Hollywood e os filmes que ninguém pediu!

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Hollywood e os filmes que ninguém pediu!

Por Guilherme Souza

Nos últimos anos, tem se tornado comum uma onda de filmes que são tecnicamente ruins, cuja existência sequer faz sentido. Filmes focados em personagens pouco atraentes ou que não acrescentam nada de substancial às franquias que fazem parte.

Primeiramente, temos de esclarecer que nenhum filme é realmente necessário, afinal, ninguém pediu pela invenção do cinema, tampouco pela criação de algum filme, Hollywood simplesmente os fez. Contudo, com o passar das décadas, a indústria cinematográfica nos encantou e nos levou para lugares inimagináveis, cada vez mais surpreendentes.

Apesar de toda essa magia que o cinema nos trás, nos últimos anos, temos notado um certo esgotamento criativo da indústria, que luta para manter o público entretido e se renovar. Entretanto, essa batalha de reinvenção não parece estar dando muito certo, pelo menos no que se refere aos filmes populares e focados no público mainstream.

Não é de hoje que Hollywood produz remakes e reboots, o Scarface estrelado por Al Pacino, por exemplo, é um remake, porém atualmente eles se tornaram uma epidemia na indústria cinematográfica, sem contar os “remakes em live-action”. É claro, quando bem-feitos, os remakes são uma bela pedida, ainda mais se fazem alterações coerentes em relação ao material original e que acrescentam um frescor à produção.

Mas, pior que uma onda de remakes, é a crescente tendência de filmes derivados de grandes franquias. Atualmente, Hollywood conta com uma dezena de grandes franquias de sucesso, mas elas não são o bastante, tanto para os estúdios quanto para o público, que consome conteúdo de forma insaciável e, cada vez mais, demanda novas produções. Acontece que os estúdios acabam se aproveitando disso para entregarem produções que muitas vezes são sem substância, simplesmente porque eles não precisarão se esforçar muito para vendê-las, já que elas estarão escoradas no sucesso da franquia principal.

Um dos casos mais explícitos de “filmes que ninguém pediu”, é o derivado focado em Han Solo. É claro, o personagem é um dos mais famosos e importantes da franquia Star Wars, porém isso não significa que ele necessitava de uma história de origem sendo contada nas telonas, afinal, tudo o que os fãs precisavam saber sobre o personagem já havia sido estabelecido nos primeiros filmes da franquia e o que veio antes não agregaria muita coisa.

O pior disso, é que a Lucasfilm realmente poderia ter feito um filme derivado e focado em um personagem específico, mas o estúdio simplesmente escolheu o personagem errado para isso, já que a recepção dos fãs teria sido melhor se fosse um filme solo do Obi-Wan, por exemplo. O insucesso de Han Solo acabou resultando em um aparente replanejamento do estúdio, que decidiu voltar atrás com a ideia dos filmes derivados, o que por um lado é ótimo, mas por outro, diminui a possibilidade de vermos filmes interessantes.

Outro estúdio que passa por um problema parecido é a Fox, que sempre teve dificuldades para engrenar seus filmes baseados nos super-heróis da Marvel. Embora o estúdio tenha sido responsável por dar o pontapé inicial na popularização do gênero, não podemos negar que muita coisa ruim saiu de lá e mesmo depois de tantos anos, o estúdio ainda insiste em repetir erros do passado. Pior do que isso, é o desespero escancarado em tentar espremer até a última gota de lucro dessas franquias, anunciando filmes solo de personagens que nem mesmo nos quadrinhos eram tão relevantes. Para quem acompanha as notícias de filmes de super-heróis, sabe que estou falando do filme do Gambit, cujo lançamento já foi adiado por inúmeras vezes, mas mesmo assim o estúdio ainda insiste em levar a ideia adiante.  

É claro, o filme pode acabar sendo um verdadeiro sucesso e pegar todos de surpresa, assim como aconteceu com Deadpool e com Logan, porém um filme do Gambit entra no mesmo limiar que um filme do Han Solo: Pra quê gastar tanta energia com um personagem mediano quando poderiam investir em personagens de maior relevância?

Para finalizar nossos exemplos, devemos citar o recém-nascido SUMC (Universo Sony de Personagens Marvel), que apesar de ter começado muito bem em termos comerciais, não inspira confiança.

Desde que foi anunciado, esse universo de filmes baseados em personagens secundários do Homem-Aranha tem sido colocado em xeque pelos fãs e pela mídia, já que não faz sentido produzir filmes de personagens dependentes do Homem-Aranha sem o Homem-Aranha! Além disso, a desconfiança fica ainda maior com os anúncios dos primeiros projetos, sendo alguns deles filmes focados em Silver Sable e Loteria, duas personagens que muita gente sequer ouviu falar.

Isso claramente mostra que a Sony quer vender esses filmes através do sucesso da Marvel Studios, mesmo que as produções não apresentem consistência alguma em relação ao material no qual estão sendo baseadas.

É claro, não cabe a mim criticar os interesses dos estúdios, muito menos a quem consome esses materiais, porém é frustrante, de certa forma, vermos algumas oportunidades boas sendo desperdiçadas simplesmente por ganância. Pensem como seria melhor se todos esses personagens que estão sob controle da Sony pudessem ser usados pela Marvel, sendo adaptados de maneira correta e integrados ao Homem-Aranha. Os estúdios poderiam dividir os lucros e fazer um sucesso estrondoso, mas isso parece estar fora de questão.

A crítica toda fica por conta desse “comodismo” da indústria, que cada vez se esforça menos para entregar conteúdos originais e de relevância verdadeira. Não vou dizer que não estou animado para filmes como Aladdin ou Mulan, mesmo sabendo que verei praticamente a mesma coisa das animações originais, mas acho que se trata mais de um caso de saudosismo do que qualquer outra coisa. O apego dos fãs obviamente serve de combustível para as atitudes da indústria, mas pensem o quão aterrorizante seria um filme baseado no Chapéu Seletor, ou um focado no Amarra de Esquadrão Suicida, simplesmente porque as franquias originais se saíram bem comercialmente. 

Considerando que nada parece ter a capacidade de impedir as ideias mirabolantes de Hollywood, resta aos fãs a escolha de consumir ou não tais produções, mas será que realmente fazemos essa escolha ou nosso fanatismo e saudosismo falam mais alto, independente da qualidade do filme?

Fique com imagens de Venom, primeiro filme do SUMC, em nossa galeria: