Entrevistamos Ricardo Juarez, o dublador do Kratos em God of War!

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Entrevistamos Ricardo Juarez, o dublador do Kratos em God of War!

Por Felipe Vinha

Ele já foi muito conhecido por dublar o Johnny Bravo, do desenho animado, mas sua fama se estende também por diversos outros filmes e games. Presente em League of Legends como Draven e Hecarim, em Overwatch como Zenyatta e em Injustice 2 como Hellboy, Ricardo Juarez também é a voz oficial do Kratos em God of War, mais recente título da série da Sony, para o PS4.

Após a correria do lançamento do jogo, depois de participar de alguns eventos e interagir com os fãs, Juarez falou com a Legião dos Heróis sobre seu trabalho na nova aventura de Kratos, agora ao lado de seu filho, Atreus, e o bate-papo, na íntegra, você pode ouvir abaixo. Em seguida, destacamos os principais pontos abordados na entrevista.

Ouça:

Durante o bate-papo Juarez comentou, principalmente, sobre sua preparação para viver Kratos. Como sabemos, o guerreiro espartano está mais velho, com uma voz mais robusta e carregada – ainda mais. Por conta disso, mesmo antes de ser confirmado no elenco de dublagem do game, como uma aposta, ele fez um preparo profissional, por conta própria, para poder lidar com o novo estilo do personagem.

“Eu procurei uma fono especialista em atores e falei: olha, minha voz natural é essa aqui. Eu preciso que ela soe mais seca, mais envelhecida, mais brutal, mais sem paciência. Então nós trabalhamos várias técnicas de dublagem, ao longo de um ano, mais ou menos, para chegar na voz que vocês vieram, nesse novo God of War. Eu fiz por conta própria, ninguém me sugeriu ou me falou que você deve fazer. Eu não sabia de nada, fui na fé, deixei nas mãos de deus, ou melhor, de Zeus, ou Odin, você escolhe!”

Ricardo Juarez também comentou com a Legião sobre o tempo que levou para terminar o processo de dublagem, detalhando ainda os pormenores do trabalho:

“Eu acho que levou entre 10 e 14 dias. Sendo que não foi direto. Eu gravava dois dias, ficávamos 20 dias aguardando chegar um novo material. E é tudo em São Paulo. Eu não vou mentir e falar que foi tranquilo. Não, foi cansativo. Tinha dia que eu gravava e tinha que voltar para o Rio e eu tinha gravação aqui. Às vezes o cansaço batia mas eu falava: não, vai embora pois eu tô gravando aqui o jogo da minha vida. Não posso deixar que você me atrapalhe. Aí eu ficava lavando o rosto. Café não é uma solução, pois café causa muito pigarro e atrapalha fazer um pouco esse timbre que eu usei no personagem. E aí saía de lá às vezes e voltava de avião, pois eu tinha gravação aqui [no Rio]”.

E como foi viver um Kratos “mais velho”? Ricardo Juarez tem 47 anos. Durante a entrevista, não tínhamos a informação em mãos, mas o guerreiro de esparta, neste novo God of War, tem nada menos que 1300 anos, imortal como é, contabilizando suas passagens pela Grécia antiga.

“Tive que adaptar o tipo de interpretação. Ele fala mais divagar mas ele ainda tem aquelas explosões de raiva. É um papel, é um personagem. Um homem bruto, um homem cansado, que já teve a vingança dele. Aquilo é um papel, um personagem que você tem que interpretar através da voz. E quem jogou, quem já zerou, percebe, em vários momentos, que não é mais aquele Kratos. Ele está mais doce, em alguns momentos, mas vai dando várias nuances, de ficar um pouco mais doce em alguns momentos, em outro ele tá mais emotivo, em outro ele tá mais raivoso, a voz dele não é o tempo todo assim, como se estivesse falando com muita raiva”, complementou Juarez, imitando o personagem, nesta última parte da frase.

Entre todos os momentos de God of War, Ricardo Juarez também define o que foi o mais emocionante durante os trabalhos:

“Tem vários momentos. Como você sabe, não temos imagem, mas teve um momento em que o Kratos fala: abra a porta, vamos entrar, me ajude. Ele está com Atreus nos braços. Eu lembro que aquilo me marcou bastante. Você vê, realmente, que ali, naquele ponto, que não é aquele Kratos. Eu já estava percebendo, desde o começo, que já havia mudado. Mas eu nunca vi o Kratos desesperado. Eu nunca vi o Kratos agindo dessa forma. Ele é sempre ‘mata mata mata, se vinga’. Ele está mais humano, mais sentimental. Continua com aquele lado brutal dele. Isso fica bem claro. Mas eu acredito que foi esse momento que ele está com o Atreus desmaiado nos braços. Naquele momento eu pensei em familiares, em pessoas que eu gosto. Para passar aquele desespero”.

A Legião dos Heróis agradece a Ricardo Juarez pelo seu tempo e esperamos ver mais do seu trabalho por aí!

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