão”. Será que, além de humanos e anfitriões, veremos uma briga de ideologias entre os androides? Se sim, será possível deter alguém como a Dolores, que, como ela mesmo disse, matou os dois “deuses” de Westworld, tem consciência plena – não sabemos dizer ainda sobre liberdade – e um conhecimento sobre o parque que nenhum outro humano ou anfitrião possui?

Questões, questões e mais questões! E teorias. Você sabe que a série engaja e é boa quando dá gosto de falar e pensar sobre ela, não? Esse é o sentimento da segunda temporada de Westworld até então. Que tempo é o verdadeiro “agora”? Qual o plano da Delos? E o futuro da Dolores? O que está escondido no parque? Como vamos parar em Shogun World? Quais são os outros QUATRO parques desconhecidos? É tanta pergunta que muitas séries não conseguiriam responder nem em sua história completa, mas que sabemos que Westworld consegue.

E vocês, qual foi o melhor momento desses dois episódios? Qual é a pergunta que mais te chamou a atenção? E a teoria? Não esqueçam de comentar!

Confira imagens da segunda temporada de Westworld:

Westworld vai ao ar todos os domingos, às 22h, pela HBO. Você pode assistir a série em tempo real também pelo HBO GO. Não perca nossas reviews sobre os episódios, agora todas as terças!

Imagens: Divulgação