Como skins e derivados estão transformando os jogos!
Como skins e derivados estão transformando os jogos!
Detalhes que fazem diferença sim.
Você já jogou algum game que permitia customização? Seja da aparência do personagem, seja dos equipamentos, seja dos carros na sua garagem virtual… Pelo menos um título com esses recursos já deve ter passado pelas suas mãos. Porém, vale lembrar que, embora customização seja uma palavra chique e requerida nos videogames hoje em dia, ela sempre esteve presente nessa indústria.
Pelo espectro romântico da história, a customização se faz presente como uma forma de game design, para que os jogadores se identifiquem e/ou criem uma identidade visual própria dentro do jogo, assegurando assim um tipo de “território para chamar de seu”. Com isso, não apenas expressamos e/ou refletimos nossas atitudes e pensamentos, como desejos e ideias. É uma forma automática de projeção de nossos subconscientes e inconscientes.
Expandindo e expandindo e…
Imagine as tardes que já gastou jogando Need for Speed: Underground e personalizando todos os carros que tinha na coleção. Para deixar todos eles velozes (e furiosos), cromados e rebaixados, era preciso correr e correr e correr nas pistas, vencer os desafios, terminar os modos de jogo… Enfim, fazer tudo que o jogo oferecia. Quanto mais tempo investido, mais itens se ganhava.
Com jogos de luta, como Mortal Kombat, The King of Fighters ou Street Fighter também era mais ou menos assim. A obsessão começava com obter todos os bonecos secretos primeiro. Depois, as cores alternativas das roupas, e assim por diante. O importante era continuar jogando sempre que possível e quanto mais se jogasse, mais recompensas se tinha.
Daí em 2006 a Bethesda resolveu arriscar algo interessante, datando uma das primeiras vezes que os jogadores puderam comprar por cosméticos. A desenvolvedora lançou um pacote para The Elder Scrolls IV: Oblivion que oferecia diferentes visuais para as casas, bem como variadas armaduras para o cavalo do jogo pela bagatela de US$ 1,99. A tática foi criticada, mas deu certo. E foi se expandindo e evoluindo até culminar no atual cenário.
Aparência x Conteúdo
Voltemos um pouco às roupas de personagens em jogos de luta que, antigamente, ofereciam apenas uma variada gana de cores alternativas. Isso mais tarde, com títulos mais recentes, se expandiu para trajes alternativos que homenageiam algo ou alguém específico que podem ser adquiridos, na maioria das vezes, à parte do jogo base.
Esse conceito dos trajes que referenciam alguma outra série ou jogos antigos da mesma franquia, inclusive, se expandiu para jogos de RPG. Em Persona 5, há um pacote disponível na PlayStation Store, que custa praticamente o mesmo valor do jogo cheio, só que esse “bundle” oferece apenas roupas e trilhas sonoras alternativas para os personagens, todos baseados nos games anteriores da série.
Final Fantasy XV também contou com um evento que adicionava roupas, itens e missões retirados diretamente de Assassin’s Creed, já que a Square Enix e a Ubisoft fizeram uma breve parceria; e Monster Hunter World tem um crossover agendado com Final Fantasy XIV.
Em casos mais graves, há ainda os itens limitados, cujo acesso só é conseguido com a realização de uma determinada tarefa (como, por exemplo, jogar Heroes of the Storm e ganhar pelo menos cinco partidas para conseguir um traje em Overwatch); ou ainda quando o jogador compra uma edição especial do jogo.
Mais recentemente, a Blizzard até fez uma maratona em seu canal oficial do Twitch e, quanto mais tempo os jogadores passassem assistindo (depois de efetuar login com suas credenciais da Battle.Net), mais itens limitados ganhavam; tudo para promover uma temporada baseada em uma personagem.
E por fim, o recém-lançado Marvel’s Spider-Man terá uma infinidade de trajes para o Homem-Aranha – algumas delas, disponíveis apenas nos conteúdos bônus por download (DLC). Existe um limite para a expansão de cosméticos, mas ele claramente está longe de ser alcançado. Em especial porque isso gera lucro. E bota lucro nisso.
Que comecem as apostas
O fenômeno dos cosméticos, isto é, skins, armas, sprays e qualquer outro item colecionável, não é exatamente uma novidade na indústria dos jogos, mas está chamando cada vez mais atenção pelos valores absurdos que levanta. Basicamente porque os jogadores dedicados costumam ir atrás desses adicionais. Seja pela diversão, pela obsessão ou por ter grana sobrando para gastar, não importa como, sempre terá alguém que vai tentar adquirir tudo.
Comece traçando a magnitude desse assunto pensando pelo seguinte: existe um mercado de cosméticos dentro do mercado de jogos, e em valores, um se sobressai ao outro constantemente, mas não vivem independentemente.
E apenas para se ter uma noção do quão absurdo são os lucros, considere que apenas no Brasil existem 66,3 milhões de jogadores e a receita no país somente em 2017 foi de US$ 1,3 bilhão nesse mercado. Globalmente, você pode verificar os dados na imagem logo abaixo.
Agora, considere que apenas Counter Strike: Global Offensive movimentou mais de 5 bilhões de dólares e que boa parte dessa receita provém de apostas. Sim, apostas. Existe um outro mercado dentro do de cosméticos onde usuários apostam skins, armas, sprays e demais itens raros, valendo dinheiro de verdade – e eu nem vou entrar no mérito das criptomoedas.
O ponto é: para o bem ou para o mal, os cosméticos são o que estão fazendo uma das principais engrenagens da roda girar. Afinal, eles não apenas aumentam a vida útil do jogo como mantém o interesse dos jogadores pelo produto por muito mais tempo – seja lá o que for exatamente esse interesse.
Tabelando a vaidade
O gerente de produção da Riot Games, Adriaan Noordzij, uma vez soltou a seguinte frase: “A vaidade não tem um limite de preço”. E isso é muito verdade. As microtransações estão aí para provar por A + B que isso é um fato.
E não, não estou falando das microtransações abusivas como as de Star Wars: Battlefront. Esqueça esse assunto, não é o foco dessa vez. Ao invés disso, vamos enfatizar aqui as lootboxes, aquelas caixas com itens aleatórios que não interferem no jogo de um modo geral.
Essas em específico, são disponibilizadas como recompensa ou como vaidade, dependendo de como você as encara e/ou luta par adquiri-las. Afinal, existem duas formas de conseguir as lootboxes: ganhando-as de vez em quando com algum esforço acumulado, ou simplesmente comprando-as com dinheiro real nas lojas do jogo. Sim, comprar.
A época de se investir tempo jogando já passou para muitos. Mas como sustentar a obsessão de se conseguir todos os cosméticos constantemente lançados por desenvolvedoras como a Epic Games e seu Fortnite? Basta clicar em um botão/link, colocar os dados do cartão de crédito, finalizar a compra e tentar a sorte.
É como um jogo de azar, um círculo vicioso, já que a chance de o jogador conseguir os itens que deseja comprando lootboxes é baixa. E ele não vai parar para botar os gastos em um papel, ao menos não imediatamente. O que importa é conseguir as skins, os sprays, as poses, as falas, as tacticool (armas personalizadas), etc.
E assim caminha a humanidade.
Fique com uma galeria de Marvel’s Spider-Man: