A crescente representatividade nas telinhas e telonas e a importância disso!
A crescente representatividade nas telinhas e telonas e a importância disso!
Reflexões e opiniões sinceras. Não levem para o pessoal.
Demorou cerca de 55 anos para que um ícone das televisões britânicas, o Doctor Who, finalmente reencarnasse como uma mulher. 12 regenerações depois (e algumas outras obscuras aqui e ali) e temos a primeira Doutora, vivida pela incrível Jodie Whittaker.
Marvel’s Agents of S.H.I.E.L.D. tem como protagonista Daisy “Skye” Johnson (ou Terremoto se preferir), interpretada por Chloe Wang, mais conhecida como Chloe Bennet, uma atriz americana que tem raízes chinesas.
Para o próximo crossover do Arrowverso, intitulado “Elseworlds” e que contará com a estreia da Batwoman, teremos Ruby Rose encarnando a figura em questão. Ela será a primeira super-heroína abertamente gay das telinhas.
E por fim, temos o Raio Negro, que a princípio havia aposentado sua carreira de super-herói, mas depois de alguns eventos envolvendo sua família se vê obrigado a retornar à ativa, ganhando vida nas telinhas através do astro Cress Williams.
O prazer e o orgulho de ver esses diferentes tipos de pessoas assumindo super-heróis variados e como protagonistas em seus próprios show não tem tamanho, mas pode ter um nome: representatividade. E é gratificante que isso esteja acontecendo nas grandes mídias, mesmo que ainda esteja avançando a passos de formiga – mas é assim que caminha a humanidade, já dizia a música.
Nos últimos anos tem ocorrido um crescente aumento de atores e atrizes de variadas vertentes sociais em papeis maiores (em especial como protagonistas) em obras de super-heróis e/ou de ficção científica. Mulheres, negros, asiáticos (ou descendentes de), membros da comunidade LGBTQ+… E a tendência é que aumente.
Com a chegada da Rey de Daisy Ridley, Finn de John Boyega, Poe Dameron de Oscar Isaacs e a Rose de Kelly Marie Tran nos dois últimos episódios numerados de Star Wars, uma das maiores franquias cinematográficas do mundo; as pessoas começaram a abrir um pouco mais os olhos para a representatividade nessas mídias.
Afinal, tivemos a partir de então uma mulher, um negro, um cubano e uma asiática, respectivamente, em papeis de protagonistas, lutando contra os caucasianos da Primeira Ordem (todos as principais figuras antagonistas são brancos, perceba bem).
Não que a batalha para trazer mais representatividade não existisse antes, muito pelo contrário. O primeiro super-herói de sucesso das telonas representando a Marvel, por sinal, foi Blade, o caçador de vampiros vivido por Wesley Snipes, em 1998. E 20 anos depois, em 2018, tivemos Pantera Negra, um estrondoso sucesso e que abriu as portas para mais discussão ainda sobre a abordagem da cultura negra nos cinemas.
Isso significa que esse papo de representatividade já foi amplamente discutido, debatido e defendido ao longo das décadas, mas parece que as pessoas começaram a abrir os olhos para isso somente agora – ou a dar devido valor a isso agora? Aliás, não apenas as pessoas, como as empresas também, ainda bem. E todos saem ganhando com isso, no fim das contas.
A menininha que vai assistir ao filme da Mulher-Maravilha e quer se espelhar nela a partir de então, vai poder comprar as bonecas inspiradas na super-heroína. E se ela quiser ser apenas uma princesa também, e não necessariamente uma Amazona, ela pode ser isso também – ou pode ser só a Amazona ao invés da princesa.
Lembrando que quando Xena: A Princesa Guerreira estreou em 1995 e foi exibido até 2001, o mesmo se aplicava: as crianças, adolescentes e mulheres (e homens também, por que não?) que queriam se inspirar na personagem, podiam escolher se queriam ser apenas a princesa ou a guerreira e vice-versa.
A representatividade traz essa mágica: a partir do momento que você vê alguém ou algo que represente seus ideais, suas morais, sua etnia ou sua raça, você se sente mais à vontade pra exprimir seu verdadeiro eu; expressar do que realmente gosta ou o que quer ser. É um aspecto importante da sociedade, pois eleva o indivíduo, suas capacidade e sua voz em meio ao coletivo.
Então, da mesma forma, o garotinho que fica maravilhado depois de ter assistido Luke Cage, por exemplo, vai querer certamente expressar esse contentamento e admiração comprando action figures do super-herói em questão, podendo estender isso para as HQs e enfim, consumindo cada vez mais o produto.
Representatividade, portanto, não é mimimi. Não é vitimização. Não é querer chamar atenção. É, na verdade, servir aos diferentes gostos, das diferentes pessoas que consomem estas mídias, e pensam e vivem de diferentes maneiras, pois somos todos diferentes – ainda bem, pois que chato seria se fossémos todos iguais.
E antes de dizer “ah, mas…”, pense na quantidade de super-heróis “padrões” já existem. E há quanto tempo eles já estão por aí. Pois é, uma grande parcela já está bem servida. Talvez seja hora de dar mais espaço para outros agora.
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