Agentes da S.H.I.E.L.D.: 5×22 – O Dia em que a Terra Parou!
Agentes da S.H.I.E.L.D.: 5×22 – O Dia em que a Terra Parou!
Um conflito de emoções muito forte.
Atenção: Alerta de Spoilers!
Bem, o dia finalmente chegou. Após meses de antecipação, a quinta temporada de Agentes da S.H.I.E.L.D. encontrou seu derradeiro final, e pudemos enfim testemunhar o confronto letal entre Tremor e Graviton, pelo destino da Terra, e todas as repercussões que isso traria para o Universo Cinematográfico da Marvel, especialmente considerando a relação com Vingadores: Guerra Infinita…
E, no fim das contas, devo confessar que, apesar de ter sido um excelente episódio, eu me sinto decepcionado.
A realidade é que S.H.I.E.L.D. sempre foi, para mim, a peça mais brilhante na coroa desse universo compartilhado. Enquanto os filmes sempre se esforçaram em compor uma narrativa independente, culminando em algo maior, a série sempre foi uma espécie de base por onde flui esse mundo, mesmo nas temporadas onde sequer citava eventos do cinema – como a anterior, que julgo como sendo a melhor até agora.
Por conta disso, é impossível não se sentir nem um pouco emocionado com os eventos de “The End”. A quinta temporada já estava sendo preparada como a última da série, e de certa forma, esse episódio contribui para a noção de que a ABC e a Marvel TV só decidiram renovar a série aos 40 minutos do segundo tempo.
Aqui, vemos um pouco de tudo, que nos lembra porque nos apaixonamos tanto pela série. Temos Coulson com seus discursos emocionalmente carregados, May sendo a maior badass do pedaço nas cenas de ação, FitzSimmons sendo adoráveis e necessários para a resolução, Mack e Yo-Yo provando seu valor e, claro, Daisy mostrando que nem todo super-herói precisa estar nas telonas.
E, ainda assim, há algo faltando. Algo que não deixa nós analisarmos a temporada como única e independente.
E sim, se você viu o episódio, sabe que parte do que estou falando tem a ver com os eventos de Guerra Infinita.
Pouparei os elogios técnicos nesta review. Pretendo fazer uma crítica da temporada, onde poderei detalhar com mais atenção o mecanismo e as engrenagens por trás de Agentes da S.H.I.E.L.D.. Por enquanto, precisamos falar da narrativa, e como ela compôs a temporada mais agridoce da série até aqui.
O episódio final começa de forma bem impactante: os agentes, como era de se esperar, precisam quebrar o loop temporal. Para isso, eles precisam tomar uma decisão: ou salvam Coulson, ou salvam o mundo. É óbvio que escolhem a primeira opção, afinal de contas, isso aqui ainda é uma família – mesmo que Coulson recuse essa salvação no último segundo. Assim sendo, Daisy parte para o conflito contra Graviton, que está causando o maior caos imaginável em alguma cidadezinha sem nome dos Estados Unidos.
Por outro lado, May, Mack e Fitz vão investigar os escombros da nave da Confederação, onde precisam recuperar Robin e sua mãe. Conversa vai, conversa vem, alguns aliens aparecem, e finalmente temos a resolução de tudo: Daisy, usando o soro da Centopeia, manda Talbot para o espaço, enquanto Fitz acaba sendo ferido em uma onda sísmica.
E é aqui que meus problemas começam.
Em primeiro lugar, a morte de Fitz simplesmente não faz sentido. O que quero dizer com isso é: beleza, em níveis dramáticos, matá-lo seria um recurso simples e direto. O problema são as ramificações que isso causa. Sabemos que Simmons e os outros agentes vão tentar recuperar a versão que está vagando por aí junto de Enoch, mas se a teoria da viagem no tempo apresentada na série for verdadeiro, isso desfaria todos os eventos da quinta temporada.
