Far Cry 5 – Entenda o final, o futuro e o passado da série

Far Cry 5 – Entenda o final, o futuro e o passado da série

Existe bom e ruim ou é tudo coisa da nossa cabeça?

Far Cry 5 chegou no PS4, Xbox One e PC, produzido pelos estúdios da Ubisoft e prometendo ser mais um game marcante em 2018. Sua história é focada na seita Portão do Éden, liderada por Joseph Seed, com área de atuação em um pequeno condado fictício, no interior dos EUA. Muitas polêmicas foram levantadas desde que o game foi anunciado, envolvendo sua história e seus antagonistas. Quando ele chegou às lojas, os jogadores puderam conferir seu enredo até o fim, o que gerou mais discussões a respeito de temas debatidos na aventura: o ser humano, insanidade e religiosidade.

Neste artigo debateremos o final, ou melhor, os finais de Far Cry 5. Apesar de serem rápidos e sem muitos mistérios, eles trazem um grande significado para a trama e para tudo que o jogador passou ao longo de sua campanha. Antes de prosseguir, fica o aviso de que trataremos de spoilers. Por isso, se ainda não terminou, é uma boa jogar até o fim antes, para depois debater conosco e entender melhor o que se passou.

 

Existe final “bom” e “ruim”?

Se você buscar vídeos na Internet com spoilers sobre a conclusão de Far Cry 5, verá que muitos classificam os dois possíveis finais como “bom” e “ruim”. Mas o conceito de diferenciação realmente existe? O maior mérito da Ubisoft, e do seu time de roteiristas, foi criar um final bem conclusivo mas que, ao mesmo tempo, deixa aberto para debates e interpretações, sem necessariamente termos como classificar se um dos dois é melhor que o outro.

Vamos falar sobre os dois possíveis encerramentos: Resistir e Ir embora, como são classificados popularmente. No primeiro, temos uma situação onde quase todo mundo morre, menos o personagem do jogador, que tem a oportunidade de iniciar uma nova vida, ao lado do líder do culto. No segundo, quase todos se safam, mas as confusões não vão parar por aí em relação a Joseph Seed, mas o personagem central consegue ir embora, são e salvo.

Por mais que os dois encerramentos sejam bem diferentes, nos dois você termina bem, ainda que, em um deles, o “bem” possa não ser exatamente o cenário ideal para todos. Por outro lado, nos dois finais, o jogador também “perde”. Não há um “Game Over”, mas existe o conceito de que sua missão, de certa forma, falhou, qualquer que seja o cenário

Vamos detalhar estes pontos, a seguir.

 

Por que resistir?

Na primeira possível conclusão, temos Joseph Seed contido e sob a mira das armas de todos os agentes da lei, derrotado e sem ninguém para salvá-lo. O homem, extremamente religioso, dá a ordem para que você vá embora, pois ele te oferece perdão – mantendo uma certa coerência, com certos dogmas cristãos. Mesmo após tudo o que você fez em Hope County para sua família e seus entes queridos, o homem ainda quer te dar mais uma chance.

Porém, o agente, seu personagem, faz a prisão e tenta levar Joseph Seed. Enquanto isso, bombas nucleares explodem ao seu redor. Esta seria uma possível conclusão da profecia de Seed, de que ele é o profeta que vai salvar a humanidade do fim apocalíptico, ainda que também exista a possibilidade de que o próprio detonou as bombas, como um tipo de último recurso para se safar, com um bom bandido que é.

Ao tentar escapar de carro, sua equipe perece em uma batida, enquanto o personagem do jogador é resgatado por Seed, que o leva para o bunker onde iniciou sua aventura. Ora, no final das contas, o líder da seita realmente lhe deu uma segunda chance, te permitindo começar uma nova família, agora adotando o sobrenome de “Seed” e, possivelmente, reerguendo o culto Portão do Éden no local, por mais que esteja devastado e queimado.

A partir daí não sabemos o que ocorre e logo vemos a cena encerrar, cabendo interpretações. Por mais que soe doentio, o personagem do jogador se salvou e vai viver para lutar mais um dia. Ou seria para pregar mais um dia?

 

Por que fugir?

A segunda possibilidade de final se inicia justamente como na primeira, com Joseph Seed rendido e sob a mira de várias armas. Ele faz o mesmo discurso sobre perdão e esquecimento e te dá a chance de ir embora, sem mais problemas. O agente resolve acatar a “ordem” e convoca seus amigos para deixar Hope County, deixar que “os malucos se resolvam”.

Dentro do carro, porém, seu superior revela que as forças da lei voltarão, com a guarda nacional, para impedir Joseph Seed e seu culto de proliferar nos EUA. É quando o xerife liga o rádio e toca a música “Only You”, do The Platters. Ao longo do game, ela foi usada para criar uma lavagem cerebral no agente. A tela fica vermelha e, em teoria, seu personagem foi ativado para lutar em prol de Joseph Seed e vai matar todos no veículo.

Neste final, novamente, o agente termina a história vivo (ou viva), o que também indica uma vitória em termos de conclusão de game. Ainda que, da exata mesma forma que no outro, você finalize o enredo ao lado de Joseph Seed, como seu novo aliado, ou até pior, como membro da família que lidera a seita.

Se você parar para pensar, voltar um pouco na história e lembrar de pontos específicos, tudo estava se encaminhando para isso, nós é que não percebemos. Far Cry 5 tem sua narrativa construída de maneira que coloca o jogador como um espectador de fora, por mais que atue de maneira direta no combate ao culto de Joseph Seed. Você está lá, seguindo ordens de pessoas que não são próximas a você, aceitando verdades que vêm de todos os lados, sem ter tempo de pensar sobre o que é, de fato, mais próximo do que o mundo representa naquele sentido.

 

Definindo o futuro de Far Cry

O que Far Cry 5 faz com os dois finais é formalizar dois argumentos sobre a série. O primeiro é de que, ainda que seja um jogo de tiro em primeira pessoa, ele tem como principal objetivo tratar de pessoas insanas, em um nível bem extremo. Assim como Pagan Min e Vaas Montenegro, Joseph Seed não é nem um pouco são, por mais que suas ideias tenham firmeza em sua própria crença. Ele é um louco como todos os antagonistas anteriores e isso o game deixa bem claro.

A narrativa também define o futuro da saga. Três games depois – descontando Far Cry 1 e 2 – a série te coloca já com a ideia de que, de certa forma, esta não é uma aventura com finais felizes, em geral, mas sim um enredo que te traz a ideia de aceitação do destino ruim, para mostrar que nem sempre há escapatória, e isso é assustador. Lembrando de conclusões dos jogos do passado, é correto afirmar que nem sempre ele termina bem para o jogador, mas ao menos termina. Há um ponto final, uma conclusão que te faz pensar e isso, no mundo de hoje, é algo raro e motivo de comemoração.

 

Fique ainda com nossa galeria de Far Cry 5: