Supergirl: 3×19 e 20 – Sobre escolhas difíceis e duvidosas!

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Supergirl: 3×19 e 20 – Sobre escolhas difíceis e duvidosas!

Por Chris Rantin

Vocês que acompanham minhas reviews sabem que eu tenho muitos problemas com o Guardião da série, tanto a maneira como o personagem é trabalhado quanto pela atuação fraca do ator. Isso, no entanto, não foi o motivo pelo qual não consegui fazer uma review semana passada. Independente do atraso, aqui estamos nós e já começo dizendo o surpreendente: O episódio 19, focado no James Olsen, foi bom!

Com uma trama um tanto mais humana, o herói conseguiu ser trabalho de uma forma satisfatória, especialmente quando lidam com as questões raciais – que já deveriam ter sido abordadas antes. Não importa o quão louca seja a cidade da Supergirl, ou o fato de que eles idolatram uma alienígena, no fim das contas ela continua sendo branca e infelizmente isso ainda a deixa mais “confiável” que um humano negro.

Na minha opinião a série poderia se aprofundar mais nesse assunto, já que foi só nessa trama que o Guardião conseguiu brilhar. Toda a cena dele contando sobre como sofre com o racismo desde pequeno foi muito boa – ainda que o ator parecesse uma porta contando uma história que deveria ser trágica.

Outra coisa muito bem trabalhada neste episódio foi o relacionamento da Alex com o J’onn. Quando comecei a assistir a série, o que me fez continuar a maratonar os episódios foram os relacionamentos familiares que víamos na série. Infelizmente nesta temporada tivemos poucos momentos das Irmãs Danvers e, no que considero uma das decisões mais burras da série, a linda amizade da Kara com a Lena Luthor foi afetada negativamente. Graças aos bons Deuses, os roteiristas não resolveram atrapalhar o relacionamento de pai e filha que vemos entre Alex e J’onn desde a primeira temporada.

Mesmo com cada um lidando com um grande fardo – Alex com a Ruby totalmente traumatizada ao descobrir que sua mãe é Reino, e J’onn com seu pai sofrendo por alzheimer – os dois continuam tendo bons momentos juntos, se ajudando quando as coisas ficam difíceis e isso é lindo de assistir.

Infelizmente, a trama geral do episódio 19 foi um tanto fraca. O culto aos Kryptonianos é bacana de ser explorado, mas eu ainda me pergunto como uma adolescente conseguiria reunir tantos ingredientes raros (e alienígenas) para conseguir fazer um ritual arcaico. Mais do que isso, não é um tanto engraçado como foi fácil seguir a receita de “como fazer uma Arrasa-Mundo”? Achei fraco, assim como a conclusão dessa questão com um discurso de Kara – mas que até faz sentido, quando lembramos o quão frágil é a mentalidade de uma pessoa que entra em um culto e que, bem, já havia cultuado a heroína como uma Deusa.

Já nesta semana, também tivemos um episódio sem muitos problemas em sua execução, mas que apresentou uma escolha meio duvidosa que atrapalhou toda a trama.

Para conseguir parar Reino, que ainda está contida no laboratório de Lena, Supergirl precisava utilizar uma rocha do seu planeta. Infelizmente, a única amostra desse material na Terra foi utilizado pela adolescente do episódio anterior, mas rastreando o espaço, o time da heroína conseguiu encontrar um lugar que possuía esse mineral. Por isso, Kara e Mon-El parte na nave de J’onn rumo ao espaço.

Inclusive, nessa viagem temos Kara voltando a dizer sobre o quão cansada ela está de ter que viver uma vida dupla, sem poder ser quem ela realmente é, cansada de mentir que é Kara Danvers. Seria ótimo se a gente pudesse ter visto isso em cena, já que desde o começo do arco da Reino, Kara Danvers não existe mais, só temos visto a Supergirl em cena. Dá pra entender que a heroína se refere ao fato de ser verdadeira com aqueles que a cercam (especialmente Lena, já que tivemos uma discussão sobre isso no episódio passado), mas essa declaração parece fora de contexto e bem mais pertinente na primeira temporada – que era quando realmente víamos ela tendo que levar uma vida dupla.

