Manto e Adaga: 1×04 – Entre o Passado e o Futuro!

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Manto e Adaga: 1×04 – Entre o Passado e o Futuro!

Por Gus Fiaux

Eu sinceramente já estou começando a ficar cansado de tanto elogiar Manto e Adaga. Vocês que acompanham as reviews sabem o quanto o começo da série foi primoroso, apresentando personagens formidáveis, ainda que o interesse e o hype da série tivesse sido relativamente baixo. Agora, três episódios depois, o novo projeto da Marvel mostrou que não há limites na inovação.

Excepcionalmente, não traçarei muitos comentários sobre a narrativa deste episódio. Tudo o que preciso dizer é que fico extremamente feliz que a série, ao mesmo tempo que sabe reinventar esses personagens, também consegue fidelizar o público de quadrinhos com uma série de decisões acertadas.

O exemplo nítido disso está no manto do Manto. Agora, Tyrone Johnson finalmente está a um passo de se tornar o herói que é nas HQs, e o visual de seu novo traje – que, conforme esperamos, deve ser utilizado em breve – já é um excelente sinal de que Manto e Adaga, diferente de outras séries de super-heróis da própria Marvel, não tem medo de abraçar suas origens.

Mas bem, falando do episódio em si, intitulado “Call/Response”, temos um jogo interessante não apenas de trama e desenvolvimento de personagens, mas também de montagem, direção e construção de expectativas.

O episódio faz questão de desenvolver os dois heróis de forma individual, mas não perde o sentido apresentado no final do capítulo anterior, onde Tyrone e Tandy finalmente se encontram em uma igreja, após passarem alguns dias se evitando. Isso ajuda a compor a mística e a química entre os dois, estabelecendo mais uma vez o jogo de contrastes que os torna tão apropriados um para o outro.

Além disso, a série consegue fazer, nessa troca de flashbacks e flashforwards, um interessante jogo de análise do presente e do futuro da dupla. As dinâmicas familiares aqui são postas mais uma vez na mesa, e o resultado final é uma construção de dicotomias que funciona muito bem ao abordar personagens tão opostos.

Manto, mesmo representando as trevas e a escuridão, é um rapaz otimista e que tenta se agarrar a qualquer traço de esperança que possui. Já Adaga, a portadora de luz, é um poço de negatividade – e é interessante ver, ao final do episódio, isso sendo quebrado, pois demonstra a influência que um tem sobre o outro.

Além disso, devo confessar que agora já estou mais confiante em relação às forças de antagonismo da série. Uso esse termo porque, a cada episódio, fica evidente que a série não terá um vilão muito nítido, mas sim uma espécie de força negativa que afeta igualmente a vida de Tandy e de Tyrone. Agora, essa força começou a exercer seu poder em uma larga escala, e a tendência é só piorar.

Cortando brevemente para a direção e a estrutura do episódio, só posso dizer que estou muito feliz com todas as decisões tomadas. Ainda que a série não tenha o maior dos orçamentos, dá pra perceber que eles compensam os efeitos visuais precários com outros recursos chamativos, que por sua vez funciona para criar uma estabilidade maior da qualidade visual. A fotografia me impressiona desde o primeiro episódio.

Mais uma vez, a música é essencial, e o cuidado tido na escolha e na inserção da trilha sonora é bem visível. Isso também diz muito sobre o trabalho de áudio na série, já que não apenas a música, como também os sons ambientes, servem para situar o público dentro da história, e não apenas no papel de espectador.

De forma geral, mais um episódio excelente. A série está se construindo de uma maneira curiosa: enquanto ainda há a expectativa para um slow burn, podemos perceber com muito mais clareza que não vai haver uma “barriga narrativa” só para compensar os dez episódios já encomendados. E essa é uma lição que todas as séries da Marvel poderiam aprender.

Abaixo, confira imagens do episódio:

Manto e Adaga vai ao ar às quintas-feiras, na Freeform. Não perca a review semanal da série aqui na Legião dos Heróis!