Como? Simples. Fitz não poderia resgatar seus amigos no futuro, e consequentemente, eles não poderiam retornar para o presente. Só a noção disso acontecendo, cria um baita de um paradoxo, que é o suficiente para mostrar que não é a melhor trama possível para apresentar na série. Pelo menos, não após uma temporada que nem conseguiu sustentar sua própria trama de viagem no tempo.
E a morte de Fitz leva a outro problema grave: Deke. Vejam bem, há uma regra narrativa que diz que, uma vez que algo é apresentado, é necessário lhe dar uma resolução. E no caso de Deke, essa resolução nunca veio. Seria até desonroso para o personagem – que já nem era lá grandes coisas – fazer com que o diálogo entre ele e Daisy sirva para concluir sua jornada na série.
Ou seja, é mais fácil acreditar que o personagem simplesmente foi esquecido no churrasco, e que os produtores sequer se lembraram dele durante o final, o que meio que inviabiliza toda a missão dos agentes de quebrar o loop temporal – já que ele era a própria representação disso.
E, por fim, temos um problema gravíssimo, que muitos vocês já devem saber:
O completo F#D@-SE que a série deu para os eventos de Vingadores: Guerra Infinita.
Eu sempre fui o tipo de pessoa que nunca se prendeu a essa noção nociva de que as séries e filmes precisam estar conectados o tempo todo. Para que uma obra audivisual se sustente, é necessário um mínimo de independência, e isso significa que uma não pode ser apenas derivada da outra.
Ainda assim, é extremamente desrespeitoso, com essa noção de universo, ignorar eventos que mudam toda a estrutura de uma franquia, sem dar a menor explicação.
O que acontece no episódio é desumano, já que o tempo todo ficamos esperando para ver alguns personagens se transformando em pó. E por que isso acontece? Porque os últimos três episódios insistiram em fazer referências ao ataque de Thanos.
Bastava dizer que toda a temporada se passava um pouco antes do filme, e que os eventos não afetariam a série aqui. Mas, ao reconhecer Thanos, o ataque à Nova York e vários outros elementos do filme – além da insistência dos produtores em dizer que o final teria ligações com o longa –, a série abre margem para que o fã espere alguma conexão. E no final, é como se tudo tivesse lindo e maravilhoso, e metade do universo ainda se mantivesse intacto.
Isso é decepcionante de uma forma amarga – e me surpreende muito como a Marvel ainda mantém-se na insistência de dizer que tudo faz parte do mesmo universo. Claramente não faz. E não é preciso ver a ausência desses personagens nos filmes para notar isso. Simplesmente não há interesse, corporativo ou narrativo, de ligar uma coisa à outra, e a impressão final é que o fã está sendo feito de trouxa toda vez que assiste um episódio, na promessa de que tudo coexiste.
E isso, por fim, me faz reiterar: seria melhor separar de vez esses universos. Deixe a série em um mundo a parte, e os filmes em outro. Pois chegamos ao ponto em que a falta de referência e ligação é muito mais do que uma “diferença na agenda de planejamento”. É puro e simples desrespeito com os fãs.
E é curioso dizer isso, porque eu realmente achei o episódio excelente dentro do que ele se propõe a fazer. Seria incrível se fosse o final da série, e tirando os defeitos na morte de Fitz e no sumiço de Deke, dá para construí-lo como um encerramento à altura da série – só a cena de Coulson e May no final, mesmo com uma tela verde horrível, me fez chorar muito.
Mas, é justamente pela falta de noção de franquia que um episódio maravilhoso, de uma boa temporada, acabou se tornando tão frustrante para mim. E o pior é reconhecer que, daqui a um ano, a série só retornará depois de Vingadores 4, e provavelmente vai ignorar o lançamento dos dois filmes, como se eles nem existissem.
Até lá, nos resta esperar que Jeph Loeb ou qualquer outro executivo tenham os colhões necessários para bater o pé e dizer: “Não está tudo conectado.”
Abaixo, veja imagens da série:
Agentes da S.H.I.E.L.D. retorna em 2019.