Chegando no local indicado por Winn, eles descobrem que aquilo na verdade é Argo, uma parte de Krypton que não explodiu. Agora vamos lá: Você cresceu todos esses anos acreditando que todo seu planeta havia explodido. Sua última lembrança daquela terra é se despedir dos seus pais, que você amava muito, e ser lançada para o espaço sideral em uma navezinha. Depois de anos sofrendo com saudade e a dor da perda, você descobre que, contrariando tudo que você acreditava, sua mãe está viva. O que você faria?

Eu entendo que Supergirl estava focada na sua missão de impedir Reino, mas imaginava que o reencontro fosse ser mais emocionante, ou que pelo menos ela insistisse para que sua mãe fosse com ela para a Terra, afinal, não existe nada no que sobrou de Krypton que prenda Alura ali.

Seu marido está morto, a cidade tem um conselho que funciona bem e definitivamente eles não precisam dela para alguma coisa… Mas não é isso que acontece, tudo que temos é um abraço triste, a mãe de Kara explicando que parou de procurar por ela por achar que ela estava em uma zona fantasma e ela se arrependendo dos seus erros.   

Também temos um drama desnecessário ao colocar toda aquela questão de “cada pedaço desta rocha é um pouco da qualidade de vida que perdemos”, visto que a nave de J’onn pode mudar de forma e poderia muito bem trazer toda população de Argo para a Terra – lugar onde todos teriam uma qualidade de vida superior.

Eu realmente espero que, agora que declaram Alura viva, ela tenha um papel maior na história, já que isso quebra boa parte do drama de origem da Supergirl. Será bastante tosco eles esquecerem a personagem na geladeira dos personagens não utilizados, quando poderiam trabalhar questões mais interessantes com a heroína ao lado de sua mãe.

No núcleo humano da série, vimos Alex precisando lidar com um atirador que estava tentando matá-la. Além de termos a personagem sendo fodona e tendo bons momentos com J’onn – o que é sempre bom de se assistir – nossa Agente Danvers acabou se dando conta de que enquanto ela for do DEO ela vai se colocar em perigo, o que não combina muito com a sua vontade de ser mãe.

O peso dessa questão é bastante interessante, e vai ser bacana ver ela tendo que dosar essas suas “duas vidas” no futuro, sendo uma boa mãe ao mesmo tempo em que tenta proteger o mundo – só espero que a execução disso seja melhor do que a trama do Oliver em Arrow, já que por lá seu filho só servia pra causar drama desnecessário.  

Enquanto Kara e Alex lidavam com isso, Lena Luthor era torturada mentalmente por Reino, que mesmo presa conseguiu machucar nossa humana brilhante, fazendo ela sofrer diante da possibilidade de precisar matar Sam para conseguir parar a vilã.

A situação fica ainda mais dramática quando lembramos que Lena não possui muitos amigos, ou pessoas que a amam. E que Sam representa alguém muito importante para ela. O sofrimento de Lena diante dessa difícil escolha é a prova final de que ela não é nada parecida com seu irmão. Lex Luthor teria matado Sam imediatamente, sem nem se dar ao trabalho de buscar uma cura.

Por sorte, quando acabou decidindo fazer essa escolha difícil para proteger o mundo (e Ruby), Reino já era imune a Kryptonita. A vilã conseguiu escapar da sua prisão bem a tempo da chegada de Kara e Mon-El, então podemos nos preparar para uma luta intensa entre eles – ou para uma rápida fuga de Reino.

Em resumo os dois episódio foram bons de se assistir, ainda que algumas escolhas burras tenham sido feitas ao longo do processo. Conforme caminhamos para a reta final da temporada, é melhor que eles deixem um pouco do drama de lado e foquem em fechar as pontas soltas e entregar a ação que merecemos. Tudo que mais quero é outra sequência de luta maravilhosa entre Reino e Supergirl, e não uma luta de poucos segundos.

O que vocês acharam dos episódios? Comentem!

Confira abaixo a nossa galeria sobre a série:

Supergirl vai ao ar toda segunda-feira na The CW, as reviews do episódio saem toda quarta-feira aqui na LH!