Legion: 1.06 – Eu tô confuso e quero respostas!
Legion: 1.06 – Eu tô confuso e quero respostas!
Quando o Capítulo 5 de Legion terminou, havia uma pergunta que simplesmente não saía da minha cabeça e ficou ali, esperneando, por uma semana inteira: E se tudo que a série apresentou até aqui não for real?
O episódio desta semana pôs fim à dúvida, mas levantou outras questões: Quem está no controle? O que está acontecendo?
Legion tem trabalhado com perspectivas diferentes desde que estreou. Mesmo que David seja o protagonista, o foco alterna entre os personagens para que dúvidas sejam colocadas em momentos certeiros e nossa noção de realidade seja questionada. Entretanto, por mais que a questão estilística da série e a importância do tom setentista comecem a fazer sentido, há perguntas mais urgentes a serem respondidas.
Capítulo 6 basicamente tira todo o foco de David e mostra Syd como a heroína, sendo, aparentemente, a única personagem ciente de que o retorno à Clockworks não é real. Ainda assim, em meio a confusão, existem vislumbres que continuam o episódio anterior, mas nada que seja realmente relevante para a trama, afinal, esse não é o objetivo aqui. Ponto pra direção de Hiro Murai, que, apesar da quebra de ritmo em relação aos episódios anteriores, conseguiu entregar um resultado excelente, seja nos pontos técnicos ou na narrativa.
Se em alguns dos episódios anteriores as cenas musicais pareceram fora de contexto, em Capítulo 6, a sequência que mostra Lenny dançando enquanto alterna entre as memórias de David, devastando o que resta de suas lembranças é fenomenal, pois além de conversar com o que foi estabelecido nos episódios anteriores, também mostra um nova faceta de Lenny. Além do mais, a trilha que acompanha o desastre é a versão remixada por Bassnectar de Feeling Good, de Nina Simone.
Lenny – ou o Rei das Sombras como confirmado pela prévia do próximo episódio – assume em Capítulo 6 um papel de psiquiatra, usando sua influência para moldar os pensamentos dos pacientes. É como se eles ainda estivessem dentro das memórias de David, mas Syd fosse a única pessoa livre. Isso explica o motivo de Lenny insistentemente forçar a garota em tarefas indesejadas, deixando claro que ela precisa tirar Syd do jogo para conseguir ter controle total sobre David e seus poderes. O Legião está claramente aprisionado e somente o amor de Sdy é capaz de libertá-lo. Poético, mas nem tanto, porque Legion não é sobre finais felizes, é sobre devaneios.
Aplausos para a atuação mais uma vez fantástica de Aubrey Plaza, que a essa altura é indiscutivelmente a melhor atriz da série. O monólogo final é absurdo e ambíguo, de um jeito bom, e termina com David preso dentro de sua própria mente. Ambiguidade, aliás, que gera um dos momentos importantes da série, o Rei das Sombras sabe quem é o pai biológico do Legião, deixando implícito que os poderes do personagem foram o motivo do abandono, como se seu pai quisesse protegê-lo do vilão. Se nesse aspecto a série vai seguir os quadrinhos ou trazer algo novo ainda é um mistério.
Os personagens secundários também tiveram um pouco mais de aprofundamento em Capítulo 6. Descobrimos sobre o passado de Ptonomy e vimos a relação de Kerry e Cary ficar cada vez mais interessante. Entretanto, o que realmente me chamou atenção no episódios foi como, mesmo oculto, Oliver Bird continua desempenhando um papel fundamental. Parece que após seu encontro com David, ele quer ajudar o mutante a se desprender do controle do Rei das Sombras.
Ainda restam muitas perguntas a serem respondidas e as soluções não parecem ser fáceis. De um jeito ou de outro, Legion vai ter que errar feio em seus dois episódios finais para não se firmar como uma das melhores séries em exibição, deixando todo o âmbito de super-heróis de lado.
Legion é exibida pelo FX Brasil todas as quintas-feiras, às 22:30.
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