Qual será o futuro do streaming?
Qual será o futuro do streaming?
Morreu a última locadora, só sobraram as redes de streaming. E agora?
Se tudo desse errado, eu abriria uma locadora. Esse era um dos meus ideais infantis, como uma criança meio perdida no rumo da vida. Sempre gostei de frequentar locadoras e ler as sinopses, falar sobre os filmes, logo, se não desse pra ser um médico ou engenheiro como meus pais idealizavam, eu iria humildemente abrir uma videolocadora. Este ano, fechou a última delas aqui na minha cidade. Fica a lição: nem sempre siga seus sonhos. A segunda lição é que, até aqui no interior os colonos têm uma conta da Netflix.
Se você, assim como eu, respira o ar desse mundo desde os anos noventa (ou talvez até mais cedo), deve ter percebido o quão alucinada foi a evolução do consumo midiático. Tínhamos fitas VHS, então DVDs, Blu-rays e com a pressão da pirataria, finalmente chegamos na era de ouro do streaming. Mas e daqui pra frente, como vai ser?
É assustador pensar em como a Netflix revolucionou o mercado do entretenimento através do streaming. Você assina um serviço, dá play em filmes no conforto da sua casa. Era apenas uma questão de tempo até a extinção das locadoras diante disso. No entanto, o que parecia ser um monopólio da Netflix rapidamente passa a assumir outros contornos: a Amazon Prime Video engrossa cada vez mais seu respeitável catálogo de filmes e séries exclusivo; a DC Entertainment está chegando como uma nova opção de streaming, sem falar no serviço da Disney que promete trazer uma miríade de títulos exclusivos extremamente populares, contando com conteúdo inédito de Star Wars e até mesmo, mini-séries derivadas focadas em personagens do Universo Cinematográfico Marvel.
É aí que começa a despontar um problema. Eu quero re-assistir a série animada do Batman na DC Entertainment, ver as mini-séries do Universo Cinematográfico Marvel no serviço da Disney, conferir Senhor dos Anéis na Amazon e a segunda temporada de Castlevania na Netflix. E agora?
A quantidade serviços disponíveis começa a intimidar. Para qual deles você vai oferecer sua assinatura? Existem dois cenários de possível desdobramento que vejo se desenhando a partir daqui. Vejam bem, não sou um analista da bolsa de valores ou alguém de cacife analítico para entregar dados consistentes que irão prever o futuro, sou só alguém que queria ter uma locadora. Mas me acompanhem aqui:
Cenário 1) Pirataria – Com tantas plataformas de streaming oferecendo conteúdo incrível, é difícil arcar com uma assinatura de todas elas na fatura do cartão. Em consequência disso, o público pode voltar a consumir conteúdo midiático através de downloads ilegais, alternativa que era praticamente padrão quando o boom da popularização de séries despontou em meados de 2000, com séries como Lost e Heroes.
Cenário 2) Flexibilidade – As companhias de streaming vão passar a lucrar mensalmente sem uma fidelidade de seus assinantes. Você vai cancelar sua assinatura no serviço da Disney, assistir a nova temporada de Stranger Things na Netflix, depois cancelar o serviço novamente; pulando de galho em galho dependendo do filme/série que está no menu.
Existe um terceiro cenário que cogito, após Fugitivos e Titãs, séries da Hulu e DC Entertainment, respectivamente, terem acabado na Netflix. Produzir conteúdo não é algo barato, logo, os números e assinaturas precisam justificar o investimento. No sentido de popularizar a obra, faz sentido que a gigante do streaming consiga os direitos do exibição para produtos exclusivos de redes rivais, expondo aquele conteúdo para um demográfico maior de usuários.
A filosofia da Netflix em relação ao conteúdo que circula dentro da rede é interessante. Ao que parece, a empresa não quer ser sinônimo de conteúdo de qualidade, mas sim, de conteúdo em geral. Além de investir em produções originais, a empresa anda comprando diversos filmes engavetados (Cloverfield Paradox), trazendo também séries variadas que apelam um pouco para o gosto de todos. A Prime Video por outro lado, parece uma plataforma mais preocupada com a qualidade de seu conteúdo exclusivo.
Ainda assim, nenhuma rede de streaming além da Netflix alcançou uma série viral, enquanto a gigante já emplacou títulos como Stranger Things, Demolidor e La Casa de Papel. Quem sabe a série do Senhor dos Anéis oferecida pela Amazon não consiga esse nível de popularidade.
Independente de qual for o futuro do consumo de conteúdo, parece que estaremos cercados de um excesso de produções, algo que não é exatamente motivo de reclamação, mas vai nos tornar mais criteriosos com as escolhas de entretenimento nas quais afundaremos nosso precioso tempo. Enquanto o futuro não chega, sigo de luto pelas videolocadoras.
E você, como acha que o futuro do streaming irá se desdobrar? Para qual deles você vai oferecer a sua assinatura? Comente!
Aproveite para conferir nossa galeria da terceira temporada de Demolidor, série da Netflix: