Os desafios da Sony em criar seu próprio universo cinematográfico!
Os desafios da Sony em criar seu próprio universo cinematográfico!
Tá difícil, mas será que uma hora vai?
Acabamos de começar o mês de outubro, e os cinemas já estão lotados com sessões de Venom, a mais recente investida da Sony. No entanto, engana-se quem acha que o filme do simbionte será apenas uma aventura solo que pode ou não vir a ter continuações: o estúdio já definiu todo o futuro da franquia, já que esse será o primeiro capítulo de um universo compartilhado.
Gata Negra, Morbius, Kraven… esses são alguns dos personagens que, de acordo com anúncios oficiais ou especulações, devem protagonizar os longas que constituem essa franquia expandida. E caso você não tenha notado a ligação óbvia entre eles, vamos reforçar: são vilões e coadjuvantes do Homem-Aranha.
Mas aqui que reside a surpresa: esse universo, ao menos por ora, não terá nada de Homem-Aranha!
Chocado, né? Pois é. Quando a Marvel Studios fez um acordo com a Sony, de modo que agora eles produzem os filmes do Amigão da Vizinhança, enquanto os “detentores oficiais” recebem o lucro, ficou nítido que Peter Parker encontraria seu lugar em meio ao Universo Cinematográfico da Marvel. Aliás, dito e feito: o personagem está muito bem estabelecido desde Capitão América: Guerra Civil.
Não apenas isso: ele também já conta com sua própria franquia de filmes solo e é uma figura bem importante para o desenrolar de Vingadores: Guerra Infinita. Com isso, é óbvio que a Marvel Studios tem planos a longo-prazo para o herói, e quer uma certa exclusividade na hora de encaixá-lo em seu universo.
Mas então, eis que a Sony anuncia Venom como o primeiro capítulo de seu universo de anti-heróis. E a partir daí, começou um disse-me-disse sobre a noção de que esses filmes poderiam contar com a participação do Homem-Aranha e fazer parte do Universo Cinematográfico da Marvel.
E se, há algum tempo, as pessoas ainda viam algo positivo nessa notícia, a estreia de Venom já jogou tudo por água abaixo. O filme tem sido duramente massacrado pela crítica (inclusive, aproveitando o jabá, você pode ler a nossa aqui) e também não está conquistando muito o público. Para piorar, ele sofre do mal dessa geração: a necessidade de se construir uma base para continuações – ou, nesse caso, todo um universo compartilhado.
Eu poderia me aprofundar melhor na noção de universos cinematográficos e como alguns funcionam enquanto outros são catástrofes anunciadas, mas sinto que vale mais a pena ler o texto de nosso amigo, Lucas Rafael, sobre o assunto – onde ele já detalha bem a falta de planejamento como um dos maiores problemas para esse tipo de investida.
E, de longe, podemos perceber que esse universo da Sony é pontuado por esse tipo de problema. O plano original era fazer uma série de filmes do simbionte alienígena, que seria seguido de perto por um filme da Gata Negra com a Silver Sable. No entanto, esse projeto já foi escanteado e está sendo inteiramente revisado, enquanto o estúdio está privilegiando o longa de Morbius, o Vampiro Vivo, que deve ser protagonizado pelo azarado Jared Leto.
Mas esse não é, nem de longe, o único problema. Só falando de Venom mesmo, já percebemos uma série de decisões… controversas. Como, por exemplo, a noção de fazer o filme de um personagem extremamente violento e perigoso ser PG-13 (ou seja, uma classificação indicativa “baixa”), apenas pela esperança de que, em um futuro, o Homem-Aranha possa participar de um filme do anti-herói – aliás, acorda Alice. Não vai acontecer.
E aliás, esse é o ponto principal: a presença – ou melhor, ausência – do Homem-Aranha.
Quem já pegou pelo menos uma HQ do Venom ou da Gata Negra para ler, na vida, sabe que esses personagens estão intimamente ligados ao Amigão da Vizinhança. E é uma conexão que interfere diretamente em suas personalidades, poderes e até mesmo aparências. Vocês conseguem imaginar a falta que faz um simbionte com a aranha branca gigante no peito, e capaz de soltar teias?
Criar um universo compartilhado com base no achismo de que, um dia, o Aranha pode ser integrado a essa franquia é, no mínimo, burrice.
E não é a primeira vez que o estúdio se vê vítima de uma investida gananciosa. Quem não se lembra de O Espetacular Homem-Aranha 2, um filme que parecia mais preocupado em estabelecer um universo grandioso do que contar uma história boa? Aliás, esse filme é tão problemático que colocou fim à sua própria franquia, mesmo com os planos para um filme derivado do Sexteto Sinistro.
De forma geral, Venom faz a mesma coisa. E a culpa não recai diretamente sobre o estúdio, mas sim sobre Avi Arad. O produtor está no controle do Homem-Aranha há mais de duas décadas, e basicamente todas as decisões cinematográficas feitas com o personagem recaíram sobre ele. Quando a Marvel assumiu as rédeas em De Volta ao Lar, ele precisou transpor isso para os personagens que ainda estavam disponíveis.
E é justamente essa sede ao pote – e essa falta de um “rodízio” entre quem comanda essa franquia – que já condenou esse “Universo Compartilhado da Sony” desde o começo. Temos aqui uma série de ideias mal-aproveitadas, costuradas por personagens que não funcionam de modo independente, mas produzidas apenas para render o bom e velho lucro.
Os fãs não estão nada satisfeitos com isso, e continuamos sem saber se a Marvel Studios poderá, posteriormente, criar novas versões dos personagens “arruinados” nessa franquia em seus próprios filmes. Mas, se for o caso, já esperamos projetos decentes, que visem a história antes do retorno financeiro.
Abaixo, fique com imagens de Venom:
Venom está em cartaz nos cinemas.